domingo, 30 de novembro de 2008
eventos na praia de peruíbe
Soninha Francine: tão perto e tão longe
Assim que cheguei tratei logo de cumprir minha tarefa, avistei no salão de entrada rodeada de estudantes a ex-candidata à prefeitura de São Paulo, Soninha Francine. Nunca havia visto Soninha tão de perto! Logo me direcionei à ela e tratei logo de lhe fazer perguntas, fiquei nervosa e gaguejei umas dez vezes!!!!!!!! Mas, ela, educadamente, teve paciência, e me respondeu. Gravei no meu MP3, mas ficou horrível e nem eu mesma consegui entender.
Bom não me lembro ao certo das perguntas que fiz, mas gostaria de deixar claro a emoção que foi este evento pra mim, por poder entrevistar pessoas que não imaginava ver tão de perto, não por serem públicas, mas sim pela importância que elas tem.
Na maioria das vezes, nos sentimos inibidos ou com medo de fazer certas coisas, mas temos que entender que seremos jornalistas e que cada tombo que levamos será essencial para a nossa carreira.
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
A imprensa alternativa contra a Ditadura
Anos 60, época de mudar o mundo. Liberdade sexual, guerrilha, viagens à lua, mini saia, feminismo, cabelos compridos. O mundo inteiro parecia querer mudar.
No Brasil, sob regime da Ditadura, implantada entre 1964 e 1985, a influência da Contracultura que contestava velhas idéias e antigos comportamentos foi manifestada por meio de livros, músicas, literatura, jornais, ganhando, assim, um caráter de mudança, a partir da cultura. É assim que nasce a “cultura alternativa”.Os jornais políticos, respondiam por parte deste emaranhado cultural e, pouco tempo depois, esses periódicos seriam conhecidos como “imprensa alternativa”.
A censura provocou um clima para a criação de jornais alternativos. Era a forma mais legítima e criativa da sociedade tomar conhecimento sobre o que estava acontecendo, os graves crimes praticados no Brasil, como as mortes de presos políticos, as formas de torturas, a ostensiva conivência do Estado com grupos nacionais e multinacionais que controlavam a economia, a violação dos direitos humanos, a dívida externa e outros temas de interesse geral da população. O objetivo principal era criticar o cenário econômico e principalmente político, combater a ditadura, o que a grande mídia não fazia por estar atrelada à ideologia dominante.Durante esse período (1964-1980), surgiram em torno de 160 periódicos nos mais variados gêneros e boa parte deles teve poucas edições, logo fecharam as portas pelas condições em que se encontravam.
O apogeu da imprensa alternativa ocorreu entre 1975 e 1977. Os jornais que mais se destacaram nessa fase foram: O PASQUIM, OPINIÃO, MOVIMENTO, VERSUS, SOL, DE FATO, REPÓRTER E EX.
Vamos conhecer um pouco mais sobre alguns deles:
PIF-PAF: Dois meses depois do golpe chega às bancas, dirigido por Millôr Fernandes. Irreverente e humorista, PIF-PAF critica o regime com textos e desenhos que relatavam os presidentes e as principais lideranças do governo.
Quatro meses depois, na 8ª edição, o jornal é fechado. Motivo: publicou uma fotomontagem do presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, como uma das candidatas ao suposto titulo “MISS ALVORADA 65”.
VERSUS: criado pelo jornalista Marcos Faerman, era um jornal voltado para a cultura, arte, história, com reportagens em estilo literário.
REPÓRTER: caracterizado como uma imprensa que perguntava e apontava questionamentos. Sem pertencer a qualquer facção de esquerda.
Os jornais foram apreendidos várias vezes, sob a alegação de reportagens que atentavam a moral e bons costumes.
A edição 35 de 7 de novembro de 1980 tinha como manchete:“SEXO COM A BOCA”, sobre desvio de recursos públicos para o candidato Paulo Maluf, essa edição foi apontada como a razão do fim do jornal. REPÓRTER foi um dos jornais que mais vendeu em bancas.
O PASQUIM: surge em julho de 1969, em meio a um niilismo na imprensa, pois os jornais ainda não haviam se recuperado do AI-5.
Era comandado pela antiga turma do PIF-PAF.
Usava de linguagem debochada, de constatação bastante atrevida para os padrões da época.
Recorde de vendas, 100 MIL exemplares 4 meses depois do seu lançamento. Em 30 de novembro 1970, boa parte da turma foi presa e o jornal censurado. Motivo: uma brincadeira de um dos humoristas, que colocou D. PEDRO gritando “EU QUERO MOCOTÓ” no quadro "O grito do Ipiranga", fazendo menção à uma música da época considerada de duplo sentido. O Pasquim foi considerado a Lei Áurea da Imprensa. Termina nos anos 90, sendo Homenageado por uma escola de samba. Acabou como começou, fazendo HUMOR.
época em que a imprensa estava mais distante do povo. Ex representava uma "imprensa viva", que questiona, que duvida, que enfrenta, vasculha, alerta, depõe, derruba.
Depois de 24 meses de vida, era fechado a mando do Ministro da Justiça, Armando Falcão. A publicação da morte do jornalista e diretor da TV Cultura, Vladimir Herzog, era o motivo. Novamente a censura fechava mais um jornal.
É fato histórico, em regime ditatorial, uma das primeiras providências do governo é tomar o controle total dos meios de comunicação. Por quê? Porque a imprensa pode alcançar um número incalculável de pessoas e mostrar os fatos que deveriam ser ignorados pela população. Ao contrário do que se pode pensar sobre a mídia alternativa, eles não queriam a extinção dos grandes jornais e emissoras, pois suas matérias eram pautadas nas matérias da mídia burguesa. A grande diferença eram os pontos de vista mostrados, a objeção e o questionamento eram a matéria prima dos jornais alternativos.
As grandes polêmicas, as tendências culturais e as artísticas, além das críticas e denúncias não eram encontrados nos jornais da imprensa burguesa, mas nas páginas da imprensa alternativa. Em uma interpretação plausível: foi o caminho, ou melhor, o meio mais consistente de voltar à democracia.
A imprensa alternativa, além de não ter se calado diante da censura, encontrava soluções inteligentes para cada dificuldade imposta. Torna-se importante conhecer nossa história porque só assim podemos entender a trajetória do jornalismo brasileiro e suas alternativas para fazer valer as mudanças no país.
Ricardo Kotsho: o repórter deve mostrar o Brasil real
No governo, como assessor do presidente, ganhava três vezes menos do que recebia na Folha, onde trabalhava antes de ir para o planalto. Amigo do ex-sindicalista desde a campanha eleitoral para a presidência em 1989, quando foi seu assessor pela primeira vez, em 2005, Kostcho deixa o governo chateado. Não imaginava que a corrupção e escândalos seguidos voltaria com tamanha dimensão.
A esperança e o lado bom de um Brasil triste pela impunidade são exaltados em seu livro Cartas do Brasil, com crônicas sobre o país que derrubou o presidente Collor. Mas não perde a esperança.
Ricardo, não tem como começar esse bate papo sem tocar no momento que você ficou em Brasilia. Como foi a experiência na Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidência da República?
Por que você saiu do cargo?
Eu ia ficar só um ano em Brasília. Eu tinha combinado isso, porque fui sozinho, minha família não estava lá. Então, tive que ficar mais um ano, o ano de 2004 e, desde o começo, estava acertado que ia embora no fim do ano.
