sábado, 27 de setembro de 2008

As pedras falam







Foto de um menorah. Set/08. Site do Masp.









Fui numa terça-feira, dia de gratuidade. Não dá pra apreciar com calma e ler todas as explicações que a curadoria deixa adesivada na parede como eu gostaria, devido à quantidade de pessoas. Mas, foi uma viagem. Senti-me “imersando” na Palestina, numa experiência quase sensorial: cheiros, sons e imagens de um Oriente antigo...


Logo na entrada, há fotos atuais de pessoas trajadas tipicamente em tamanho grande, iluminadas, contrastando com o corredor sombrio daquele subsolo do Masp. Inicia-se uma escada. Dessas de pedra, degraus baixos e espaçados, cortinas laterais com arabescos e músicas judaicas. Entro num outro mundo...


Ali começa, literalmente, o caminho das pedras. O que a Palestina tem de mais abundante? São nelas que estão registrados séculos de história, arte, emoção... são nelas que os judeus começam sua história, para onde os muçulmanos dedicam sua devoção diária e de onde os cristãos se espalham para divulgar o evangelho. Terra com idade, com lutas, com marcas...


Vejo o selo de Jeremias e Jezabel. Selos eram como carimbos em anéis cujo rei outorgava uma lei. São pedras talhadas pequeninas. Sempre tive a curiosidade de conhecer... E as talhas? Dá pra entender um pouco a grandeza das festas na época de Jesus. Eram vasos enormes de pedra feitas para armazenar o vinho. Até imagino a cena da transformação da água nas bodas de Caná... E os objetos semelhantes aos da última ceia? Visualizei o quadro de Leonardo da Vinci. Ah, ainda tem a inscrição de Pôncio Pilatos. Sim, as pedras mostram que ele realmente existiu...


Foto com a inscrição de Pilatos. Set/08. Site do Masp.



A exposição é pequena mas reveladora. Vai de Davi (cerca de 800 a.C) até por volta do século IV d.C. e agrada a vários públicos. Os engenheiros se admiram com as colunas e a maneira como eram erigidos os grandes templos. Os arquitetos se emocionam com os mosaicos decorados e inscritos. Os geólogos vêem muitas riquezas naturais. Os historiadores notam os registros dos povos. Os teólogos, ah, estes choram...


Acredito que o melhor da exposição é tornar vívidos fatos que lemos nos livros de História, na Bíblia ou já ouvimos falar, fazendo com que fiquemos de frente para nós, saindo do mundo das idéias que, inconscientemente departamentalizamos em nossa mente, e trazendo para o nosso mundo real e palpável, objetos de uma terra misteriosa, de um povo místico, de uma fé enérgica...


Sim, são pedras. Naturais, entalhadas, aglomeradas... mas, para mim, são vivas. Fazendo uma alegorização com as palavras de Cristo em Lucas 19:40: “se eles se calarem, as pedras clamarão”. E essas, de fato, falam...


Exposição Tesouros da Terra Santa
Masp (Museu de Arte de São Paulo)- Av. Paulista (metrô brigadeiro)

Horário : das 11 às 18:00 h. Não funciona nas segundas-feiras
Preço: R$ 15,00 inteira e R$ 7,00 para estudantes. Gratuidade nas terças-feiras.

Um comentário:

Mary'S Pimentel disse...

Parabéns Cibele!
Um otimo texto e uma bela interpretação da exposição, fiquei com vontade de ir!
Abraços!