quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

O Grande Prêmio

ENTREVISTA DE EDUARDO SUPLICY NO PRÊMIO WLADMIR HERZOG

Importância da manutenção da democracia, premiação para os trabalhos jornalísticos que mais se destacaram em defender os direitos humanos, destaque à família Erzogue, em especial à Wladmir Erzogue, morto pela ditadura. Estes foram os ingredientes do prêmio Wladmir Erzogue de direitos humanos 2008, e dentre os ícones presentes na premiação, pude conversar com o senador Eduardo Suplicy, que, de forma gentil e simpática, atendeu a equipe da Cruzeiro do Sul para um bate-papo sobre a importância do jornalismo e de eventos como este para a manutenção de nossa democracia.

Eduardo Suplicy mencionou que o prêmio Wladmir Erzogue é de extrema importância para o incentivo a novos profissionais do jornalismo. Que as premiações agregam valor ao trabalho dos estudantes, pois percebem a importância efetiva da liberdade de expressão e de suas matérias como serviço de utilidade pública.

Sobre a importância de prêmios como o Wladmir Ezogue de direitos humanos para a manutenção de nossa memória, o senador afirmou que relembrarmos um período onde a liberdade de expressão nos foi retirada e tantas violências foram praticadas é essencial para não deixarmos este tipo de Estado voltar à tona, para mantermos e valorizarmos nossa democracia.
Ao final de nossa conversa, Suplicy destacou a importância do jornalismo em nosso país, denunciando, promovendo a democracia, dando voz ao povo. Disse que vê o jornalismo brasileiro como um dos melhores do mundo. E com um simpático sorriso e firme aperto de mão, Eduardo Suplicy se despediu de mim desejando boa sorte aos alunos de jornal.


POSTADO POR RODRIGO LEITE

domingo, 7 de dezembro de 2008

Viola que chora...

A música caipira, com a “cara” do Brasil, encerra em si sentimentos tristes e alegres, buscando expressões do mais simples e ingênuo até a malicia e irreverência do homem do campo que, com respeito busca suas origens e explode trazendo o dia-a-dia. Em momentos suas histórias cantadas nos fazem lembrar do teatro trágico grego ou ainda shakesperiano, onde desencontros amorosos, por exemplo, terminam em tragédia.
A viola tocada com emoção, muitas vezes sem técnica ou tecnologia, é o canto emocionado do homem da terra que dela tira seu sustento e sua força, sua nostalgia, inquietude e expressões que revelam a imensidão de sua alma.
É no ponteado que se refletem as batidas de seu coração e registram sua espontaneidade de alma pura e simples de homem, que usa seus sentimentos como bússola para orientar seus hábitos, costumes e colheitas.
Os versos cadenciados em oito silabas, rimando linhas pares, fizeram clássicos da música caipira e chegaram aqui nas primeiras caravelas, passando pela mestiçagem dos indígenas e africanos, ajudando a criar formas peculiares de cantos e danças, como o catira, o qual juntou-se o pagode, ritmo mais recente criado pelo saudoso Tião Carreiro, e a moda de viola - fábula novelesca de uma literatura musicada que traz histórias de irmãos, amigos, amantes, crenças e descrenças e, especialmente, amores/desamores; venturas e desventuras de seres buscando serem felizes que, valorizam cada objeto, animal, cultura...
A moda caipira pode ser considerada “branca”, afinal mistura pensamentos, cultura e afetos de costumes e sentimentos do sertão.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Entrevista Ivo Herzog durante entrega do prêmio Vladimir Herzog

Foto de Wagner Luis Solà. Ivo Herzog durante entrega do prêmio Vladimir Herzog


1) Ivo qual a importância deste prêmio para a memória do Vlado?

É sempre relembrar o trabalho que ele fez, a preocupação que ele tinha, a questão com a ética, questão com a preocupação com as outras pessoas com a dignidade, direito a liberdade de expressão das pessoas.

2) 33 anos depois do assassinato do Vladimir você acha que essa nova geração de jornalistas que se formam nas universidades, eles compreendem aquilo que aconteceu naquela época, aquilo que seu pai viveu?

Eu acho que eles compreendem só, que acho que tem um sistema de massificação de mídia e que às vezes força uma pauta editorial que não é naquela direção, foi um ponto que tentei colocar hoje, muito jornalismo comercial que vai muito pouco fundo nas questões que são tocadas e ficam só preocupado com o sensacionalismo, em mostrar tragédias em criar um Big Brother jornalístico mas do que fazer uma matéria com responsabilidade trabalho investigativo.

3) Muitos paises da América do Sul já puniram ou estão punindo os ditadores e torturadores de seu regime militar, como é que você vê o Brasil que até hoje parece que faz vista grossa para tudo isso ?

