quarta-feira, 17 de junho de 2009

Medo da gripe suína afasta espanhóis das ruas neste 1º de Maio


Foto: Arturo Rodriguez/AP


Roberta Zambelli acompanhou nas ruas de Madri o tímido 1º de Maio




Não é à toa que a Europa passa por um momento delicado de sua economia, é a recessão mais grave desde a Segunda Guerra Mundial. Só na Espanha, existe hoje mais de quatro milhões de desempregados, o equivalente a 17,36% de sua população ativa, é o maior índice de desemprego dos últimos dez anos.
Os trabalhadores espanhóis sentem a necessidade de uma reforma que redesenhe o atual modelo produtivo do país, pois torna-se imprescindível a criação de postos de trabalho e melhores condições trabalhistas para que aconteça a retomada do crescimento econômico.
Em todo o mundo, milhares de pessoas saem às ruas neste 1ºde Maio para reclamar por condições melhores de trabalho, por uma saída favorável da crise e pela extensão dos direitos sociais e sindicais. Apesar de ter ciência da própria situação econômica, o povo espanhol pouco fez para protestar por seus direitos.
Estive em Madri e percebi que os espanhóis não estão muito preocupados com isso... Sem passeatas, nem gritos, tampouco protestos. A oportunidade de demonstrar a grande insatisfação popular frente à crise financeira mundial passou despercebida neste 1º de Maio. Não por falta de motivos suficientes para os protestos, mas porque a atenção global estava voltada para um só motivo: A gripe suína. A epidemia mexicana, que se torna a cada dia a nova epidemia mundial. As emissoras de TV, rádio e jornais espanhóis estão voltados completamente para informar e divulgar dados sobre a infestação e praticamente se esquecem de mencionar o 1º de Maio.

Alguns protestos aconteceram em Berlim, em diversos pontos da Alemanha, na França, em Viena e na Itália. O 1º de maio voltou a ser feriado na Turquia depois de 30 anos, enquanto na Espanha, a importância de deixar a população informada sobre a gripe suína foi sem dúvida uma prioridade!!! Mas por que excluir totalmente quaisquer reportagens sobre o que está acontecendo, no único dia destinado ao protesto do trabalhador? Não seria uma tática dos meios de comunicação de massa e do interesse dos governos desviar a atenção popular para um problema de saúde pública, que existe e é de fato grave, mas é um problema que já está sendo contornado e logo não passará de uma gripe normal com direito a vacina? Talvez sim. Maquiar a única chance dos trabalhadores de pleitear melhores condições de trabalho com a idéia de que existem coisas piores...
Uma jogada política e a maneira certa para conter o desânimo de milhões de pessoas que sofrem os efeitos da crise mundial. A gripe vai passar, mas o desemprego continua... Quem sabe no próximo 1º de Maio....




Correspondente especial: Roberta Zambelli

sexta-feira, 5 de junho de 2009

1º de Maio - CUT, Kassab e manifestações


O Dia do Trabalhador é para o trabalhador

Lutando por um ideal

A tradicional manifestação do 1º de Maio realizada pela Central Única dos Trabalhadores neste ano transformou-se em eventos, realizados na Cidade Dutra, Zona Sul, e no Itaim Paulista, Zona Leste da capital. Os principias temas abordados foram os problemas econômicos ,as demissões e o desemprego.

O evento contou com a presença de líderes sindicais e políticos. O presidente da CUT-SP, Sebastião Cardozo explicou que numa situação de crise, como a atual, é necessário valorizar as conquistas de outras lutas. “A crise chegou e as empresas, para não demitir, querem reduzir a jornada de trabalho e os salários. Se nós acatarmos estas medidas estaremos regredindo, recusando tudo pelo que a gente lutou nestes 6 anos”.

O Prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab também esteve presente e disse que é possivel induzir a criação de novas vagas, mas que a principal intenção da prefeitura ainda é capacitar a mão-de-obra existente, para preencher as vagas disponíveis. Ainda no palco, passaram sindicalistas e políticos, como o Presidente do Sindicato dos Bancários, Luiz Claudio Marcolino, o Senador Eduardo Suplicy, Ricardo Berzoini, atual presidente do Partido dos trabalhadores, entre outros.

Reflexão política da crise

O Presidente da CUT-SP, Tião afirma que é preciso cuidado para não regredir e perder as conquistas dos anos passados. Com a crise, as empresas podem não demitir, mas tirar os direitos que foram conseguidos com tanta luta. Segundo Tião, “o maior prejudicado é o mercado de exportação, com muita riqueza para pouco dinheiro em circulação”.

Já para o prefeito Gilberto Kassab, a intenção é dinamizar os atendimentos, com o aumento das CATs () , para que todos consigam vagas. “A prefeitura poderá induzir a criação de novas vagas, mas a intenção é capacitar mão-de-obra para ocupar os cargos existentes”.

O Presidente do sindicato dos bancários, Luiz Cláudio Marcolino se mostrou a favor de o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) abaixar os jutos para aumentar os créditos cedidos a pequenas e médias empresas, amenizando os impactos da crise. Enfatizou também o cuidado necessário com as fusões delicadas entre grandes bancos.