Eu fiquei sabendo de muitas coisas, não na dimensão das que estão acontecendo hoje. A minha função era não só divulgar informações do governo para a imprensa, mas também trazer informações que eu tinha como jornalista, que, muitas vezes, eram transmitidas pelos próprios colegas jornalistas. Mas coisas menores, de funcionários, que eu passava para o governo investigar.
No livro Cartas do Brasil, você faz duras críticas ao formato de jornalismo atual. O jornalista virou um "mero preenchedor de formulários, um lavrador de boletins de ocorrência"?
Essa é a regra, mas há exceções, como em tudo. Em cada redação, você encontra gente disposta a brigar para fazer uma matéria, uma reportagem, viajar, sonhar, insistir... De uma forma geral, acho que as pessoas estão muito acomodadas, estão muito burocráticas, falta tesão. E o grande lance da imprensa de hoje é a denúncia. Qualquer coisa é papel, qualquer dossiê, qualquer fita. Eu nunca fui disso. Sempre gostei de sair com um fotógrafo, um motorista e ir atrás...
Vamos falar da sua indicação para mais um Prêmio Vladimir Herzog. De todos os prêmios Vladimir Herzog, qual você considera o mais marcante?
Eu ganhei duas vezes, mas não lembro das matérias, por incrível que pareça! (risos)
Durante sua carreira já chegou a sofrer ameaças de morte? Como você reage nesses casos?
Ameça de morte, tortura, graças a Deus escapei! Apesar de eu ter sido de uma geração onde muitos sofreram com isso.Eu era amigo do Herzog, mas sempre fui muito medroso, o que foi bom, porque sempre procurava ficar longe quando havia conflito com a tropa de choque, com aqueles helicópteros do exército... Então sempre que acontecia isso, eu ia para um bar tomar cerveja e depois procurava saber o que tinha acontecido.Cheguei a receber recados de ameaça quando fiz duas reportagens, uma sobre as mordomias na época do regime militar referente aos privilégios do militares e outra onde denunciei a morte de Manoel Fiel Filho, um operário assassinado na prisão, do mesmo jeito que o Vladimir Herzog, só que eles abafaram, esconderam o corpo e eu consegui levar essa história à mídia. Então, os militares ficaram nervosos comigo.
Então você chegou a ser exilado?
O que você tem a dizer para centenas de milhares de jovens que estão sonhando em trilhar uma carreira jornalística, hoje. O que você aconselha?
Eu procuro contar histórias boas, que também existem. Tempos atrás, fui para Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte, que já conhecia, mas não sabia de uma história de lá, os xeiques do sertão. A Petrobras faz exploração de petróleo em terra entre Natal e Mossoró e gente pobre está ganhando dinheiro, porque lá foi encontrado petróleo. Os filhos dessas pessoas estão podendo estudar em faculdades, coisa em que nunca pensaram. E eu imagino: se fiquei sabendo disso numa tarde que passei por lá, quantas outras histórias como essa existem? O pessoal mais novo deveria ir atrás disso. Sair das capitais, sair dos grandes centros, da política de Brasília e mostrar o Brasil real, que foi o que eu procurei fazer a vida inteira.
Revelando São Paulo ou Revelando o Brás
É dessa forma que a Festa em homenagem ao dia das crianças acontece na Rua Caetano Pinto em frente à igreja de Nossa Senhora de Casaluce, organizada pela cabeleireira do bairro, Valdeni Francisca do Nascimento, mais conhecida como Deni. É ela quem arrecada o dinheiro e as doações que as empresas disponibilizam para realizar a festa. Entre as empresas e instituições que participam podemos citar a Rochester, Martins Peres, Pastifício Méro, Mac Pizza, CUT, entre outras.
Michel Sedan, antigo professor da academia Gigantes do Ringue, foi quem desenvolveu a idéia de comemorar o dia das crianças com uma festa beneficente. A partir de então, mesmo mudando-se do bairro, a festa continuou sob a coordenação de Deni.
O dia 12 de outubro conta com cerca de 800 crianças, de 0 a 14 anos, das 10 às 15h, mas as inscrições são feitas duas semanas antes no salão Arte e Beleza. Durante a festa são distribuídos cachorro quente, refrigerante, sorvete, algodão doce, brinquedos e as crianças participam de gincanas, esculturas em balões, entre outras atividades. Deni emocionada, mal consegue expressar a sensação que sente ao ajudar no evento: “Durante as inscrições, já têm mãe com criança no colo às 7 h da manhã me esperando na porta do salão para fazer a inscrição e poder participar da festa, só vendo para entender. Um sorriso de uma criança carente nos recompensa, e assim compartilhamos esse presente junto com elas no dia 12”.
Quem estiver interessado em colaborar e participar do evento, entre em contato com Valdeni Francisca do Nascimento no Salão Arte e Beleza na Rua Caetano Pinto, 489. É só seguir o mandamento de Deni: "Deixai que venham a mim as criancinhas e não as impeçais, porquanto o reino dos céus é para os que se lhes assemelham. - Digo-vos, em verdade, que aquele que não receber o reino de Deus como uma criança, nele não entrará (S. MARCOS, cap. X, vv. 13 a 16.)
Entregue-se ao Museu Paulista
Em 1884 é contratado, como arquiteto, o engenheiro italiano Tommaso Gaudenzio Bezzi, que, no ano anterior, havia apresentado o projeto de um monumento-edifício para celebrar a Independência. O estilo arquitetônico adotado, o eclético, havia muito estava em curso na Europa e viria marcar, a partir do final do século XIX, a transformação arquitetônica de São Paulo. Valendo-se de uma das principais características do ecletismo Bezzi utilizou, de forma simplificada, o modelo de palácio renascentista para projetar o monumento.
O lindo jardim com palmeiras centenárias recepciona o visitante e convida para boas fotos. Os primeiros jardins em torno do edifício, formados entre 1908 e 1909, foram projetados pelo paisagista belga Arsenius Puttemans e reproduzem concepções paisagísticas inspiradas nos jardins barrocos franceses, como os de Versailles. Em 1922, esses jardins foram ampliados em 1500 m2, passando a atingir o início da Av. D.Pedro I e na década de 30, sofreram novas intervenções, com o rebaixamento da área em frente à fachada principal.
O rio que cortava a cidade hoje não passa de um corrego poluído e fétido. Uma pena, porque o lugar foi levantado bem onde, acredita-se, que foi dado o Grito do Ipiranga. Na verdade, naquela época, o Ipiranga era uma região pouco habitada, bem longe da cidade, onde se fazia um último pernoite antes de chegar a São Paulo, vindo de Santos. Não passava de um descampado, e nem de longe se parecia com o que vemos no famoso quadro de Pedro Américo, muito famoso, que está lá no museu inclusive. Quem vê a obra pela primeira vez fica impressionado pelo tamanho - 10 metros de largura e ocupa a maior parte da parede que foi feita exclusivamente para ele. Outras imagens podem ser observadas. Fotos originais do Militão e de Santos Dumond dão ideia da sociedade no final do século XIX.
Logo na entrada e fazendo a festa da criançada, carros de bombeiros da década de 1880, ferros de passar de todas as épocas, banheiras e, claro, o momento sombrio de nossa história. Carruagem que eram movidas à força de escravos também fazem parte do acervo. Para você que ficou com vontade de conhecer um pouco mais da nossa história, vale a pena convidar os amigos, namorada ou namorado e equipado de máquina fotográfica, fazer essa visita pra lá de educativa.
Presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo fala sobre a necessidade de participação da categoria
Nascido em 1961 em Nossa Senhora do Socorro, no interior de São Paulo, em uma família multicultural, portuguesa, italiana e espanhola, José Augusto de Camargo, o Guto, acompanha o Sindicato há mais de 25 anos, sendo seu diretor por várias vezes, participando de assembléias, dos movimentos e atualmente ocupa a sua presidência e a tribuna no Prêmio Vladmir Herzog.
Qual a iniciativa do prêmio Vladmir Herzog e porque ele foi criado?
O Prêmio foi criado com o objetivo de incentivar o jornalista. Algumas décadas atrás o mídia ainda sofria com a censura. Queríamos impulsionar e dar visibilidade a questões como a dos direitos humanos.
E porque a decisão do Prêmio se chamar Vladmir Herzog?
Dar o nome do Vlado ao Prêmio foi uma homenagem, pois ele se tornou um símbolo da luta democrática da época.
Como é a atuação do Sindicato, atualmente?
Nós tivemos as eleições no ano passado e teve um grande significado, uma participação numérica elevada, mas do ponto de vista da participação política, o que não é um problema exclusivamente do sindicato dos jornalistas, ela diminuiu bastante.
São Paulo: um coração pulsando tradições
Ao passarmos pela Rua Caetano Pinto, no bairro do Brás, se torna quase impossível imaginarmos que aquela rua repleta de fábricas e empresas, à noite vira uma festa. Ali impera a alegria com direito a barracas, comidas típicas, e shows ao som de Tarantela.
Ás 20h do dia 25 de maio, no meio da Caetano Pinto, na Festa di Casaluce, entre molhos, pizzas, sardellas, envolvidos na alegria contagiante em que as mamas e os colaboradores da festa nos recebiam, iniciamos a reportagem.
Logo começamos a fazer algumas fotos. Eram poses de todos os lados, dava vontade de beijar aquelas italianas, aquelas pessoas que trabalham de graça e com um ar de dever cumprido para a comunidade de Casaluce. Talvez esse seja um segredo entre amador e profissional, nem todos os profissionais exercem sua função por amor, alguns visam somente o dinheiro, enquanto o amador realiza seu gesto acima de tudo por amor, não têm nexo se fazer o que não gosta de graça!
Em uma festa típica italiana, encontramos um público do mais diversificado, em São Paulo um coração pulsando tradições. São italianos, nordestinos, brasileiros, brancos, negros, asiáticos que fazem parte desse momento, um patrimônio cultural vivo no coração da cidade.
Em meio a uma conversa descontraída com o Padre Antonio Fusari, que veio da Itália aos 27 anos, ele nos contou que na década de 1970, em apenas sete meses, restaurou a pequena igreja de Nossa Senhora di Casaluce e permaneceu na Paróquia durante 22 anos. Todo esse tempo dedicou sua vida a Comunidade do Brás.
Atualmente é responsável por outra Paróquia, na Vila Mariana, mas no seu olhar e espírito de menino deixa implícito o amor que têm pela Comunidade de Casaluce.“O sucesso de minha permanência em Casaluce foi começar com gestos humanitários, eu atendia às famílias e ajudava fornecendo alimentos, enfrentava aquelas grandes enchentes da época para levar um pouco de consolo, fazia o percurso de ônibus, nunca fiz questão de ter um carro para não escandalizar o povo. Todo dinheiro arrecadado nas festas de Casaluce eram revertidos em benefício à Comunidade”.
Hoje, a festa italiana mais antiga de São Paulo, com mais de um centenário de vida, vêm enfrentado sérios problemas, devido a inúmeros fatores. Não sobra dinheiro nem para terminar as obras da Paróquia, já faz três anos que as obras estão paradas.
Luciana Andreozzi de 29 anos, fisioterapeuta, ex-moradora do Brás e freqüentadora assídua das festas de Casaluce também fez questão de manifestar sua opinião e questiona: “Como pode a festa italiana mais antiga, que abre o calendário de São Paulo, estar dessa forma tão precária? Antes, nosso palco era na rua e a alegria era outra. Não sei, mas me parece que falta uma boa administração”.
Muitos que freqüentam a festa não sabem que, além dessa comemoração, existe muito trabalho. Um deles, realizado mensalmente pela pequena igreja de Casaluce, é a Pastoral da Criança. Aproximadamente 90 crianças subnutridas recebem tratamento gratuito.
Não poderíamos ir embora sem provar aquelas delícias. Depois do trabalho, o vinho quente abriu nosso cardápio, em seguida uma boa pizza, antepasto, fogazza... tudo muito bom, ao som da música italiana. E, por falar em som... que show! Quem disse que Padre não canta? Imaginem vocês que o padre que entrevistamos estava lá, no meio do palco, cantando, dançando, fazendo a festa literalmente. Não tínhamos como ficar de fora. Termino aqui, porque o resto foi pura curtição! Até mais e um grande abraço.
Inauguração do museu do futebol no Pacaembu
A exposição é composta por peças do acervo pessoal do atleta do século e faz referência aos 50 anos do primeiro título mundial do Brasil, em que Pelé participou quando tinha apenas 17 anos.
Há também uma caixa de engraxate que Edson Arantes do Nascimento ganhou seu primeiro salário, além do rádio que seu pai, o falecido ex-jogador Dondinho, escutou a transmissão da derrota do Brasil para o Uruguai na final da Copa de 1950.
O Museu do Futebol se localiza no estádio do Pacaembu e contou com o investimento de R$ 32 milhões, feito pela iniciativa privada e pelos governos estadual e municipal.
Fernanda Rosa
Entrevista no 30º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos.
O evento contou com muitas personalidades do jornalismo e da política brasileira em defesa dos direitos humanos.
Neste ano, o prêmio contou com um tempero a mais. Ele ocorreu no marco do 60º Aniversário de instituição da Declaração dos Direitos Humanos. Jornalistas importantes foram premiados nesta noite, dentre eles Renan de Carvalho Gouvêa, estudante de jornalismo da UNAERP de Ribeirão Preto, que ganhou o 4º Prêmio Vladimir Herzog de Novos Taletos com a sua matéria “Bairro Lixão – Esquecido pela justiça” no Jornal do Ônibus.
Eu estava meio preocupada com a entrevista meio que com medo, mais depois que comecei a entrevista, ai tudo passou e mudou. Eu adorei fazer a entrevista, aconteceu super bem e se dependesse de mim eu ficaria horas falando sobre o trabalho dele que é a comunicação comunitária na qual eu também sempre foi muito interessada.
Agência Cidadão- Renan qual a importância que esse prêmio tem na sua vida?
AC-Conte-nos um pouco sobre o seu trabalho.
R.C.G.- Eu trabalho como repórter de um projeto A Cidade No Bairro, fico quatro horas por dia percorrendo um bairro de Ribeirão Preto por semana,descobrindo a vida da comunidade para depois reportar no A Cidade No Bairro, simplificando, A comunidade fala, A Cidade publica e o bairro melhora. Também trabalho na radio USP de ribeirão com o Programa FEA Comunidade aonde discutimos com representantes de comunidades da região sobre problemas e assuntos que envolvem o dia a dia das pessoas. E também faço o levantamento da agenda cultura e esportiva do campus USP-Ribeirão Preto para publicar no Jornal USP Ribeirão.”
