Flávio Cavalcanti e Amaral Netto fazem parte da culltura televisiva brasileira. Flavio polemizava em seus programas e Amaral desbravava o nosso país com suas reportagens cinematográficas. O apresentador e o repórter foram dois comunicadores hábeis, sem discordância. Entretanto, ambos participaram de que tipo de contribuição na história da televisão no Brasil. Pensaram um outro Brasil ou seriam apenas meros marionetes da ditadura militar?
Flavio Cavalcanti e Amaral Netto influenciaram com suas ideologias pró- ditadura, ganhando aceitação do público. Segundo a Dra. Maria José Guerra, a classe média brasileira esconde a sua “simpatia” pelo regime militar. Desde a criação da nova classe, atualmente denominada de classe média, há um ranço direitista, na defesa de direitos constitucionais, como educação de qualidade, saúde de qualidade, mas por meio da defesa de regimes totalitários. Foi a busca aos direitos contra a classe burguesa que essa massa colocou Getúlio Vargas no poder.
Atualmente, não é diferente, não nos surpreende ouvirmos de nossos familiares frases de apologia ao regime militar.
A verdade é que a classe média brasileira é extremamente conservadora. Nos anos 1960 e 1970, essa classe viu através da TV duas pessoas concordando com seus pensamentos, ela começou a se interessar pelos programas de Amaral e Flávio. Os programas Flávio Cavalcanti e Amaral Netto eram o espelho cultural e sociológico da classe média brasileira naquele momento. Para Wright Mills, as doutrinas e a ideologia do mundo ocidental não traz totalmente a libertação do ser humano. No caso de Flavio e Amaral, o povo brasileiro era facilmente manipulado, não é muito diferente nos dias de hoje.
Apesar do incidente ocorrido na TV Tupi, nos anos 1970, em que Flávio fica fora do ar por 2 meses acusado de proteger a atriz Leila Diniz, após ela ter dado uma entrevista ao “Pasquim”, jornal esquerdista. Leila era um dos jurados do programa de Flávio e, após saber da voz de prisão dos militares, ele abrigou-a na sua casa em Petrópolis, o que resultou na suspensão do seu programa.
Flávio Cavalcanti ajudou na proliferação da ditadura por ser um conservador nato. Ele sempre defendia o regime militar em seu programa, fato esse que ajudava na consolidação da ditadura brasileira. Não somente ele, mas Amaral Netto cresceu no jornalismo da TV enaltecendo obras do governo militar nos lugares mais remotos do país. Amaral mostrava um país perfeito enquanto o mundo se digladiava na Guerra Fria. Com apoio do governo, Amaral usava equipamentos de primeira linha nas suas reportagens.
Mesmo sendo a favor da ditadura, Flávio Cavalcanti tinha uma grande inimiga durante a sua vida profissional e essa ironicamente também cresceu durante o governo militar, a TV Globo. Flávio e a Rede Globo, apesar de terem os mesmos pensamentos, eram rivais de audiência pelo fato do Flávio ter comprado um horário da TV Tupi o que irritou a emissora de Marinho.
Flávio e Amaral mostravam para o público as características positivas do Brasil como se estivéssemos mergulhando em um mar de rosas. Mesma manipulação não muito distante dos nossos dias. Enquanto isso, a sociedade que quer ser grande e rica, ainda que repleta de preconceitos e autoritarismo, assiste atônita essa roda-viva.
Erro pensar que o país pode mudar e que esse processo será do dia pra noite.
Afinal, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais....
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