Luiz Santos Souza, Secretário geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Comércio reivindica a criação de uma lei que proíba qualquer abertura do setor comercial em todo o Brasil, com o argumento de que “ o faturamento das empresas não sofreria com esta medida”. Segundo Souza, isso não afetaria o consumo e criaria o hábito do consumo em outros dias da semana, mesmo com a situação de crise.

Descontração - " A diversão a serviço do trabalhador"

A comemoração do 1º de Maio na Zona Sul também contou com diversas atrações, números musicais, apresentações circenses e científicas. A leva musical que mais agitou o público ficou por conta de Samprazer, Francis Lopes e do Teatro Mágico, o último grupo a subir ao palco. Já o encanto para a maioria das crianças foi proporcionado pelas atrações circenses, malabaris e oficinas oferecidas na tenda construída no centro do evento.

A criançada também tinha como opção o ‘Ciência em Show’ que usa experiências com conceitos da física e química para ensinar e divertir. Felipe, de 12 anos afirma, empolgado: “Vim para fazer a oficina de tecido e entrevistar o Teatro Mágico”, fã do grupo, faz aulas de circo há mais de um ano. Ricardo de Jesus, que veio com a família, estava com o rosto pintado e também já tinha cortado o cabelo.

Já para o público em geral foram construídas tendas com serviços úteis para todas as idades, desde a emissão de documentos, como RG e Carteira de trabalho, até os serviços voltados para a saúde dos cidadãos, como medição da pressão arterial e exames ginecológicos. A parte informativa e conscientizadora foi representada nas tendas explicativas sobre a Aids e da Pastoral da Criança, que distribuiu a colher medidora para a dosagem no soro caseiro, indispensável para o tratamento de crianças abaixo do peso. Com uma abordagem mais ampla, a tenda Teruya Cabeleireiros oferecia cortes gratuitos, e no Escovódromo as crianças aprenderam como a higiene bucal é importante.

População aproveita feriado para se divertir

O público aprovou os atendimentos prestados e a escolha da localização. Margarida Moraes (76) e José Oswaldo (77) moram na região e elogiaram o atendimento nas tendas. Albertina Rosa Alves (87), aproveitou para tirar RG dos netos Sérgio e Mariana, “Tiramos o dia para nos divertir um pouco”. Ivonete Ferreira, de 42 anos levou os filhos Anderson e Alexandre para cortarem os cabelos. Também queria passar na tenda da Saúde da mulher e no oftalmologista, “Espero o ano inteiro por esta oportunidade. São muitos os benefícios em um só lugar”.

1º de Maio - Centrais Sindicais lotam Avenida São João

Centrais Sindicais unem-se para as manifestações do 1° de Maio.

A CTB, a NCST e a UGT fizeram suas manifestações deste primeiro de maio unidas, na Avenida São João. Além dos discursos e apresentação de propostas sindicais, a festa contou com muitos artistas que embalaram o dia de aproximadamente 200 mil pessoas.

As três centrais foram as únicas que decidiram pela união, outros sindicatos fizeram suas manifestações em lugares distintos, o que sugeriu que a festa tornaria-se uma grande disputa eleitoral. O diretor estadual da Central dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil (CTB), Flávio Godoy, diz que a união é de grande importância para a defesa dos ideais dos trabalhadores e que a luta é mundial: “O papel das centrais é a defesa dos direitos do trabalhador. A luta unificada é fundamental. Muita gente já morreu lutando para conseguir o que temos hoje, e é preciso mais. A exclusão social ainda é muito forte, por isso defendemos o socialismo.”

Redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais foi a principal proposta apresentada pelas centrais e foi repetida diversas vezes, outras expressões de ordem como “lutamos por dias melhores” e “os trabalhadores não pagarão pela crise” também foram ouvidas durante todo o dia, porém pareciam não surtir grandes efeitos já que todos estavam entretidos com as apresentações dos famosos.

A concentração das militâncias aconteceu em frente ao palco, mas era possível encontrar uma ou outra pessoa envolvida com a causa em meio a multidão dispersa. Foi o caso do militante e associado à CTB Paulo Gady, motorista de 46 anos, que preferiu ficar em um espaço mais reservado com sua esposa, foi questionado se era necessário à realização de show com artistas famosos, em um dia que a prioridade teria que ser a reivindicação dos direitos trabalhistas, Paulo comentou que a única forma de atrair um grande contingente era realizando shows com diversos artistas, e disse também que se de cada cem pessoas uma compreender a proposta das Centrais, o evento foi valido.

Além dos presidentes da Centrais, autoridades da políticas estiveram presentes fortalecendo o dia 1º de Maio unificado, entre eles estavam o Ministro do Trabalhos Carlos Lupi, os deputados federais Ciro Gomes (PSB-CE) e Aldo Rebelo (PC do B-SP) além do Prefeito Gilberto Kassab.


Equipe de reportagem:

Camila Santana
Carolina Faria

Cayan Gomes

Hudson Diniz

Kelly Máximo

Luiz Henrique Valente

Márcia Duarte

Sérgio Gomes

Thamirys Zeviani

Thayná Scafuro

1º de Maio - Evento na São João reúne centrais sindicais

Em ano de crise, 1º de Maio unificado leva mais de 500 mil pessoas à Avenida São João

(Evento reúne as centrais sindicais UGT, CTB e NCST à favor dos trabalhadores)

Após a crise econômica mundial, o 1º de Maio deste ano, levou mais de 500 mil pessoas à Avenida São João, em São Paulo, segundo a organização do evento. Em decisão inédita, as centrais sindicais, UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil) e NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores) se uniram e organizaram shows e atos políticos, com direito a homenagens à Ayrton Senna e ao metalúrgico Santo Dias, morto em uma manifestação sindical pelo regime militar em 1979.