AC-Você pretende continuar trabalhando com o jornalismo comunitário durante toda a sua carreira?
RCG-Não, eu gosto de ajudar pessoas nas quais se encontram em dificuldade, gosto de denunciar fico muito gratificado ao saber que as pessoas tiveram mudanças para melhor em suas vidas graças a minha ajuda, mas o que eu pretendo mesmo é trabalhar com jornalismo cientifico, eu sempre sonhei em ser jornalista cientifico.
Talita Carvalho Dario
Estudante de jornalismo premiado por Novos Talentos ensina ética
Muitas personalidades da comunicação nacional receberam o premio e menções honrosas dentre elas o meu entrevistado Renan de Carvalho Gouvêa, UNAERP, de Ribeirão Preto que foi o ganhador do 4º Premio Vladimir Herzog de Novos Talentos com o trabalho “Bairro Lixão – esquecido pela justiça”, do Jornal do Ônibus.
No início da entrevista, eu estava meio apreensivo, com um frio na barriga mais depois que começamos a entrevista eu não queria acabar, aquela curiosidade, aquela vontade saber, uma sensação inexplicável e o entrevistado foi muito atencioso até porque ele era um estudante como eu,e foi muito legal a entrevista caminhou muito bem.
Segue a entrevista na integra com o Renan de Carvalho Gouvêa
Repórter
- Renan qual a importância que esse prêmio tem na sua vida?
Renan de Carvalho
“eu não esperava que a minha matéria tivesse esse reconhecimento,conquistar esse prêmio é mais do que gratificante e importante para minha carreira, pois meus pais não puderam estudar e se esforçam muito para que eu possa. Então, é uma questão de agradecimento a eles por tudo que fazem por mim.”
Repórter
-Conte-nos um pouco sobre o seu trabalho.
Renan de Carvalho
“Eu trabalho como repórter de um projeto A Cidade No Bairro, fico quatro horas por dia percorrendo um bairro de Ribeirão Preto por semana,descobrindo a vida da comunidade para depois reportar no A Cidade No Bairro, simplificando, A comunidade fala, A Cidade publica e o bairro melhora. Também trabalho na radio USP de ribeirão com o Programa FEA Comunidade aonde discutimos com representantes de comunidades da região sobre problemas e assuntos que envolvem o dia a dia das pessoas. E também faço o levantamento da agenda cultura e esportiva do campus USP-Ribeirão Preto para publicar no Jornal USP Ribeirão.”
Repórter
-Você pretende continuar trabalhando com o jornalismo comunitário durante toda a sua carreira?
Renan de Carvalho
“Não, eu gosto de ajudar pessoas nas quais se encontram em dificuldade, gosto de denunciar fico muito gratificado ao saber que as pessoas tiveram mudanças para melhor em suas vidas graças a minha ajuda, mas o que eu pretendo mesmo é trabalhar com jornalismo cientifico, eu sempre sonhei em ser jornalista Cientifico.”
Repórter
-Renan muito obrigado pela atenção e parabéns pelo prêmio.
Renan de Carvalho
“Muito obrigado a vocês e boa noite.”
Postado Por:
Nome: André Valerio
RGM:13399-0
Ao ritmo da ditadura
A ditadura militar está ligada ao período da política brasileira em que os militares, através de um golpe de Estado, governaram o Brasil. Esta época vai de 1964 a 1985 e caracterizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o regime imposto. Os compositores da música popular brasileira, insatisfeitos com a repressão dos militares, disseminaram suas críticas por meio de letras que tiveram um papel marcante nesta fase.
Em 1968, os estudantes de esquerda ainda eram os piores inimigos da ditadura militar, e passaram a se comunicar com a população por meio da MPB, que atingia grandes massas e ousava a falar o que a maioria não se atrevia. Mas, para censurar essa comunicação musical com o povo, foi implantado o AI-5 pelo Presidente Costa e Silva, um ato institucional que causou a perda de muitas canções e chegou a alterar versos considerados, ironicamente, “subversivos”. Para censurar as músicas foi criado pelo governo a “Divisão de Censura de Diversões Públicas”. As canções, antes de serem lançadas ao público, deveriam passar por esse setor, e cabia a ele aprovar ou não sua divulgação. Não havia um roteiro a ser seguido e a DCDP não aprovava as músicas, muitas vezes, por motivos políticos, ou simplesmente porque não entendia o que o compositor dizia, ou queria dizer.
O principal inimigo do regime militar foi Geraldo Vandré, compositor que ficou polêmico com seu segundo lugar no FIC (Festival Internacional da Canção) com a música que se tornou um verdadeiro hino contra a ditadura militar, a canção “Para não dizer que não falei das flores”, que versava: "Caminhando e cantando e seguindo a canção...". Mas foi no Maracanãzinho que Geraldo Vandré impressionou o povo e consolidou seu hino por liberdade de expressão, pois foi nesta oportunidade que Vandré executou a música, acompanhado somente por seu violão, sem nenhum outro instrumento, mas com as vozes do público presente. Em 1969, ele foi exilado e depois disso nunca mais conseguiu recuperar sua carreira.
Chico Buarque de Hollanda foi o cantor e compositor mais censurado em suas canções de protesto e nas que feriram os costumes morais da época. Na música “Apesar de você”, por exemplo, foi aprovada e fez muito sucesso, porém após o comentário de um jornal de que esta se referia ao então presidente Médici, Chico sofreu todas as repressões possíveis. Para não ser mais banido em seu repertório, ele passou então a utilizar-se de pseudônimos.
Hoje você é quem manda
Falou, tá falado
Não tem discussão
A minha gente hoje anda
Falando de lado
E olhando pro chão, viu
Você que inventou esse estado
E inventou de inventar
Toda a escuridãoVocê que inventou o pecado
Esqueceu-se de inventarO perdão”
Muitos outros artistas foram censurados: Caetano Veloso, Milton Nascimento, Maria Betânia, Ney Matogrosso, Gal Costa, Gonzaguinha, Raul Seixas. Para se ter idéia, até mesmo Mário de Andrade foi vetado por pura ignorância cega da censura.
A ditadura militar foi um forte golpe sobre a música brasileira. Os artistas perderam sua liberdade de expressão diante de inúmeras violências executadas pelo governo militar, mas conseguiram driblar a censura e protestar contra este período. Foi uma época marcante, pois a repressão e o poder dos militares não caia somente sobre os músicos e artistas, de forma geral, mas também sobre toda a comunicação no Brasil: jornais, revistas, emissoras de televisão, etc. Pode-se dizer que não existia o direito de manifestar opiniões, idéias e pensamentos livremente, mas este período também serviu para que conhecêssemos a força do movimento jovem, da arte, da música.
