terça-feira, 18 de novembro de 2008

Toshio Kawamura, sindicalista da Intersindical, lembra a luta contra a ditadura e a luta pela igualdade


Dia 27 de outubro, uma segunda-feira à noite, e lá estava eu, no 30º Prêmio Vladimir Herzog, de Anistia e Direitos Humanos. Minha missão? Entrevistar o líder sindicalista Toshio Kawamura.
Kawamura foi um dos principais fundadores da CUT, mas após alguns conflitos de opinião, virou o principal integrante da Intersindical.

Não foi difícil localizá-lo, oriental, cabelos muito brancos e compridos, sentado nas primeiras filas ao centro do salão. O nervosismo não tinha como esconder, estava estampado no meu rosto.Após o fim do evento, me aproximei e perguntei se podia me conceder uma entrevista. Kawamura foi tímido no início dizendo que não era tão importante para dar entrevista, mas depois de alguma persistência fui autorizada a entrevista-lo, entrevista essa que revelou um homem surpreendente, de coragem louvável.

Qual a importância do prêmio Vladimir Herzog para o senhor?
Olha, em 1969, durante a ditadura, eu fui preso e exilado, só pude retornar ao Brasil por causa da revolução de Herzog e por causa da luta de toda a população contra a ditadura, por isso sou muito grato.

Como foi sua trajetória na ditadura?
Eu participei do movimento estudantil em 1968 e participei de documentários na época, de 1970 até 1979 estive exilado no Chile, mas tinha notícias do que as pessoas aqui no Brasil estavam fazendo para que eu conseguisse retornar ao país, acabei não podendo participar do movimento que tirou os militares do poder.

Quais ações a intersindical promove para a manutenção da democracia adquirida após o fim da ditadura?
Eu faço parte de uma geração que viveu perseguições, exílios, prisões e retornei o Brasil para lutar a favor do movimento operário, sempre fui ligado a essas funções sindicais. A luta de ontem se junta com a de hoje, ontem era a favor da anistia contra a ditadura e tortura, hoje a liberdade de expressão, direitos humanos e direitos dos trabalhadores.

Na sua opinião a imprensa brasileira tem que sofrer alguma mudança?
Alguns clichês funcionam, quando a luta pelos direitos humanos se espalhou pelo Brasil, esse clichê que direitos humanos é só direito de bandido acabou ficando de certa forma. Agora está começando a se superar, direitos humanos é tudo, é direito à liberdade, à organização e principalmente: direito à vida! A imprensa repercutiu que direitos humanos é só para bandido, por que um garoto da periferia apanha da polícia e um aluno do Mackenzie, não? Eu sou até um pouco socialista nesse sentido, eu quero ter liberdade para poder defender minhas idéias.

Um comentário:

Anônimo disse...

Oioii galera que aqui escreve! Passando para conferir o trabalho de vocês, que está beem legal! Sou aluna de Com. do segundo semestre e ano que vem na hab. de JO. Gostei das entrevistas, fizeram com que eu procurasse saber mais sobre a história de um dos prêmios mais importantes em nossa área. Nossos colegas jornalistas merecem esta homenagem.

Thayná