A Paróquia Nossa Senhora di Casaluce abre o calendário das Festas Italianas em São Paulo, e em clima de Tarantela conferimos de perto a 108º Festa di Casaluce.
Ao passarmos pela Rua Caetano Pinto, no bairro do Brás, se torna quase impossível imaginarmos que aquela rua repleta de fábricas e empresas, à noite vira uma festa. Ali impera a alegria com direito a barracas, comidas típicas, e shows ao som de Tarantela.
Ás 20h do dia 25 de maio, no meio da Caetano Pinto, na Festa di Casaluce, entre molhos, pizzas, sardellas, envolvidos na alegria contagiante em que as mamas e os colaboradores da festa nos recebiam, iniciamos a reportagem.
Logo começamos a fazer algumas fotos. Eram poses de todos os lados, dava vontade de beijar aquelas italianas, aquelas pessoas que trabalham de graça e com um ar de dever cumprido para a comunidade de Casaluce. Talvez esse seja um segredo entre amador e profissional, nem todos os profissionais exercem sua função por amor, alguns visam somente o dinheiro, enquanto o amador realiza seu gesto acima de tudo por amor, não têm nexo se fazer o que não gosta de graça!
Em uma festa típica italiana, encontramos um público do mais diversificado, em São Paulo um coração pulsando tradições. São italianos, nordestinos, brasileiros, brancos, negros, asiáticos que fazem parte desse momento, um patrimônio cultural vivo no coração da cidade.
Em meio a uma conversa descontraída com o Padre Antonio Fusari, que veio da Itália aos 27 anos, ele nos contou que na década de 1970, em apenas sete meses, restaurou a pequena igreja de Nossa Senhora di Casaluce e permaneceu na Paróquia durante 22 anos. Todo esse tempo dedicou sua vida a Comunidade do Brás.
Atualmente é responsável por outra Paróquia, na Vila Mariana, mas no seu olhar e espírito de menino deixa implícito o amor que têm pela Comunidade de Casaluce.“O sucesso de minha permanência em Casaluce foi começar com gestos humanitários, eu atendia às famílias e ajudava fornecendo alimentos, enfrentava aquelas grandes enchentes da época para levar um pouco de consolo, fazia o percurso de ônibus, nunca fiz questão de ter um carro para não escandalizar o povo. Todo dinheiro arrecadado nas festas de Casaluce eram revertidos em benefício à Comunidade”.
Hoje, a festa italiana mais antiga de São Paulo, com mais de um centenário de vida, vêm enfrentado sérios problemas, devido a inúmeros fatores. Não sobra dinheiro nem para terminar as obras da Paróquia, já faz três anos que as obras estão paradas.
Luciana Andreozzi de 29 anos, fisioterapeuta, ex-moradora do Brás e freqüentadora assídua das festas de Casaluce também fez questão de manifestar sua opinião e questiona: “Como pode a festa italiana mais antiga, que abre o calendário de São Paulo, estar dessa forma tão precária? Antes, nosso palco era na rua e a alegria era outra. Não sei, mas me parece que falta uma boa administração”.
Muitos que freqüentam a festa não sabem que, além dessa comemoração, existe muito trabalho. Um deles, realizado mensalmente pela pequena igreja de Casaluce, é a Pastoral da Criança. Aproximadamente 90 crianças subnutridas recebem tratamento gratuito.
Não poderíamos ir embora sem provar aquelas delícias. Depois do trabalho, o vinho quente abriu nosso cardápio, em seguida uma boa pizza, antepasto, fogazza... tudo muito bom, ao som da música italiana. E, por falar em som... que show! Quem disse que Padre não canta? Imaginem vocês que o padre que entrevistamos estava lá, no meio do palco, cantando, dançando, fazendo a festa literalmente. Não tínhamos como ficar de fora. Termino aqui, porque o resto foi pura curtição! Até mais e um grande abraço.
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