quarta-feira, 19 de novembro de 2008

"Cabe aos estudantes de jornalismo fazer uma reflexão sobre a mídia e mudar", diz Joel Silva

O fotógrafo Joel Silva ingressou na Folha de S. Paulo em 1994. Ganhou dois premios Ethos de responsabilidade social, e dois premios Folha. E no último dia 27 de outubro, venceu o premio Vladimir Herzog, na categoria jornal com a reportagem "Os anti-heróis, o submundo da cana".
O material traz à luz informações que resgatam o passado histórico do país e que seguem se atualizando: as condições de trabalho e vida dos trabalhadores rurais em canaviais no interior do estado de São Paulo.


Qual a importância de ganhar esse prêmio para você?
É um premio importantissimo, pelo que representa o Vladimir Herzog, já ganhei outros, mas esse foi o primeiro.É um marco na minha carreira.

Como foi fazer essa reportagem?
Eu sou da região de Ribeirão Preto, trabalhei lá 8 anos, então eu tinha muito conhecimento das condições dos trabalhadores de cana da região. E a idéia surgiu na direção do jornal, conversaram com o Mario e comigo para que fossemos para lá, primeiro investigar as condições dos trabalhadores e moradias, depois fizemos a reportagem.

Quais as medidas deveriam ser tomadas para melhorar a situação desses e de outros trabalhadores no Brasil?
A situação dos cortadores de cana é por causa da exclusão financeira que tem a região, poucas pessoas ganham bem, e os cortadores de cana que são heróis, pois eles que mantem o etanol nas bombas de gasolina. Eu acredito que, com esse trabalho e outros que vão aparecer, pode melhorar a situação, creio que em 2010 à 2012, a situação vai estar melhor, porquê aos poucos o maquinário vai substituir a mão de obra.

O que você acha do jornalismo brasileiro atualmente?
O Jornalismo está amadurecendo muito, mas ainda tem muito para se sentar e discutir. Colegas que falham na cobertura, isso nos deixa triste. Cabe aos novos estudantes de jornalismo fazer uma reflexão sobre a midia atual, para vêr se estão agindo da forma correta. Cabe aos novos estudantes mudar essas posturas e conceitos. O jornalismo, pra mim, sempre vai estar em evolução, eu já errei trabalhando, mas eu sempre busco fazer as coisas corretas.

Vocês poderiam contar um pouco sobre suas carreiras?
Comecei em 1994, os meus outros premios foram com reportagens e não como fotográfo até porque o fotógrafo não é só um fotografo, ele acaba fazendo apuração, assim como um repórter.
Em 1994, estudando na Escola de Artes em Ribeirão Preto, dois meses depois já entrei no Folha.
Já cobri guerrilha, Copa do Mundo, enfim o que o pautero me mandar, mas a minha área mesmo é de guerrilha, já fui para Colombia fazer matéria. Continuo trabalhando no grupo Folha de S.Paulo.

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