quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Prêmio Vladimir Herzog


Segunda-feira, 27 de outubro, alguns jornalistas receberam homenagens e troféus, foram os vencedores do 30º Prêmio Vladimir Herzog. O objetivo da premiação é valorizar os futuros profissionais, estimulando a elaboração de reportagens.
Por isso, lá estava eu, com muita ansiedade, medo, nervoso, não sei explicar. Mas logo depois que começou a entrevista foi fluindo naturalmente, inexplicável pela experiência e oportunidade de amadurecer profissionalmente.

Entrevista com Alexandre Maciel - Representante do Grupo “Tortura Nunca Mais”

Repórter: Após o período da ditadura militar houve uma transformação da tortura política para a tortura social. Como o governo deveria tratar deste assunto?

Alexandre: “A tortura ainda continua em todas as classes sociais, existe a chamada tortura psicológica, como no caso dos sargentos que foram torturados psicologicamente e fisicamente após assumirem sua opção sexual em frente às câmeras de TV. Eles eram da classe média alta, mas é óbvio que as classes mais abastardas da periferia que tem condições menores sofrem mais, também por causa da raça”.

Repórter: Qual a medida mais eficiente para ser tomada pelo governo no combate à tortura e à violência?

Alexandre: “Primeiro é uma presença mais acirrada do Estado, hoje em dia não temos segurança devido à falta de iluminação pública, falta policiamento nas ruas, para isso é preciso mais rigor por parte da polícia e segurança dos locais. Outra coisa é que nas escolas não é exigida a matéria Direitos Humanos, só em pós-graduações, se fosse exigido aprenderíamos desde o início de nossa formação a não cometer esses atos contra a humanidade”.

Repórter: Qual a importância do Prêmio Vladimir Herzog para a manutenção dos Direitos Humanos?

Alexandre: “O Prêmio é um apanhado geral de todas as melhores matérias ligadas à anistia e direitos humanos, ou seja, contribui para uma maior abrangência, para que saia somente do “filão” do nosso Estado e vá para o Brasil todo e quem sabe o mundo”.

Repórter: O prêmio tem dado resultado?

Alexandre: “Sim, com certeza, sempre que a ferida é tocada há um resultado”.

Repórter: Existe algum trabalho premiado que ficou gravado em sua memória?

Alexandre: “Na verdade, quando o assunto é Direitos Humanos, eu não tenho uma escolha só. Acho lindos todos os trabalhos, de todas as áreas, de todos os campos”.

Repórter: Há bastante procura do Grupo pelos que foram torturados?

Alexandre: “A grande procura hoje é de torturas em presídios, de pessoas que são afetadas, como no caso dos sargentos e obviamente a luta do Grupo Tortura Nunca Mais é punir os torturadores dos desaparecidos políticos”.

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