União dos Partidos contra a crise mundial

O país frente à crise, a redução da jornada de trabalho, e o desemprego, foram os principais temas tratados nos discurso proferidos entre um show e outro.

O Ministro do Trabalho Carlos Lupi, elogiou o Brasil (um país em desenvolvimento), em comparação com outros países, por manter milhões de dólares em reserva para utilização em emergências financeiras. “O Brasil hoje dá resposta ao mundo, em relação à crise econômica, por manter 200 milhões de dólares em reserva”.

Segundo o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), a Prefeitura precisa se unir aos governos estadual e federal para que sejam encontradas soluções contra o desemprego neste momento de crise. “Temos a necessidade de mostrar e nos integrarmos às políticas públicas para que a gente possa encontrar soluções para a falta de emprego do país”.

Com frases como: “Quem é o responsável por essa crise mundial? É a ambição pelo lucro fácil. É a elite do capitalismo”, o deputado federal Ciro Gomes (PSB) fez seu discurso inflamado contra a crise. De acordo com o parlamentar, todos os trabalhadores devem se unir para superar esse momento e também mostrar suas forças nas associações de moradores e nos grêmios estudantis.

De acordo com o Presidente da UGT, Ricardo Patah, a decisão do Banco Central de baixar 1 ponto percentual do juro bancário foi tímida. “Visto que algumas áreas já estão retomando o próprio ritmo de trabalho, e já no último mês houve um tímido crescimento nas contratações, neste momento, o Banco Central deveria ter diminuído no mínimo 2 pontos”.

O presidente da NCST, José Calixto Ramos, afirma que a luta unificada deste ano é em defesa das conquistas alcançadas para a riqueza do nosso país. A Nova Central tem como objetivo futuro unificar todos os sindicatos, uma vez que todos lutam pelos direitos dos trabalhadores.

Um dos momentos emocionantes da manifestação foi a homenagem prestada à Ayrton Senna, e ao metalúrgico morto num ato sindical em 1979, Santo Dias. Senna foi comparado ao trabalhador brasileiro, pela sua determinação e vontade de vencer. Sua irmã, Viviane Senna, compareceu ao evento e fez um discurso de agradecimento pelo reconhecimento. Dias foi lembrado por meio de uma carta escrita pela sua esposa, em forma de gratidão.

“A parte política não me interessa, quero é ver o show”.

O evento teve início por volta das 11 horas da manhã, porém, desde as 8h, já havia muitas pessoas no local. As amigas Marceli, 18 anos, Laís e Jaqueline, ambas 15, e Daiane, 13, foram ao evento por causa dos artistas e não pelo ato político. Da mesma forma pensa Natália Rocha, 15 anos: “A parte política não me interessa, quero é ver o show”, disse enquanto aguardava a principal atração anunciada, o show da dupla Vitor & Léo.

Já Antônio, 53 anos, atualmente desempregado, sempre participa dos eventos do 1º de Maio, pois acredita que é importante participar de manifestações públicas a favor do trabalhador. O comerciante, Juracy Ferreira, 55 anos, considera a data “um grito de socorro, uma forma de dizermos o que estamos passando e que vamos lutar”. Andreza, 24 anos, profissional do sexo, espera ter reconhecimento público de seus direitos.

Das sacadas dos prédios em torno do palco, várias pessoas assistiam aos discursos e shows. Pelo palco montado na Avenida São João passaram o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB), o deputado estadual Ciro Gomes (PSB), o vereador de São Paulo Jamil Murad (PCdoB), o vereador Netinho de Paula (PCdoB), os cantores Daniel, Alexandre Pires, Leci Brandão, D’Black, os grupos de samba Revelação, Sorriso Maroto, Doce Encontro, entre outros.

Ato Político não faz a Cabeça do Povo

Apesar da história de luta por trás do 1º de maio, nos últimos anos as centrais sindicais estão mais interessadas em quantidade de público. Apenas uma pequena parcela tinha consciência da importância política da data e estavam lá para reivindicar seus direitos.

O ato político em si durou pouco tempo e não entusiasmou o grande público presente. Alguns representantes dos partidos foram vaiados em seus discursos, enquanto os artistas recebiam uma recepção calorosa.

Repórter: Viviane

Entrevista com Waldemar Rossi - Um sobrevivente da ditadura


O Senhor que participou da luta contra a ditadura e outras lutas que conta a história do Brasil tanto na luta trabalhista, quanto aos direitos civis, na sua opinião, qual momento de lutas, os resultados poderiam ter sido melhores?