A gente não gosta de saber que tem pessoas que foram criminosos e ainda estão ai vivendo em cima da máquina do Estado, usando os impostos que agente pagou. Eu não acho que isso seja uma questão prioritária eu nunca me preocupei. Eu prefiro olhar pra frente do que olhar pra traz.

4) Foi aceita uma ação contra o Cel. Carlos Alberto Ustra da família teles, ele que foi o comandante do DOI-CODI, a família Herzog já deve ter entrado em várias ocasiões contra o Estado??

Tem uma ação sendo movida pela Procuradoria Geral da República, vai demorar uns 10, 15, 20 anos pra ser julgada, que é mais uma questão de ser uma referência para outras ações, do que eu falei uma prioridade, a grande ação que a família moveu foi promulgada a sentença a mais de 20 anos atrás que era uma questão de mostrar que a União foi responsável pela morte de meu pai. Não era nada indenizatório, nada disso, era só uma questão de responsabilidade e esse processo já se concluiu há bastante tempo.

5) Estou aqui com o neto do Vladimir Herzog, filho do Ivo Herzog, qual o seu nome?

Lucas.

6) Lucas como você vê toda essa homenagem feita para seu avô com os 30 anos do prêmio Vladimir Herzog?

Eu acho muito legal sempre venho. Gosto de entregar os prêmios tem o negócio de respeito da família, eu acho legal.




Postado por Antônia Cristína Romano com login de Wagner Luis Solà.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Retrato da realidade pelo fotógrafo Luiz Gonzaga Alves Vasconcelos

No dia 27 de outubro aconteceu a 30° edição do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Entre várias categorias jornalísticas, estava a da fotografia, cujo vencedor foi Luiz Gonzaga Alves de Vasconcelos.

Vasconcelos é fotojornalista e cobre a região da Amazônia há mais de 35 anos pelo jornal “A Crítica” de Manaus. A imagem que lhe rendeu o prêmio foi “Índio perde guerra” que mostra uma mãe com seu bebê no colo resistindo à tropa de choque.
Dos 35 anos de trabalho, 15 foram na área policial. Luiz já enfrentou diversas dificuldades por causa de sua profissão, a maioria delas resultado de censura, mas mesmo assim, nunca perdeu o gosto pelo trabalho.

Qualquer um que visse sua (assumida) falta de jeito diante de uma entrevista não imaginaria o tamanho de sua coragem, mas suas fotos e histórias falam por si mesmas.







Que influências um prêmio como este traz para sua carreira?
Olha, pra mim foi tudo, sabe? Eu nem esperava chegar aqui pra ser homenageado. Então, pra mim, é uma alegria muito grande, uma satisfação imensa estar aqui com pessoas que estão acostumadas a receber vários prêmios. Tenho que agradecer a Deus por ter chegado a pelo menos um prêmio e por estar aqui, pois sei que chegar aqui não é muito fácil, não.
Estou há 34 anos trabalhando no jornalismo e já estou até pensando em me aposentar, fazer como jogador de futebol, aproveitar enquanto estou no auge.

Que tipos de desrespeito aos direitos humanos você procura retratar em seu trabalho?

No caso desta fotografia, é a maneira como a polícia trata as pessoas que deveriam ser tratadas de outra maneira. Uma semana antes daquela foto eles tinham retirado o pessoal que estava numa invasão, havia mais de 20 etnias de índios ali. Eles maltrataram as pessoas e como não sei se houve a presença da imprensa nesse dia, ficou por isso mesmo. No dia daquela foto eles usaram a força, mesmo sabendo que a imprensa estava ali.

Como é, ainda hoje, trabalhar em meio à tentativa de censura na região de Manaus?
Eu acho que, em nossa região, cada dia que passa está mais difícil, porque até com a própria imprensa eles maltratam as pessoas, no momento da fotografia tentam tomar a máquina, tomar o filme ou memory stick, as fitas das câmeras. Eles não respeitam a imprensa, não.

A Revelação da Memória nas mãos de Otávio Bispo de Sousa

A 12ª edição do Revelando São Paulo em 2008 no Parque da Água Branca foi marcada com a presença de diversos artistas da cultura tradicional paulista.

As exposições duraram mais de uma semana e atraiu muitas crianças, jovens, idosos e inclusive, estudantes. Foi uma oportunidade de conhecer a cultura de cada cidade. Os sotaques, culinária, artesanato, pintura e outros.

No dia 19 de setembro o escultor Otávio Bispo de Sousa, 53 anos, de Salesópolis, falou um pouco sobre a sua experiência com esculturas de animais.

O escultor nunca teve a oportunidade de ir à escola. Nasceu e cresceu na Zona Rural e viu o primeiro carro aos 16 anos. Trabalhou por vários anos como lenhador. Suas primeiras esculturas não obteve muito sucesso, porém, entre tentativas e erros, a prática atingiu a perfeição. Hoje, suas esculturas são uma grande atração na Alemanha, México, Austrália e em muitos outros lugares.