TD no ritmo da BOSSA NOVA
O Teatro de Dança receberá o Ballet Stagium, de 13 a 30 de novembro com o espetáculo Bossa Nova, em homenagem aos 50 anos de criação de um dos mais importantes gêneros musicais brasileiros, conhecido em todo o mundo. Uma das primeiras companhias a usar a MPB como repertório de seus espetáculos, o Stagium apresentará, em Bossa Nova, coreografias calcadas em obras-primas do movimento, como Garota de Ipanema, Corcovado, Dindi e Desafinado. Outras músicas do espetáculo: Águas de Março, Só Tinha de Ser com Você, Berimbau, Samba em Prelúdio, Canto de Ossanha. O Ballet Stagium enfatiza, desde sua criação, a importância da cultura do Brasil, por meio da valorização da Música Popular Brasileira. Ballet Stagium dança no ritmo da Bossa Nova Teatro de Dança
De 13/11 a 30/11
Quartas e quintas, às 16h; sextas e sábados, às 20h e domingo, às 18h
R$ 4 e meia-entrada
Av. Ipiranga, 344 – Edifício Itália, subsolo
Tel.: (11) 2189-2558
http://www.teatrodedanca.org.br/
O Lado de Lá
A exposição O Lado de Lá , de Ricardo Teles, mostra um olhar para a África (Angola e Congo) muito semelhante ao Brasil, retratando a relação umbilical que existe entre nosso país e o continente africano.
A mostra de fotos inéditas está à exposição no Sesc Santana e é um convite para quem não costuma ou não tem tempo de frequentar centros culturais, pois podem ser vistas, 24hs por dia por quem passa na rua, através de vidros transparentes da fachada do prédio.
Ricardo Teles trabalha com documentação e fotojornalismo ligados à Antropologia Visual, é conhecido internacionalmente pelo trabalho Terras de Preto - registro poético de comunidades quilombolas no interior do país.
O LADO DE LÁ
Local: Sesc Santana
Av.Luiz Dumont Villares, 579
cep 02085-100 São Paulo - SP
De 20 de novembro a 18 de janeiro 2009.
Segundas a domingos, 24h por dia.
Flávio Cavalcanti: quem foi o concorrente de Amaral Netto?
m 13 de maio de 1948, casou-se com Maria Isabel Horta Pereira Quintão (Dona Belinha), com quem teve três filhos, um dos quais, Flávio Cavalcanti Júnior, tornou-se executivo da área de telecomunicações. Maria Izabel, o acompanhou durante toda a vida. Defensor da tradicional família, usava o casamento como um exemplo a ser seguido por seus telespectadores.Posteriormente, foi funcionário da Alfândega do Rio de Janeiro, onde ficou até 1964. Seu desejo maior era pelo jornalismo, realizando entrevistas polêmicas e memoráveis com o político fluminense Tenório Cavalcanti, o “Homem da Capa Preta”. Esteve nos Estados Unidos e entrevistou o presidente Kennedy, na casa Branca. Entrou para a televisão, com estilo marcante, populista, mas não oposicionista para a época da ditadura militar.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Propagandista dos ideais da ditadura militar, Flávio Cavalcanti tira audiência da Globo
Flávio Cavalcanti faz seu primeiro programa de rádio em 1954: “Discos Impossíveis”, na rádio Mayrink Veiga, depois na rádio Nacional e finalmente na rádio Tupi. Nesta mesma época, Flávio escrevia no jornal “A Manhã e A Noite” e sempre esteve envolvido com reportagens sobre a vida da elite, era cronista social.
Entrou na TV em 1957, substituindo o amigo Jacintho de Thormes. Em seguida, a agência Case chama Flávio para escrever um programa. Sem experiência, porém com vontade Flávio escreve o programa chamado “Um instante, maestro!”, escrito e apresentado por Flávio e dirigido por Carlos Thiré, porém será apresentado mais para frente.
Em seguida, Flávio começou a fazer o programa “Noite de Gala”, uma série de reportagens, que se transformaria em um programa produzido e dirigido por ele mesmo.
Durante um longo período, Flávio manteve um emprego paralelo à TV, como tesoureiro da alfândega do Banco do Brasil, onde permaneceu mais de 16 anos até se dedicar integralmente à TV.
Na Tupi, Flávio continuou até o fechamento da emissora, com cassação do governo federal, que, depois de muitas brigas internas e externas, discussões que levaram o apresentador a ter um pequeno tempo de afastamento da Tupi, indo para a Record, onde ficou por 3 meses, e voltando para a Tupi após este período. Flávio volta com muita força e se torna o carro chefe da Tupi.
O programa Flávio Cavalcanti nasceu da fusão entre o “Um instante, Maestro!” e “A grande chance”, ambos apresentados por Flávio Cavalcanti. Ganha horário dominical para disputar com o Programa do Chacrinha da Rede Globo. O programa causou tanto sucesso que a Globo foi obrigada a retirar os programas considerados popularescos e lançou o programa “Fantástico – O show da vida”. A Rede Globo inicia uma corrida pela audiência.
Flávio Cavalcanti era o produtor de seus programas da TV Estúdio Produção Ltda, da qual eram associados sua esposa Belinha e seu filho Flavinho. A produção independente, com aluguel de horário, prática comum na TV Tupi, bem como em outras emissoras, divergia profundamente da Rede Globo, que desde a sua fundação, em 1965 e do obscuro contrato com a Time-Life que feria a Constituição brasileira, firmou-se como grande empresa, cujo modelo de gestão, centralizando toda a produção da emissora em seus núcleos, coincidia com a visão modernizadora que o governo militar buscava implantar no país.
Flávio Cavalcanti tornava público idéias tais como a defesa da censura, o combate ao comunismo, a amizade com presidentes militares e pessoas como Mariel Mariscott, policial do esquadrão da morte. O ano de 1973 marca um incidente que culmina com sua suspensão por 60 dias pela censura federal.
Flávio era um defensor inconteste da ditadura que se implantara no país e um canal privilegiado para a divulgação dos feitos governamentais. Seus problemas com o governo advieram do erro na dose levada ao ar, por vezes exagerada, e não de divergências ideológicas ou qualquer tipo de ousadia, que absolutamente não eram do feitio do apresentador.
Quando a Tupi é fechada, em agosto de 1980, após anos de crise que culminou numa greve de funcionários, que contou com a participação de Flávio Cavalcanti, seu sucesso já não era o mesmo e sua passagem por outras emissoras, não teve o brilho que o consagrou décadas anteriores.
Em 22 de junho de 1986, após repetir centenas de vezes a frase-performance “nossos comerciais, por favor!”, que se fazia acompanhar por um gestual preciso, voz-forte e coreografia milimetricamente executada, Flávio Cavalcanti deixa o palco e seu auditório, sendo rapidamente substituído por Wagner Montes, depois de sofrer um ataque cardíaco durante o programa. Fechava-se, dramaticamente, a vida de um homem polêmico, que foi presença marcante desde os primórdios da televisão brasileira.
Força Bruta x Razão: MPB amordaçada
Diante da força dos festivais da MPB, no final da década de 1960, o regime militar se viu ameaçado, movimentos como a Tropicália com a sua irreverência passou a incomodar os militares. A censura passou a ser a melhor forma da ditadura combater as músicas de protesto e de cunho crítico que pudesse extrapolar a ideologia dominante e amiga do regime.
Com a promulgação do AI-5, em 1968, esta censura à arte institucionalizou-se. A MPB sofreu amputações de versos em várias das suas canções, quando não eram totalmente censuradas.
Para censurar a arte e as suas vertentes, foi criada a Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP), por onde deveriam previamente, passar todas as canções antes de executados nos meios públicos. Esta censura prévia não obedecia a qualquer critério, os censores poderiam vetar tanto por motivos políticos, ou de proteção à moral, como por simplesmente não perceberem o que o autor queria dizer com o conteúdo. A censura além de cerceadora era de uma imbecilidade jamais repetida na história cultural brasileira.
