quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Propagandista dos ideais da ditadura militar, Flávio Cavalcanti tira audiência da Globo


Flávio Cavalcanti faz seu primeiro programa de rádio em 1954: “Discos Impossíveis”, na rádio Mayrink Veiga, depois na rádio Nacional e finalmente na rádio Tupi. Nesta mesma época, Flávio escrevia no jornal “A Manhã e A Noite” e sempre esteve envolvido com reportagens sobre a vida da elite, era cronista social.

Entrou na TV em 1957, substituindo o amigo Jacintho de Thormes. Em seguida, a agência Case chama Flávio para escrever um programa. Sem experiência, porém com vontade Flávio escreve o programa chamado “Um instante, maestro!”, escrito e apresentado por Flávio e dirigido por Carlos Thiré, porém será apresentado mais para frente.

Em seguida, Flávio começou a fazer o programa “Noite de Gala”, uma série de reportagens, que se transformaria em um programa produzido e dirigido por ele mesmo.

Durante um longo período, Flávio manteve um emprego paralelo à TV, como tesoureiro da alfândega do Banco do Brasil, onde permaneceu mais de 16 anos até se dedicar integralmente à TV.
Em 1965, Flávio passa a comandar o programa “Um instante, Maestro!”, na TV Excelsior, até que em 1967 vai para a TV Tupi e cria o primeiro programa com um corpo de jurados, para avaliarem as músicas carnavalescas daquele ano.
(Fonte: Agência Globo)



Na Tupi, Flávio continuou até o fechamento da emissora, com cassação do governo federal, que, depois de muitas brigas internas e externas, discussões que levaram o apresentador a ter um pequeno tempo de afastamento da Tupi, indo para a Record, onde ficou por 3 meses, e voltando para a Tupi após este período. Flávio volta com muita força e se torna o carro chefe da Tupi.

O programa Flávio Cavalcanti nasceu da fusão entre o “Um instante, Maestro!” e “A grande chance”, ambos apresentados por Flávio Cavalcanti. Ganha horário dominical para disputar com o Programa do Chacrinha da Rede Globo. O programa causou tanto sucesso que a Globo foi obrigada a retirar os programas considerados popularescos e lançou o programa “Fantástico – O show da vida”. A Rede Globo inicia uma corrida pela audiência.

Flávio Cavalcanti era o produtor de seus programas da TV Estúdio Produção Ltda, da qual eram associados sua esposa Belinha e seu filho Flavinho. A produção independente, com aluguel de horário, prática comum na TV Tupi, bem como em outras emissoras, divergia profundamente da Rede Globo, que desde a sua fundação, em 1965 e do obscuro contrato com a Time-Life que feria a Constituição brasileira, firmou-se como grande empresa, cujo modelo de gestão, centralizando toda a produção da emissora em seus núcleos, coincidia com a visão modernizadora que o governo militar buscava implantar no país.

Flávio Cavalcanti tornava público idéias tais como a defesa da censura, o combate ao comunismo, a amizade com presidentes militares e pessoas como Mariel Mariscott, policial do esquadrão da morte. O ano de 1973 marca um incidente que culmina com sua suspensão por 60 dias pela censura federal.


Flávio era um defensor inconteste da ditadura que se implantara no país e um canal privilegiado para a divulgação dos feitos governamentais. Seus problemas com o governo advieram do erro na dose levada ao ar, por vezes exagerada, e não de divergências ideológicas ou qualquer tipo de ousadia, que absolutamente não eram do feitio do apresentador.
Flávio Cavalcanti em seu nacionalismo apaixonado, acreditou com devoção no projeto militar. Ao final da década de 1970, quando os militares já enfraquecidos propunham uma transição lenta, gradual e segura, ele mantinha inalterado seu discurso, embora se dissesse decepcionado com o governo do golpe militar.

Quando a Tupi é fechada, em agosto de 1980, após anos de crise que culminou numa greve de funcionários, que contou com a participação de Flávio Cavalcanti, seu sucesso já não era o mesmo e sua passagem por outras emissoras, não teve o brilho que o consagrou décadas anteriores.
A Rede Globo,em contrapartida, apesar do mesmo conteúdo conservador e pró-regime, absorveu e incorporou mudanças na forma de seus programas, o que a manteve associada a uma suposta modernidade que se contrapõe ao estilo conservador de Flávio Cavalcanti. Seu apego aos costumes e a tradição mais conservadoras, sem farsas, já não correspondia aos anseios dos telespectadores, que buscavam uma vida melhor.

Em 22 de junho de 1986, após repetir centenas de vezes a frase-performance “nossos comerciais, por favor!”, que se fazia acompanhar por um gestual preciso, voz-forte e coreografia milimetricamente executada, Flávio Cavalcanti deixa o palco e seu auditório, sendo rapidamente substituído por Wagner Montes, depois de sofrer um ataque cardíaco durante o programa. Fechava-se, dramaticamente, a vida de um homem polêmico, que foi presença marcante desde os primórdios da televisão brasileira.
(Fonte: Memorial da Tv Brasileira)

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