Na noite do dia 27 de outubro, São Paulo, aconteceu a 30ª edição da cerimônia do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos, em uma segunda-feira de noite fria e com fina garoa, tão característica da capital paulista. A cerimônia de premiação estava marcada para ter início às 19h30, e, mesmo com a mudança temporal, pudemos participar da reunião que contava com grandes nomes dos profissionais do jornalismo, como Ricardo Kotscho e Caco Barcellos, e estudantes da área.
Havia certo clima de nervosismo no ar. Talvez pela mistura da experiência de alguns e do ímpeto dos mais jovens. A realização do evento contou com belos discursos sobre a importância dos direitos humanos, a ética no jornalismo, e a recordação dos valores do jornalista Vladimir Herzog, torturado e morto durante a Ditadura Militar.
Após a cerimônia, conseguimos realizar uma entrevista com a âncora da Rede Record, Adriana Araújo. Apesar de aparentar ser tímida, a jornalista fala com voz firme e não deixa de responder às perguntas. Questionada sobre seu trabalho premiado, na qual faz uma séria denúncia sobre o sistema público de saúde, ela mostra gratidão, mas não perde o instinto de sua área e logo ressalta que há muito ainda para se fazer pelos direitos humanos.
A entrevista na íntegra, você confere logo abaixo:
Thiago Fonseca - Adriana, você está satisfeita por receber o prêmio Vladimir Herzog pela tão elogiada reportagem “Saúde Pública – salve-se quem puder”?
Adriana Araújo - Ganhar um prêmio é realmente muito bom para minha carreira, sem falar que é um reconhecimento gratificante, mas é preciso ressaltar que o tema desse trabalho ainda é um problema. O sistema de saúde público é muito precário e precisa receber mais investimentos. Enquanto a situação permanecer como está, é preciso sempre fazer reportagens denunciando o que há de errado.
T.F: - Por que vemos os direitos humanos serem desrespeitados no Brasil?
A.U - Faltam muitas coisas para podermos dizer que está tudo bem. Os problemas não ocorrem somente na saúde. Além de ser difícil, falta honestidade de algumas pessoas. Infelizmente, muitos pagam pelo erro de poucos.
T.F - Você está feliz na Record? Sente saudades da Rede Globo?
A.U - Eu cresci muito na Globo. Aprendi e evolui lá. Mas fui motivada a ir para a Record pelo desejo de ter um desafio profissional. Hoje, o programa tem boa audiência e sou muito reconhecida lá dentro. Reconhecimento, como eu disse, é gratificante (risos).
T.F – Qual recado você gostaria de dar aos estudantes de jornalismo para incentivar a ética na área?
A.U – O jornalismo está diretamente ligado à ética. Nossa função é prestar serviços à sociedade. Acho que os estudantes precisam estar atentos aos seus deveres e combaterem o jornalismo sensacionalista, porém, protegendo a liberdade de imprensa.
Após a rápida entrevista, tive que ceder espaço ao próximo estudante com novas perguntas para a experiente jornalista. A maior lição que podemos tirar além das respostas de Adriana Araújo é o exemplo de humildade. Ela não tinha obrigação nenhuma de responder, entretanto, manteve uma elegância e boa vontade invejáveis. Sendo assim, aprendemos que além de ser objetivo e ético, um jornalista sempre pode passar ensinamentos e lutar pela construção de uma sociedade melhor.
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