Na cidade de São Paulo, bairro do Belém, vivia minha avó, Piedade, que aos 14 anos trabalhava na fábrica Santista, localizada próxima ao cemitério 4º Parada. Lá, sua função era fazer a fiação de algodão, espula ( carretel de linha). Por ser menor de idade, ganhava metade do salário que os maiores.
Uma das coisas que Piedade mais gostava de fazer, era dançar. Então, por volta das 14h00 dos sábados, ela já estava pronta para ir ao baile. Pegava o bonde no Belém com suas amigas e ia para o Centro, que era onde ficava o famoso Centro Professorado, na avenida São João, lá, moças e rapazes se encontravam e dançavam ao som do bolero, rumba (música lenta, onde a dança se dava pelo suave balanço do corpo), samba-canção etc.
Outro motivo de alegria eram os tão esperados bailes de carnaval...muita música e cordões em volta do salão (um pegava na cintura do outro e saiam correndo). Muitos eram os tombos !
Já, quando se tratava de ficar a dois, o lugar escolhido era o escurinho do cinema. Este ficava no bairro do Brás, haviam muitos cinemas: Brás Politiama, Universo, Roques etc. Os filmes eram do tipo faroeste e romântico.
Conheceu meu avô Humberto, num Parque de Diversão, onde ele trabalhava na época. No parque, havia um espaço destinado aos apaixonados. O rapaz ia até o lugar onde meu avô trabalhava e pedia uma música para sua amada. Piedade era sempre surpreendida pelas canções que Humberto oferecia para ela em seus discos.
Meu avô tinha uma banca de jornal, era preciso acordar de madrugada para ir até as redações de jornal buscar os impressos, trabalhou também num escritório da Nestlé.
Nos ônibus que Piedade pegava para ir a igreja no Largo São José do Belém, o cobrador ia de banco em banco cobrar a passagem.
Quanto ao período da recessão, se lembra que às 20h00 todos tinham que apagar às luzes, à cavalaria tomava conta das ruas.
Fato que se recorda vagamente...
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