Otávio se sente satisfeito em ser reconhecido até mesmo pelas emissoras de tv comercial, mas lamenta a falta de um retorno financeiro. Ele não deixa de produzir a sua arte simplesmente porque faz o que gosta. A ciatividade e dedicação é o que justifica seu talento.

Como Otávio, há outros artistas revelados no Festival de Cultura Tradicional. O Revelando São Paulo revela não só a cultura, mas também a memória dos mais velhos que ainda tem muito o que ensinar aos mais jovens.

"Lutar sempre, vencer às vezes, desistir jamais"

Entrevista com Tatiana Merlino

Em 27 de outubro, em uma cerimônia histórica, a entrega do 30º Prêmio Vladimir Herzog de Direitos Humanos, no TUCA, teatro da Pontifica Universidade Católica de São Paulo, Ivan Seixas, do Fórum dos ex-presos e perseguidos políticos do Estado de São Paulo, fez homenagem à família Teles. Torturados durante a ditadura militar, os Teles ganharam uma ação no Tribunal de Justiça de São Paulo, em que o Estado é obrigado a responsabilizar o comandante do DOI CODI de São Paulo, coronel reformado do Exército, Carlos Alberto Brilhante Ustra, pela série de torturas sofridas por membros da família. O TJ de São Paulo decidiu, no início de outubro, que o pedido dos Teles é procedente.

Também foi lembrado o caso do jornalista Luiz Eduardo Merlino, torturado e morto por agentes da repressão nas dependências do DOI-CODI em 1971, quando tinha apenas 23 anos. No caso Merlino, a ação na Justiça para responsabilizar o coronel pela tortura e morte do jornalista foi extinta sem que fosse julgado o mérito da questão.

A sobrinha de Luiz Eduardo Merlino, a jornalista Tatiana Merlino, também esteve presente na cerimônia, e fala sobre o dever de manter viva a memória e luta contra a ditadura militar.

Qual a importância do prêmio Vladimir Herzog para a luta pelos direitos humanos?
Conheço pouco da história do prêmio. De todo modo, acho importante que haja uma premiação para trabalhos nessa área, e que leve o nome do jornalista Vladimir Herzog, um dos símbolos da luta contra a ditadura militar, grande vítima das violações do período.

Como você avalia a atuação dos jornalistas hoje em relação ao tema dos direitos humanos?
Acho que ainda é insuficiente. Não que não haja matérias que tratem da questão dos direitos humanos nos veículos de comunicação da grande imprensa, mas, muitas vezes, elas não vão ao cerne da questão. Por exemplo: quando se faz uma matéria sobre trabalho escravo no corte da cana, mostra-se a super exploração do trabalho, as condições subhumanas de moradia, alimentação. Mas, raramente vemos a contextualização desse problema: quem está por trás disso. Sabemos que o trabalho escravo no corte da cana é resultado de um modelo de desenvolvimento capitalista adotado no país, priorizando o agronegócio, concentração de renda e de terra.

Há também uma diferenciação em relação aos direitos humanos: quando se trata de violações de direitos humanos de comunidades pobres, sem-terra, índios, ou pessoas que cometeram crimes, o tratamento é diferente de quando a pessoa é de classe média. Quantas vezes não vimos matérias que "absolvem" os violadores, quando a vítima é um presidiário ou um suspeito de cometer um crime?

Como você avalia a posição do governo em relação à responsabilização de torturadores?
Acho que há diferentes posições dentro do governo. Acredito que a posição do ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos é a mais progressista dentro do governo Lula. Tanto ele, quanto o ministro da Justiça, Tarso Genro defendem a responsabilização dos crimes cometidos por agentes do Estado durante a ditadura civil militar, mas não encontram eco de outros setores do governo, e assim, estão isolados.

A postura do presidente Lula em relação ao tema me parece lamentável, pois ele não se posiciona publicamente, além de tentar enquadrar Genro e Vanucchi. Há ainda os setores conservadores, que praticamente se colocam em defesa dos torturadores, como o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes. O Brasil está muito, mas muito atrasado no que se refere à responsabilização dos crimes da ditadura. Nossos vizinhos do cone sul, Argentina, Uruguai e Chile, estão muito à frentre de nós, colocando os torturadores da ditadura no banco dos réus.

O que significou, para você, a extinção da ação na Justiça de São Paulo, que responsabilizava o coronel reformado do Exército, Carlos Alberto Brilhante Ustra, pela tortura e morte do seu tio Luiz Eduardo Merlino?
Foi um choque, uma grande derrota. Considero escandaloso que tenhamos tamanha dificuldade de ganhar uma ação civil declaratória, sendo que, como disse antes, os nossos vizinhos estão colocando os torturadores na cadeia.