Marcado como Ato mais voraz do Regime Militar, o AI-5 dá ao governo o direito de determinar medidas repressivas específicas, como decretar o fechamento do Congresso, das Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais. Permitia, ainda, cassar mandatos políticos e tirar quaisquer direitos individuais.
Alguns representantes da MPB eram vistos pelos militares como inimigos do regime, entre eles, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Taiguara e Geraldo Vandré.A intervenção de Caetano Veloso era mais no sentido da contracultura do que contra o regime militar. Os tropicalistas estavam mais próximos dos acontecimentos do Maio de 1968 em Paris, do que das doutrinas de esquerda que vigoravam na época, como o marxismo-leninismo soviético e o maoísmo chinês. Mas os militares não souberam identificar esta diferença, perseguindo Caetano Veloso e Gilberto Gil pela irreverência constrangedora que causavam.
Geraldo Vandré tornou-se o inimigo número um do regime militar. A sua canção “Caminhando (Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores)”, que ficou com o polêmico segundo lugar no Festival Internacional da Canção, em 1968, tornou-se um hino contra a ditadura militar, cantado por toda a juventude engajada do Brasil de 1968. Esta canção, afirmam alguns analistas de história, foi uma das responsáveis pela promulgação do AI-5. Ficou proibida de ser cantada e executada em todo país. Só voltaria a ser ressuscitada em 1979, após a abertura política e a anistia, quando a cantora Simone a cantou em um show, no Canecão. Perseguido pelo regime, Geraldo Vandré esteve exilado de 1969 a 1973. Após o exílio, jamais conseguiu recuperar a carreira interrompida pela censura da ditadura militar. Calava-se uma expressiva carreira emprestada ao combate à ditadura.
Taiguara, uma das mais belas vozes masculinas da MPB, interpretou com maestria diversos gêneros musicais. Foi um dos cantores que mais se opôs contra a repressão da ditadura militar. Sua obra pagou o preço da perseguição e da censura. Deparou-se com a atenção da censura em 1971, que esteve atenta às canções do álbum “Carne e Osso”. Em 1973 teve 11 músicas proibidas. Perseguido pela censura, Taiguara teve muitas das suas músicas assinadas por Ge Chalar da Silva, sua esposa na época. Exilado em Londres, Taiguara gravou o álbum “Let the Children Hear the Music“, em inglês. O disco foi proibido de ser lançado, pela EMI, por decisão da Polícia Federal Brasileira. O compositor recorreu ao Conselho Superior de Censura, em 1982, tendo o disco finalmente liberado.
Tendo silenciado e asfixiado Geraldo Vandré, os militares elegeram o seu novo inimigo do regime: Chico Buarque de Holanda. No período que durou a censura e o regime militar, Chico Buarque foi o compositor e cantor mais censurado. A sua obra sofreu respingos da censura em todas as vertentes, tanto nas canções de protesto, quanto nas que feriam os costumes morais da época.
Os problemas de Chico Buarque com a censura começaram junto com a sua carreira. Em 1966, a música “Tamandaré”, incluída no repertório do show “Meu Refrão”, com Odete Lara e MPB-4, é proibida após seis meses em cartaz, por conter frases consideradas ofensivas ao patrono da marinha. Era o começo de um longo namoro entre a censura e a obra de Chico Buarque.
Exilado na Itália, de 1969 a 1970, Chico Buarque sofreria com a perseguição da censura após o retorno ao Brasil. Em 1970, recém chegado do exílio, o compositor enviou a música “Apesar de Você” para a aprovação da censura, tendo a certeza que a música seria vetada. Inesperadamente a canção foi aprovada, sendo gravada imediatamente em compacto, tornando-se um sucesso instantâneo. Já se tinha vendido mais de 100 mil cópias, quando um jornal comentou que a música referia-se ao presidente Médici. Revelado o ardil, o exército brasileiro invadiu a fábrica da Philips, apreendendo todos os discos, destruindo-os. Na confusão, esqueceram de destruir a matriz.
Em 1973 Chico Buarque sofreria todas as censuras possíveis. A peça “Calabar, ou o Elogio à Traição”, escrita em parceria com Ruy Guerra, foi vetada pela censura. As conseqüências da proibição viriam no seu álbum, “Calabar”, também daquele ano. A capa do disco trazia a palavra “Calabar” pichada num muro. Os censores concluíram que aquela palavra pichada tinha um significado subversivo, o que resultou na proibição da capa. A resposta de Chico Buarque foi lançar o álbum com uma capa totalmente branca e sem título.
Naquele ano de 1973, a música “Cálice” (Chico Buarque – Gilberto Gil), foi proibida de ser gravada e cantada. Gilberto Gil desafiou a censura e cantou a música em um show para os estudantes, na Politécnica, em homenagem ao estudante de geologia da USP Alexandre Vanucchi Leme (o Minhoca), morto pela ditadura. Ainda naquele ano, no evento “Phono 73”, festival promovido pela Polygram, Chico Buarque e Gilberto Gil tiveram os microfones desligados quando iriam cantar “Cálice”, por decisão da própria produção do show, que não quis criar problemas com a ditadura.
Em 1974, a censura não dá tréguas ao artista. Impedido de gravar a si mesmo, Chico Buarque lança um disco, Sinal Fechado (1974), com composições de outros autores.
Diante de tantas canções vetadas, a sofrer uma perseguição acirrada, Chico Buarque cria os pseudônimos de Julinho da Adelaide e Leonel Paiva. É sob o heterônimo do Julinho da Adelaide que a censura deixa passar canções de críticas inteligentes à ditadura, lidas nas entrelinhas.
Quando o AI-5 foi extinto, em 1978, Chico Buarque vingou-se dos anos de censura, gravou “Cálice”, regravou “Apesar de Você”, além de criar músicas provocantes, que afrontavam à moral da época, como “Folhetim“, que descrevia uma prostituta, ou “Geni e o Zepelim” e “Não Sonho Mais”, temas de dois travestis, Genivaldo da peça “A Ópera do Malandro” e Eloína, do filme “A República dos Assassinos”, respectivamente.
Na ignorância cega da censura, sem uma lógica que a sustentasse, até o poeta Mário de Andrade foi vetado. O fato inusitado aconteceu em 1970, quando a gravadora Festa decidiu homenagear os 25 anos da morte do poeta, preparando um disco com alguns dos seus mais conhecidos poemas. Após ser submetido à censura, o projeto teve seis poemas proibidos, entre eles “Ode ao Burguês” e “Lira Paulistana”. Os vetos foram justificados pelos censores como estéticos, “falta de gosto”. O que se concluía era que, os censores jamais tinham ouvido falar em Mário de Andrade, confundindo-o com um autor vulgar do Brasil da época.
Outro exemplo eloqüente da ignorância e do despreparo dos censores foi com o compositor e cantor Adoniran Barbosa. Conhecido como o mais paulistano dos compositores, Adoniran Barbosa usava em suas canções o jeito coloquial de falar dos paulistanos. Não querendo problemas com a censura, em 1973 o artista decidiu lançar um álbum com várias canções já gravadas na década de cinqüenta. Inesperadamente, cinco das suas canções foram vetadas, mesmo não sendo inéditas.