O que eu posso dizer, ao longo de todos esses anos, a minha consciência adquirida em 54 anos de luta, é que não tem harmonia entre exploradores e explorados, é uma luta permanente, a ditadura veio a aprofundar porque passou a massacrar e reprimir a classe trabalhadora, tentando submetê-La cada vez mais a exploração do sistema capitalista, e junto com a ditadura, nasceu também uma forma de resistência, sobretudo de uma juventude daquela época que não aceitava o modelo antigo e queria mudanças, foram anos difíceis, em que muitos companheiros foram presos, assassinados, muitos perderam o emprego, eu por exemplo, em 25 anos de metalúrgica, perdi o emprego 17 vezes, enfim, a repressão era uma repressão forte, e nós fomos lutando contra isso e tivemos vitórias que com o tempo, agente conseguiu fazer uma boa organização de base dentro das fabricas que veio estourar no ano de 78, e depois fomos conquistando alguns direitos, recuperando alguns conquistando outros, e ao mesmo tempo fomos derrotando a ditadura militar, focando a retirada dos militares do poder, más é uma coisa impressionante , naquela época, a falta de um partido, uma organização política mais avançada que oferecesse um projeto alternativo de sociedade, a falta disso permitiu que a burguesia se reorganizasse e passasse uma nova forma de dominação, agora sem os militares, más com os mesmos instrumentos de repressão que tinha naquele tempo, e hoje nós estamos pagando um preço caro, o capitalismo, que foi concentrando cada vez mais poder de produção e poder de exploração da classe trabalhadora, foi colocando os trabalhadores pra fora com as novas tecnologias, explorando mais os que restam dentro do trabalho formal e com isso tentando liquidar com os direitos que nos conquistamos ao longo dos anos, então é uma luta árdua que leva agente a repensar a cada vez como que nós devemos trabalhar. Tem um outro dado importante pra poder dizer para vocês, é que aquilo que nós construímos ao longo dos anos, e essa é a coisa que nós construímos que foi a CUT, é que estes instrumentos se venderam para o Capital, o PT se vendeu, a CUT se vendeu, o PCdoB se vendeu e tantos outros, e tantos outros que estão ligados a grandes empresas, no dia de hoje, de 1º de maio, estão fazendo shows para calar a consciência dos trabalhadores, para fazer os trabalhadores não celebrarem ou os mais novos não tomarem conhecimento de milhares que foram assassinados ao longo desses anos todos do Capitalismo Industrial e nas lutas por conquistas de direitos, então isso é o lado triste, más por outro lado nós temos isso que você esta vendo hoje aqui, neste 1º de maio na Praça da Sé, mais de cinco mil trabalhadores e trabalhadoras, que não vieram para o show, vieram para dizer, nas continuamos resistindo, e ai nós temos as pastorais sociais, o movimento dos sem teto, o movimento dos sem terra, a intersindical que forma um grupo de sindicatos que resistem, a Conlutas que também já é uma central e que vem encabeçando essas lutas, isso é sinal de nossa resistências e nós queremos avançar para isto, aos poucos a classe trabalhadora vai tomando conta das contradições e também das contradições das próprias centrais sindicais, por isso nós temos uma postura de esperança, só que nossa esperança não se coloca naquilo que mudou de lado, nossa esperança se coloca naqueles que querem construir uma nova sociedade

Há algumas gerações, talvez a vinte anos atrás, nós tínhamos na escola pública um nível de ensino, o qual comparado ao de hoje, é significantemente inferior, o senhor acha que este fator é um dos elementos que o governo usa para auxiliar na manipulação da consciência e impedir que o estudante desenvolva uma visão critica sobre o governo e passar a criticar-lo ao invés de simplesmente aceitar o que lhe é imposto, ou não saber como reivindicar seus direitos de forma eficaz?

Você falou vinte anos, eu quero pegar um pouco mais de tempo, porque quando eu era jovem, garoto ainda eu fiz o primário, que eram quatro anos, e em quatro anos de escola eu aprendi mais do que os garotos que hoje fazem 9 anos de escola, então a ditadura militar sobre tudo, começou a provocar o rebaixamento do sistema de educação expulsando das faculdades e das escolas todos aqueles professores e professoras que despertavam a consciências critica de seu povo e foram impondo um novo modelo aonde as idéias, a visão do mundo, não era uma visão do mundo em conflito, más a visão do mundo do capital, tentando matar a consciência critica do povo, isso foi progressivo, porque isso não é de um dia para o outro, más a partir do ano de 1994 se deu uma coisa pior, o governo do PSDB que assumiu com Fernando Henrique Cardoso no Nacional, e aqui em São Paulo com o Covas, eles fizeram algo pior, eles eliminaram das matérias básicas, aquelas matérias que ajudam a criança a pensar, o jovem a pensar, tudo que se relaciona com sociologia, com psicologia, tudo isso foi eliminado, aulas de história foram reduzidas, aulas de geografia foram reduzidas, porque era preciso realmente como você disse, rebaixar o nível de entendimento do povo, para que o povo não aprenda a pensar, para que o povo não tenha senso critico, e assim eles poderem dominar, e isso é um projeto do capital, então os governos são governos que estão fazendo o jogo do capital, por isso quando alguém disse aqui que o nosso inimigo é o capital, eu digo que nossos inimigos são todos aqueles que fazem o jogo do capital, seja ele quem for, então mesmo um trabalhador que chegou a presidência da republica, más ele esta fazendo o jogo do capital, contra os interesses dos trabalhadores, ele é nosso inimigo, não vai dizer que ele é amigo, amigo não apunha-La os outros pelas costas, amigo não saqueia a casa do outro, amigo não rouba o salário do outro, amigo não corrompe os outros, por isso que eu digo que estamos em uma situação delicada,

Este primeiro de maio simboliza luta, luto acima de apenas festa, frente isso, quais são as reivindicações para este primeiro de maio em frente a crise mundial que vivemos hoje?

