O palco do 30º Prêmio Vladimir Herzog não poderia ser outro senão o simbólico Tuca, histórico anfiteatro da PUC-SP. Este ano, o evento teve caráter ainda mais especial, pois a Declaração Universal dos Direitos Humanos está completando 60 anos. Também foi entregue o 4º Prêmio Vladimir Herzog de Novos Talentos.
Cheguei pouco antes da entrega dos prêmios começar, com um certo frio na barriga já que fiz poucas entrevistas em minha curta carreira jornalística. Minha intenção era entrevistar Zuenir Ventura, jornalista e escritor que atualmente é colunista na Revista Época e do jornal O Globo, mas em meio a tantos jornalistas renomados – como Caco Barcellos, Carlos Dorneles, Adriana Araújo, Ricardo Kotscho, entre outros – é impossível não entrevistar mais pessoas.
Mesmo chegando cedo, só tive a oportunidade de conversar com Zuenir após a entrega de prêmios. Apesar de começar a entrevista apreensivo, logo me soltei, pois Ventura é uma pessoa muito simpática e atenciosa. Ele concordou em conversar um pouco comigo.
Minha primeira pergunta foi em relação as expectativas de Ventura quanto à nova geração de jornalistas. Zuenir me respondeu que está otimista com as novas gerações, pois esta tem maior acesso à informação e às novas tecnologias, ajudam bastante na comunicação.
Depois perguntei sobre a ditadura militar no Brasil. Eu cresci ouvindo de meus avós que na época da ditadura, não havia corrupção e violência, e quis saber o que Zuenir pensa a respeito disso. Ele explicou que este tipo de pensamento é uma ilusão que a ditadura fez o povo engolir e que a liberdade é o maior bem que nós temos.
Ventura tinha acabado de receber o Prêmio Especial da ONU, era evidente sua alegria, sua felicidade naquela noite tão especial. Continuei a conversa perguntando se apesar de ser um jornalista experiente, e de já ter ganho um Prêmio Vladimir Herzog, em 1989, ele ainda se sentia nervoso em grandes eventos e premiações. Com muito bom humor, Zuenir me respondeu que não importam os anos de experiência, receber prêmios sempre será especial e o famoso “friozinho na barriga” será presença certa.
Para finalizar – até porque outros estudantes queriam entrevista-lo, também, e já estavam me olhando de cara fechada – perguntei se ele tinha algum recado para mandar aos alunos de jornalismo. Em tom de despedida, Zuenir cobrou: que as próximas gerações de jornalistas sejam mais éticas, e que possam banir o sensacionalismo do jornalismo atual.
Agradeci sua atenção e encerrei a entrevista. Foi uma experiência incrível, uma honra enorme conversar com uma lenda viva do verdadeiro jornalismo brasileiro.
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