Como já se pôde observar, a censura da ditadura militar não obedecia a nenhum critério. Qualquer ameaça não só ao regime por ela imposto ao país, como à sociedade conservadora que a ajudou a ascender ao poder e nele continuar por mais de duas décadas. Vestido de uma moral hipócrita, o regime militar barrava qualquer obra que suspeitasse ofender a moral, ou que se mostrasse obscena a essa moral. Em um mesmo contesto, tanto Chico Buarque, quanto Odair José, um cantor e compositor de sucessos popularescos, sem vínculos com qualquer militância política, ou mesmo o genial e popular Genival Lacerda, sofriam os reveses da censura.
Dentro de um processo repressivo, todos os argumentos tornam-se incoerentes, a razão é substituída pela força bruta. A censura não constrói uma lógica, muitas vezes ela percorre movida pelas decisões pessoais dos censores. Para manter as necessidades de uma ditadura, a censura fazia parte da arma de propaganda do estado repressivo, podava a liberdade de expressão, principalmente as que feriam os princípios que justificam um governo ilegítimo, emanado da força, da opressão e da traição aos princípios da democracia.
Amaral Netto, o repórter da ditadura
Fidelis dos Santos Amaral Netto, jornalista e deputado federal, conhecido do grande público durante a década de 70 pelo programa na Rede Globo, "Amaral Netto, o Repórter". Com equipamento sofisticado para a época, alcançava as mais longínquas regiões do país e divulgava as obras do regime militar.
Na vida política, Amaral Netto elegeu-se como deputado no Rio de Janeiro para oito mandatos com uma única plataforma – instituir a pena de morte. Ele apresentou uma emenda constitucional que propunha um plebiscito para implantar a pena de morte para seqüestradores, ladrões e estupradores que assassinassem suas vítimas. O plebiscito, um instrumento mais direto de consulta popular, foi rejeitado pelos que se afirmavam democratas e contrários à pena capital. A ofensiva contrária revelou uma realidade pouco admitida por seus desafetos: a pena de morte teria grande chance de ser aprovada se fosse submetida a um plebiscito popular. Líder do antigo PDS na Constituinte, Amaral Netto foi um dos mais barulhentos porta-vozes da direita e defendia os governos militares com ardor.
Membro do MDB em 1967, Amaral Netto, atuava em dobradinha com Mario Covas, de quem veio a ser o maior adversário, na década de 1980. Amaral faleceu aos 74 anos, em 17 de outubro de 1995.
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Memórias do Açoite
Outra forma de tortura era o “Golfinho”. A vítima era colocada em uma caixa d'água com dois fios de eletricidade. Com a corrente elétrica, o torturado se contorcia como um golfinho. A “Geladeira” era outra prática de tortura, os presos ficavam pelados numa cela baixa e pequena, que os impedia de ficar de pé. Depois, os torturadores alternavam um sistema de refrigeração superfrio e um sistema de aquecimento que produzia calor insuportável, enquanto alto-falantes emitiam sons irritantes. Os presos ficavam na "geladeira" por vários dias, sem água ou comida.
Atualmente, vários grupos denunciam e processam os agentes da totura no Regime Militar, como o Grupo Tortura Nunca Mais e o Fórum Permamente dos Ex-Presos e Perseguidos Políticos do Estado de São Paulo. Como resultado dessa luta, recentemente, o Coronel Alberto Brilhante Ustra foi condenado moral e politicamente por torturar cinco pessoas da família Teles, incluindo duas crianças nas celas do DOI-Codi (Departamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna).
A condenação do Coronel Ustra é apenas um pequeno passo, muito ainda deve ser feito. Vários torturadores continuam impunes de seus crimes. Nunca devemos esquecer desse período obscuro da nossa história. Não para lembrar das dores sofridas pelos torturados, mas para não permitir que essa dor volte a fazer parte da vida dos brasileiros. Tortura Nunca Mais!
Colaboradores
terça-feira, 25 de novembro de 2008
"Sejam mais éticos e expulsem o sensacionalismo do jornalismo brasileiro", aconselhou Zuenir Ventura aos jovens
Cheguei pouco antes da entrega dos prêmios começar, com um certo frio na barriga já que fiz poucas entrevistas em minha curta carreira jornalística. Minha intenção era entrevistar Zuenir Ventura, jornalista e escritor que atualmente é colunista na Revista Época e do jornal O Globo, mas em meio a tantos jornalistas renomados – como Caco Barcellos, Carlos Dorneles, Adriana Araújo, Ricardo Kotscho, entre outros – é impossível não entrevistar mais pessoas.
Minha primeira pergunta foi em relação as expectativas de Ventura quanto à nova geração de jornalistas. Zuenir me respondeu que está otimista com as novas gerações, pois esta tem maior acesso à informação e às novas tecnologias, ajudam bastante na comunicação.
Ventura tinha acabado de receber o Prêmio Especial da ONU, era evidente sua alegria, sua felicidade naquela noite tão especial. Continuei a conversa perguntando se apesar de ser um jornalista experiente, e de já ter ganho um Prêmio Vladimir Herzog, em 1989, ele ainda se sentia nervoso em grandes eventos e premiações. Com muito bom humor, Zuenir me respondeu que não importam os anos de experiência, receber prêmios sempre será especial e o famoso “friozinho na barriga” será presença certa.
Para finalizar – até porque outros estudantes queriam entrevista-lo, também, e já estavam me olhando de cara fechada – perguntei se ele tinha algum recado para mandar aos alunos de jornalismo. Em tom de despedida, Zuenir cobrou: que as próximas gerações de jornalistas sejam mais éticas, e que possam banir o sensacionalismo do jornalismo atual.
O Brasil amordaçado de Amaral Netto
A Globo, emissora hegemônica, nas mãos de empresários, soube navegar nesse mar de ambigüidade por se colocar como líder do processo dessa modernização conservadora da vida brasileira: o ideal do progresso material sem distribuição de renda, vendido como ideologia por um elenco de astros, inimaginável em qualquer outro espetáculo brasileiro. Tal cumplicidade criou condições para o aparecimento de repórteres aduladores do governo autoritário. Esta relação tornou-se comum em algumas emissoras na década de 1970 e foi chamada de função "Amaral Netto".
A escolha dos profissionais que deveriam assumir cargos importantes nas empresas jornalísticas sempre estava sujeita ao veto dos órgãos de segurança. É ilustrativo o depoimento do Ministro da Justiça Armando Falcão (1973-1979), afirmando que o empresário Roberto Marinho, dono da Rede Globo, nunca havia lhe dado nenhum trabalho nem lhe ocasionado nenhum incômodo na veiculação das notícias e na cobertura dos fatos.
Os documentários enviavam para dentro das casas imagens de um Brasil quase lenda, uma terra mal conhecida e nem sequer concebida. De certo, sabemos apenas que o repórter esteve lá. Nos confins do imaginável, mostrando a verdadeira face de regiões que permaneciam envoltas em mistério e fantasia.
O clima é bem próximo do que vemos ainda agora nos filmes de natureza, com uma mistura de suspense e heroísmo, iniciado mesmo antes da chegada ao objetivo do programa, já nos percalços que esperam a equipe de Amaral ao longo de sua jornada ao mistério, com o perigo da própria vida. Amaral, porém, arrisca tudo, vence e "esteve lá". Ainda que com a ajuda de aviões da FAB, corvetas da marinha, experts de militares para dar a palavra "científica" final sobre o Brasil desconhecido. E, é claro, Amaral chega lá com suas câmeras e aparato tecnológico.