A primeira coisa que nós temos de fazer, é resistir aos ataques que estão fazendo em cima dos direitos dos trabalhadores, lutar para que nenhum direito seja retirado e não esta fácil porque as centrais sindicais como a CUT, a CTB, a Força Sindical já estão negociando os nossos direitos, nós temos que continuar a resistência, a segunda coisa que nós temos de fazer é forçar o governo a usar o dinheiro do orçamento, que é dinheiro que sai dos impostos, que sai do nosso bolso e aplicar isso na reforma agrária, aplicar isso na produção de moradia populares, aplicar isso na reestruturação total do sistema de saúde publica, no sistema de educação, uma educação para revolucionar o País e não para submete-lo a dominação dos outros, que a use isso para aplicar nos setores carentes para o povo porque esses setores geram trabalho, distribuição de renda, geram mais justiça social, e permite fazer o país crescer e se desenvolver com justiça e não sem justiça, esse é o nosso grande objetivo.

1º de Maio - Protesto ou Espetáculo

O grito dos trabalhadores, nesse 1º de Maio, veio da Praça da Sé.

O que se presenciou na manhã do dia 01 de maio de 2009, em frente à Catedral da Sé, não foi uma grande festa em homenagem ao trabalhador, muito menos uma parabenização pelo seu dia, muito pelo contrário, nesse dia, no marco zero da Cidade de São Paulo, houve o grito do trabalhador em protesto. O dia será lembrado como um ‘espetáculo’, mas sem comemorações, pois não há o que se comemorar e, sim, protestar.

O Ato foi movido pelo lema: “Os trabalhadores não vão pagar pela Crise” e teve como organizadores, CONLUTAS (Coordenação Nacional de Lutas) e INTERSINDICAL (Instrumento de Luta e Organização da Classe Trabalhadora). Estiveram presentes, segundo a Polícia Militar, cerca de 1.500 participantes, entre eles, muitos militantes das duas frentes sindicais citadas, de partidos políticos como o PSTU, PSOL e de várias organizações e movimentos sociais, como a UNEAFRO e o MST.

Os protestos, vindos de trabalhadores e de muitos estudantes que não optaram por participar da grande festa na Avenida São João e, também, no Itaim Paulista – zona leste da cidade –, exigiram do governo mais atenção à classe trabalhadora e disseram ser contra as reduções dos direitos trabalhistas e demissões.

Além do levante para um olhar à classe trabalhadora, muitos manifestantes chamaram a atenção de todos os presentes para questões de pouco destaque nas grandes mídias, como exemplos: o preconceito contra os nordestinos; o aborto; assédio sexual e moral contra as mulheres; racismo e privatizações.

Numa visão panorâmica do local, era possível se deparar com vários banners, cartazes e panfletos de protestos. À direita, os cartazes: “Protógenes contra a Corrupção”, “A Embraer é nossa, reestatização já!”, “Quem manda é o povo e não o Capital” e à esquerda: “Intersindical, nenhum direito a menos”, “Crise na Educação, a culpa é de Serra e Lula, não dos professores”.

Antes do início do Ato, diversos participantes lotaram a missa na Catedral da Sé, ministrada pelo arcebispo Dom Pedro Luis Stringhini. A emoção contagiou a todos, quando várias pessoas adentraram a igreja, com faixas e cartazes com nomes de familiares perseguidos e mortos no período da Ditadura Militar, réplicas ampliadas de carteiras profissionais, e algumas senhoras amordaçadas com lenço preto, em alusão às torturas sofridas pelos censurados no regime ditatorial. A missa contou com a presença do senador Eduardo Suplicy (PT – SP) que falou com a equipe do blog Agência Cidadão, após o culto.

Segundo os discursos vindos do palanque em frente à entrada principal da catedral, o 1º de maio promovido pela Conlutas e Intersindical – o “dia de luto e luta” –, teve um caráter diferente do que foi promovido pela CUT e demais frentes sindicais. “Sem shows, discursos bonitos e contra as demissões”, afirmou José Zafalão – dirigente da CONLUTAS.

A presidente da Frente de Solidariedade à Palestina, Márcia Camargos – bem como todos os que discursaram no palanque –, não poupou críticas a Central Única dos Trabalhadores pelo evento patrocinado por bancos, dizendo que a postura do sindicato é “um desserviço à sociedade, uma alienação total promovida pela CUT, justamente agora, quando os trabalhadores devem e precisam ter consciência da realidade”.

O blog Agência Cidadão entrevistou o arcebispo Pedro Luis, após a celebração da missa e discurso a todos os participantes do ato. O clérigo avaliou positivamente as manifestações dos trabalhadores na Praça da Sé, classificando o ato como genuíno. Ao ser indagado sobre a crise econômica, o religioso disse se tratar de uma “ficção não criada pelo povo e sim, por um sistema vertical, arrogante.”

Ao som de músicas como “Vida de Gado” do cantor Zé Ramalho, interpretada por um cantor regional e do Hino dos Grevistas, a Praça da Sé hasteava bandeiras vermelhas, batia palmas em prol das manifestações populares e ovacionava cada discurso improvisado. Edson Carneiro, coordenador nacional da Intersindical, em um momento de crítica à CUT, incentivou uma vaia aos banqueiros. O público, sem hesitar, correspondeu com a iniciativa.

A equipe do blog perguntou à funcionária pública, Sueli Dias Pereira, que estava com a família e trajava uma camiseta da Conlutas, cheia de adesivos do sindicato, como seria um feliz 1º de maio. Sem pestanejar, nos respondeu, com firmeza na palavra, que teria de ser “com mais gente, buscando uma sociedade mais justa e avançando nas conquistas trabalhistas”.

Quando o Agência Cidadão perguntou a outro participante, se a crise o havia afetado, o engenheiro de petróleo da Petrobras, que não quis ser identificado, disse à equipe que não havia sofrido nada, diretamente, porém, muitos trabalhadores terceirizados, da refinaria de Santos, sofrem com as péssimas condições de trabalho da estatal.

O engenheiro relatou que, para continuarem empregados [trabalhadores terceirizados da Petrobras] acatam as condições oferecidas. Ele informou ainda que, do ano de 2002 até agora, morre, em média, 01 funcionário por mês – média nacional da empresa – pela insalubridade e exposição direta ao benzeno (substância tóxica e cancerígena, presente no petróleo). O funcionário alega que há falta de investimento em prevenção a acidentes e os trabalhadores terceirizados são muito expostos à substância citada.

O ato teve duração aproximada de três horas e não houve nenhuma ocorrência grave no decorrer da sua realização.

Colaborou Fernando Piovezam, de São Paulo.

Praça da Sé - Manifestações e Protestos no 1º de Maio



Manifestação do 1º de maio na Praça da Sé marca a luta do trabalhador contra a crise econômica e o desemprego

O trabalhador brasileiro não deve pagar pela crise. Com esse mote, a Praça da Sé foi tomada por diversas representações da esquerda nacional, no dia 1º de maio deste ano. Longe de ser uma celebração como a das grandes centrais sindicais, o ato organizado pela Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas), Intersindical (Instrumento de Luta e Organização da Classes Trabalhadoras e demais movimentos sociais e de esquerda, teve como principal função a manifestação contra as mais recentes medidas do governo Lula para diminuir os efeitos da crise.

O dia começou com uma missa em homenagem aos trabalhadores, na Catedral da Sé. A emoção tomou conta do local, quando várias pessoas adentraram a igreja, com faixas e cartazes onde se liam os nomes de familiares perseguidos e mortos no período da Ditadura Militar, réplicas ampliadas de carteiras profissionais, e algumas senhoras amordaçadas com lenço preto, em alusão às torturas sofridas pelos censurados no regime ditatorial.

Catedral da Sé, lotada na missa em homenagem ao trabalhador.

Esteve presente à missa na Catedral o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Em entrevista coletiva, o senador afirmou que o pacote anticrise do governo federal que, dentre outros itens, implica na redução do IPI, faz com que a roda da economia gire, aumentando o consumo e, consequentemente, diminuindo o desemprego na indústria automobilística. A afirmação de Suplicy atinge diretamente alguns setores da esquerda nacional, que afirmam que as medidas adotadas pelo governo federal visam beneficiar apenas os patrões, sem proteger o emprego dos trabalhadores.

Logo após a missa, a praça da Sé foi tomada por bandeiras vermelhas, e cerca de 1500 pessoas lotaram o espaço próximo ao palco, montado em frente à Catedral. A manifestação teve início com as falas dos dirigentes da Conlutas, José Zafalão, e da Intersindical, Edson Carneiro. Os dois enfatizaram o caráter de luta e manifestação que deveria permear as comemorações do 1º de maio, e criticaram a posição das grandes centrais sindicais, como CUT e Força Sindical, que preferiram celebrar o dia do trabalhador com festas e sorteios de prêmios.

Em entrevista para a reportagem do Blog Cidadão, Zafalão disse que um dos motes do ato na Praça da Sé era contra as demissões na Embraer. Segundo ele, a Embraer, na mesma semana que anunciou a demissão de mais de 4000 funcionários, dividiu bônus dos lucros obtidos pela empresa em 2008 entre os seus dirigentes. “O governo está usando o dinheiro que deveria ajudar os trabalhadores para ajudar as empresas que estão demitindo, ou seja, ele acaba financiando as demissões”. Para ele, o governo deveria priorizar a reestatização das empresas públicas, como a Embraer e a Vale.

Zafalão diz ainda que a solução para que os trabalhadores possam enfrentar a crise é uma união da esquerda nacional. “Deveríamos fazer no Brasil como foi feito na França, unir as centrais de esquerda, como a Conlutas e a Intersindical, e criar uma central sindical única”. O ato da praça da Sé, segundo ele, tem como função mostrar que uma parcela da categoria trabalhista não se vendeu, e que apenas a mobilização e a unificação das categorias é que irá afastar a crise. “Os ricos criaram a crise, então eles que paguem. Quando há o lucro, eles que recebem. Quando vem a crise, eles querem jogar para cima dos trabalhadores. Não podemos deixar isso acontecer”.

Faixa de manifestação do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

Ele explicou ainda que a grande diferença entre a festa da CUT (que reuniu grandes nomes da música brasileira) e o ato realizado pelas centrais de esquerda (com a presença de músicos e artistas populares), é que “aqui não tem financiamento de banqueiro e montadoras de carro”, como foi feito na festa da CUT que, dentre outras coisas, sorteou vinte carros zero quilômetros.