Todos esses elementos concatenados instituíram um olhar agressivo sobre a natureza brasileira, plenamente integrado ao momento político e ao estágio de aprimoramento tecnológico que o país atravessava. Em suma, um narrador agressivo, buscando tornar inteligível um espaço hostil e exuberante, uma alegoria de Brasil forjada pelas elites de então, também agressivas. Essas elites acreditavam estar realizando um grande salto econômico e tecnológico, a grande modernização conservadora. Nesse ideário delirante, Amaral é quase um poeta embriagado, transmitindo informações e promessas inverossímeis e espetaculares.
Gostem ou não os herdeiros e os defensores entusiasmados da Globo, a verdade é que a história da emissora se confunde com a ditadura no Brasil. A proximidade do empresário com o regime militar passou, mais de uma vez, dos limites do razoável para constituir sua alma publicitária. A intimidade foi de tal ordem, que se dizia, não sem razão, que a Globo, virtualmente, dividia o governo do Brasil com os generais. E, para fixar na mente do brasileiro o emblema daqueles tempos, será, certamente, o programa "Amaral Netto, o Repórter", apoiado nas imagens da natureza selvagem domada pela violência militar, que reproduzirá o lema-inscrição da ditadura: “Brasil, ame-o ou deixe-o”.
domingo, 23 de novembro de 2008
Flavio Cavalcanti e Amaral Netto: amigos da ditadura?
Flavio Cavalcanti e Amaral Netto influenciaram com suas ideologias pró- ditadura, ganhando aceitação do público. Segundo a Dra. Maria José Guerra, a classe média brasileira esconde a sua “simpatia” pelo regime militar. Desde a criação da nova classe, atualmente denominada de classe média, há um ranço direitista, na defesa de direitos constitucionais, como educação de qualidade, saúde de qualidade, mas por meio da defesa de regimes totalitários. Foi a busca aos direitos contra a classe burguesa que essa massa colocou Getúlio Vargas no poder.
Atualmente, não é diferente, não nos surpreende ouvirmos de nossos familiares frases de apologia ao regime militar.
A verdade é que a classe média brasileira é extremamente conservadora. Nos anos 1960 e 1970, essa classe viu através da TV duas pessoas concordando com seus pensamentos, ela começou a se interessar pelos programas de Amaral e Flávio. Os programas Flávio Cavalcanti e Amaral Netto eram o espelho cultural e sociológico da classe média brasileira naquele momento. Para Wright Mills, as doutrinas e a ideologia do mundo ocidental não traz totalmente a libertação do ser humano. No caso de Flavio e Amaral, o povo brasileiro era facilmente manipulado, não é muito diferente nos dias de hoje.
Apesar do incidente ocorrido na TV Tupi, nos anos 1970, em que Flávio fica fora do ar por 2 meses acusado de proteger a atriz Leila Diniz, após ela ter dado uma entrevista ao “Pasquim”, jornal esquerdista. Leila era um dos jurados do programa de Flávio e, após saber da voz de prisão dos militares, ele abrigou-a na sua casa em Petrópolis, o que resultou na suspensão do seu programa.
Flávio Cavalcanti ajudou na proliferação da ditadura por ser um conservador nato. Ele sempre defendia o regime militar em seu programa, fato esse que ajudava na consolidação da ditadura brasileira. Não somente ele, mas Amaral Netto cresceu no jornalismo da TV enaltecendo obras do governo militar nos lugares mais remotos do país. Amaral mostrava um país perfeito enquanto o mundo se digladiava na Guerra Fria. Com apoio do governo, Amaral usava equipamentos de primeira linha nas suas reportagens.
Mesmo sendo a favor da ditadura, Flávio Cavalcanti tinha uma grande inimiga durante a sua vida profissional e essa ironicamente também cresceu durante o governo militar, a TV Globo. Flávio e a Rede Globo, apesar de terem os mesmos pensamentos, eram rivais de audiência pelo fato do Flávio ter comprado um horário da TV Tupi o que irritou a emissora de Marinho.
Flávio e Amaral mostravam para o público as características positivas do Brasil como se estivéssemos mergulhando em um mar de rosas. Mesma manipulação não muito distante dos nossos dias. Enquanto isso, a sociedade que quer ser grande e rica, ainda que repleta de preconceitos e autoritarismo, assiste atônita essa roda-viva.
Erro pensar que o país pode mudar e que esse processo será do dia pra noite.
Afinal, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais....
QUANTO VALE A ARROBA?
Chamá-los de incorrigíveis é reduzir esta persistência a uma compulsão pela imoralidade. Seria uma forma de minimizar o fenômeno e retirar dele o aspecto sistêmico, institucional e impunitivo.Os trambiques de Naji Nahas já têm quase duas décadas, Daniel Dantas protagoniza o noticiário dos escândalos há três lustros e o novato Celso Pitta enrosca-se em negócios escusos há quase oito. E nosso ministro preocupa-se com o trabalho - sério e profissional - do delegado que tenta apenas cumprir suas funções.
A culpa pela impunidade não é da imprensa, mesmo se quisesse não poderia acompanhar todos os escândalos simultaneamente. O que é divulgado é apenas uma pequena parcela do que eles - os parlamentares e empreiteiros - roubam dos cofres públicos. É divulgado na mídia porque alguém delata. Mas não se iluda achando que o delator é um cidadão de bem, com boas intenções para melhorar nosso país e defender seus direitos. Não! O delator entrega porque não participou da partilha do roubo, do golpe contra o dinheiro público e então se torna um delator insatisfeito, magoado e vingativo.
As sucessivas reprises e repetecos têm causas bem definidas: a lentidão da Justiça, que leva uma eternidade para dizer quem é inocente e quem é culpado, e a fascinação de grupos próximos ao poder pelos "gênios" políticos e financeiros que se infiltram nos gabinetes com idéias mirabolantes.É preciso não esquecer que o mensalão, onde começou o novo capítulo da biografia de Daniel Dantas, foi criado por outro gênio, o lobista Marcos Valério, por sua vez estimulado pelos gênios que pretendiam criar num passe de mágica uma maioria no Congresso. Escândalo que foi parar em algum freezer petista no fundo de uma garagem parlamentar.
O escândalo da Varig resultou da preguiça das autoridades em encontrar uma solução rigorosa e honesta para salvar a companhia aérea. No maior acidente aéreo do país, o voo da TAM que caiu em São Paulo, procura-se uma forma de enquadrar os incompetentes ao codigo penal. Simples! 199 homicídio doloso. Ponto!
Zuleido Veras, o dono da Gautama, inventou um nome místico para uma fabulosa engenharia sem obras com o apoio dos "Partícipes Trambiqueiros".Atrás de cada escândalo há um fraudador brilhante, criativo e um séquito de advogados, executivos e políticos fascinados pela facilidade em embolsar indevidamente grandes quantias.
A imprensa só tem uma culpa: a de não conseguir trazer aos olhos de todos, todas as falcatruas, conchavos, acertos ilicitos que nossos parlamentares, na calada da noite, nos becos úmidos aos cochichos se organizam. Como um dia cantou Zé Ramalho:
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal..."