O Blog Jornal Cidadão conversou ainda com o presidente do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU), Dirceu Travesso. Para ele, a expectativa para o 1º de maio era afirmar outra alternativa perante a crise

econômica. Quanto às providências tomadas pelo governo para enfrentar a crise, o líder partidário afirmou que tudo está muito superficial e que o país vai acabar sentindo isso futuramente: “A indústria automobilística tem um crescimento momentâneo, mas é como se você estivesse cavando debaixo do seu pé para tapar o buraco que está do lado. Então mais cedo ou mais tarde o buraco vai aumentar, não diminuir”.

Os manifestantes presentes ao ato também tinham outros motivos para o protesto, que não apenas a crise econômica. Um engenheiro de petróleo da Petrobrás, que não quis ser identificado, disse à equipe que não havia sofrido os efeitos da crise, porém muitos trabalhadores terceirizados, da refinaria de Santos, sofrem com as péssimas condições de trabalho da estatal. O engenheiro relatou que, para continuarem empregados [trabalhadores terceirizados da Petrobras] acatam as condições oferecidas. Ele informou ainda que, do ano de 2002 até agora, morre, em média, 1 funcionário por mês – média nacional da empresa – pela insalubridade e exposição direta ao benzeno (substância tóxica e cancerígena, presente no petróleo). O funcionário alega que há falta de investimento em prevenção a acidentes e os trabalhadores terceirizados são muito expostos à substância citada.

O ato teve duração aproximada de quatro horas e não houve nenhuma ocorrência grave no decorrer da sua realização.


quinta-feira, 4 de junho de 2009

Movimentos Sociais presentes na Sé


A tradição de luta do 1º de Maio foi trazida pelos movimentos sociais na Sé

O dia 1º de maio lotou a Praça da Sé, com a concentração de vários movimentos sociais que levantaram a bandeira do fim às demissões, desde os movimentos punks até os movimentos de jovens revolucionários do Partido da Causa Operária. A crise econômica foi o tema principal dos discursos trabalhistas: o trabalhador não deve pagar pela crise econômica financeira mundial.


Os manifestantes denunciaram o aumento do desemprego e da exploração, exigindo a diminuição da carga horária e o aumento do salário mínimo. O PCO realizou uma passeata, nesse ano descentralizado das grandes centrais sindicais. Estavam presentes a corrente nacional dos trabalhadores dos Correios “Ecetistas em Luta” onde reuniu milhares de trabalhadores dos correios de diversos estados do Brasil.


Os Coletivos de Negros e a Aliança da Juventude Revolucionária, junto com o mutirão de aproximadamente 1300 pessoas, levantaram suas bandeiras pela mesma causa: a luta do trabalhador na conquista dos seus direitos. Também estavam presentes o Coletivo de Mulheres, simbolizado por Rosa Luxemburgo, denunciando as mulheres perseguidas pela extrema-direita e ultra-reacionária igreja católica por praticarem o aborto.


Segundo Natália Pimenta, membro da coordenação Nacional da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR) “o dia 1º de maio, é um dia de luta da classe operária. No inicio o dia do trabalhador surgiu com a mobilização dos trabalhadores que reivindicavam a diminuição da jornada de trabalho. Foi uma greve geral no dia, por isso surgiu o feriado. É um dia de luta, nós estamos procurando resgatar essa tradição de luta dos trabalhadores.”


Após a caminhada que começou na Praça da Sé e terminou no Anhangabaú, a passeata que durou aproximadamente uma hora, foi finalizada pelo pronunciamento do presidente do Partido Causa Operária e editor do Jornal da PCO, Rui Costa Pimenta que falou da perspectiva revolucionária da classe operária frente a maior crise financeira mundial. Afirma ele “as revoltas populares, no campo, nas fábricas e universidades vão se intensificar e provocar um movimento nacional que vai colocar na ordem a defesa da expropriação dos capitalistas, da ditadura do proletariado e de um governo de trabalhadores da cidade e do campo que lutam pela defesa do socialismo”.
Já o compromisso de um outro movimento presente nesse 1º de maio, o UNIAFRO (União de núcleos de estudos de afro descendentes e classes dos trabalhadores) é relacionado à educação. “Um movimento de luto mais combativo do povo negro da classe trabalhadora. A UNIAFRO vem como um movimento forte e de esquerda, do povo trabalhador e negro”, fala estudante de direito, Afonso Fernandes de oliveira, 22 anos.O movimento de reintegração das pessoas atingidas pela hanseníase estava presente no meio da grande multidão que lotou a Praça da Sé. A coordenadora Leide Mason falou sobre o movimento e o impacto da crise mundial na vida do trabalhador. “O movimento nasceu com o propósito de reivindicar os direitos dos portadores da doença. Reivindicamos também emprego por que a hanseníase atinge somente a pele e não a mente. A crise financeira mundial tem gerado muito desemprego, pode acabar afetando o SUS (Sistema de Saúde do Estado), isso é preocupante, já que o Brasil ocupa o 2º Lugar com as pessoas mais atingidas pela doença”.Comenta a coordenadora Leide Mason. Dentre os movimentos presentes, lá estava também o movimento punk. E como manifestação desse ano, sobre o lema do grito de guerra ‘Greve geral derruba o capital’. O membro do movimento punk, Pedro Paulo, 20 anos declara “O Nosso intuito é derrubar o estado, exigimos liberdade e não queremos nada imposto pela sociedade. O dia 1º de maio representa luto.” Para completar, o último movimento encontrado durante o dia 1º de Maio, o Movimento Anarquista, que também estavam juntos na reivindicação da redução da carga horária do trabalho e o aumento do salário mínimo do trabalhador. “A crise não existe, não passa de uma farsa para enganar o povo” relata membro do Movimento Anarquista, Roberto R. Nagata.

Repórteres:
Simone Alauk
Alice Furlanetti
Wesley Soares

Carlos

"Emprego já!" foi o lema do 1º de maio na Sé




Fim das demissões e direito à moradia foram os principais alvos da manifestação, que reuniu entre 1,5 e 2 mil pessoas.

“Emprego já!”, gritava o público presente na Praça da Sé, composto principalmente por operários e sindicalistas. No palanque, representantes da esquerda analisavam a crise. “A onda de demissões gerou um efeito perverso da crise, com ex- assalariados juntando-se aos desempregados”, (conferir) discursou o deputado Federal Ivan Valente, do PSOL, Partido fundado por dissidentes do PT e hoje um partido de oposição ao governo.

Na manifestação da Sé, não haviam artistas ou famosos, como nos shows da CUT e da Força Sindical. Questionado sobre um possível racha ou disputa das Centrais Sindicais, Ivan Valente esquivou-se: “ Imagina, este é um momento histórico, com mobilizações em outros locais com as mesmas reivindicações- pode apurar, estamos unidos nessa luta contra a crise”, disse. Não foi, porém, o que discursou no palco o dirigente conhecido como Mancha, Luis Carlos Prates (verificar), da Central Conlutas; “Os outros 1ºs de Maio da cidade estão sendo bancados por quem está demitindo.”

Havia duas centrais sindicais, a Intersindical e a Conlutas, com mais de duas dezenas de sindicatos, associações e movimentos sociais reunidos na praça. A manifestação que teve início às 10 h, e se estendeu até as 15 h reuniu cerca 2 mil pessoas, mas foi estimada por alguns dirigentes com mais de 3 mil pessoas. Apesar da animação e engajamento, via-se vários espaços livres na praça e, em alguns locais, podia-se caminhar sem esbarrar nas pessoas. Sem registro oficial de incidentes. ]


O colorido das bandeiras estava por toda a praça, com a predominância do vermelho, cor normalmente usada pelos movimentos sociais e partidos de esquerda, como PSTU e PSOL, pelas centrais Conlutas e Intersindical, organizadoras da manifestação junto com as Pastorais Sociais, e Federação Operária. Mas também via-se bandeiras amarelas, como as da UNEAFRO e várias outras cores e causas, que iam de movimentos contrários à construção do Rodoanel em Ribeirão Pires, ao movimento LGBT e grupo de mulheres lésbicas do Brasil. Estavam nas bandeiras, também, o vermelho do PC do B, partido que integra o governo, e bandeiras pela reestatização de EMBRAER, pedido de CPI da dívida externa Brasileira e contra o preconceito Racial. A manifestação do LER, a Liga Estrategista Revolucionária, que pregava a redução da jornada para 30 horas semanais, era itinerante e ficou rondando a praça, como uma “mini- passeata”, que juntou de 80 a 100 pessoas.

Na Praça da Sé, os trabalhadores de Chicago foram homenageados pela origem da data, e outros “mártires”, como Frei Tito que enfrentou a ditadura. A animação ficou basicamente pelo público presente no evento, com palavras de ordem em ritmo de frevo e coreografias. Personagens solitários dançavam com animação. Outros faziam manifestações inusitadas, como a ex-auxiliar de escritório Lilia Almeida, de 28 anos, que reivindicava emprego com uma carteira de trabalho de 1 metro nas mãos. Lilia está desempregada há 8 meses e veio de Suzano, na grande São Paulo, para protestar por emprego; “Trabalhei 4 anos em uma indústria farmacêutica e fui “cortada” junto com mais duas secretárias, fui uma das primeiras vítimas da crise,e aqui na capital também tá difícil a situação”, declarou.

O direito à moradia também foi tema recorrente dos discursos e das reivindicações do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Conlutas e outros movimentos (?). “Criar, criar, poder popular”,, puxava em coro Helena Lopes, do MTST, lembrando o lema do governo popular de Allende, no Chile.


Não havia celebridades no local e os rostos conhecidos ficou para a classe política, com presenças do Senador Eduardo Suplicy e o veterano de esquerda Plínio Arruda Sampaio. Os políticos discursaram no palco em uma manifestação classista e alternativa do 1º de Maio, sem destaque na grande mídia. Duras críticas foram disparadas ao governo Lula, acusando de dar dinheiro aos banqueiros, e trair a classe sindical, ao apoiar o capitalismo e de não conter as demissões.


Neste dia do trabalhador, de “Luta e de Luto”, havia de fato muito a se reivindicar, faltou, entretanto, propostas por parte dos manifestantes, para que se tomem medidas contra a atual crise e não afunde nosso barco econômico, que já está no balanço de “marolinhas”.


Repórteres:

Carlos Alberto da Silva

Monica Naomi Oi

Thiago Paixão

Bianca Perez

Rafael Gouvêa