Você e sua família pretendem continuar lutando pela responsabilização do ex-coronel Ustra?
Certamente. Estamos entrando agora em dezembro com um recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ), e se perdemos novamente, iremos à Corte Interamericana de Direitos Humanos. No dia que a ação foi extinta, nosso advogado, Fábio Comparato, disse uma frase que tomei como lema para esse caso: "Lutar sempre, vencer às vezes, desistir jamais". É assim que encaramos essa luta.

Você acredita que o fato de a justiça ter reconhecido a ação movida pela Família Teles pode ajudar na ação movida por sua família?
Acho que pode nos ajudar, sim. A sentença da justiça paulista é uma vitória não só dos Teles, mas de todos aqueles que lutam pela responsabilização do coronel Ustra e de outros assassinos, torturadores que permanecem impunes. A vitória deles serve como um precedente, abre jurisprudência para a ação da minha família e de outras famílias que queiram ingressar com outras ações.

A Ciência em Campo Minado

A ditadura militar não poupou nenhum campo da sociedade civil brasileira. Se já não bastasse impedir o livre pensamento político e a manifestação cultural, o duro regime impediu o progresso científico brasileiro, por meio de demissões, aposentadorias e o impedimento de cientistas renomados de exercerem seu trabalho.

O regime militar foi um período marcante na história do país, por toda obscuridade que o cercou, pela repressão e pelo desrespeito aos direitos humanos promovido por aqueles que estiveram a frente do governo da época. O General Camilo Castello Branco, a partir de abril de 1964, que havia prometido uma política democrática, assumiu uma postura totalmente autoritária para impor pela violência o novo projeto de Brasil da burguesia industrial e financeira conservadora aliada à burguesia internacional.

Casos de repressão e tortura foram freqüentes durante a ditadura. A população brasileira sofreu com uma política que não garantia nenhum direito de cidadania.
O período ditatorial afetou vários setores da sociedade, como o campo político, o cultural, o educacional e, inclusive, o campo científico, que exemplifica bem o que a ditadura foi capaz de fazer. O objetivo era reprimir um projeto de Brasil voltado para o desenvolvimento do país livre e soberano.

Como é o caso de alguns professores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo(FMUSP), que durante o regime foram presos, demitidos ou aposentados compulsoriamente, impedidos de exercerem suas funções por suspeitas de envolvimento com movimentos que se contrapunham ao governo militar.

O professor e médico formado em Embriologia e Histologia, doutor Michel Rabinovitch, foi um dos cientistas brasileiros que sofreu com a repressão do regime militar. Ele foi investigado por uma comissão da FMUSP, acusado de ser comunista e de orientar alunos para subversão. Por conta disso, Rabinovitch decidiu sair do país e passou a morar nos Estados Unidos.

Para o doutor, passar por esse processo foi “obviamente desgostoso para não utilizar palavras mais forte”. “O assassinato de Vladimir Herzog e outros me perturbaram bastante”, relata. O professor conta que juntamente com alguns compatriotas nos Estados Unidos, ele tentou denunciar os crimes cometidos na ditadura, porém sem sucesso.

Rabinovitch voltou ao Brasil somente em 1980, com a anistia. Ele conta que recuperou seu cargo por uma hora e foi aposentado pela USP. O professor dirige, atualmente, um laboratório na Escola Paulista de Medicina (EPM), departamento de Micro, Imuno e Parasitologia.

O caso do doutor e professor Erney Plessmann de Camargo, especialista em Parasitologia, também não foi muito diferente. O médico foi demitido de seu cargo e, em seguida, se mudou para os Estados Unidos, onde trabalhou como docente na Universidade de Wisconsin. “O interessante é que o Departamento de Estado americano não fez nenhuma objeção à imigração de um subversivo”, comenta. As pesquisas do ciêntistas estrangeiros favoreciam o desenvolvimento dos EUA no campo ciêntifico, por este motivo eles eram tão bem acolhidos.

Antes da demissão, Camargo e seus colegas se associaram a organizações de intelectuais progressistas dos mais variados tipos sem qualquer vinculação partidária. “Alguns, eu inclusive, estavam próximos do Partido Comunista, mas apenas um ou outro era filiado ao Partido. Tornamo-nos contra o regime militar depois que ele foi instalado, mas até então éramos puramente legalistas e continuamos assim”, relata.

Submetido a um processo junto a Justiça Militar por atividades subversivas, Camargo foi absolvido, mas dois de seus companheiros foram condenados pela Justiça Militar, presos no Navio Raul Soares, e depois libertados.Doutor Erney Plessmann de Camargo voltou ao Brasil a convite da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Porém, ao chegar no país, não tomou posse como docente por causa do Ato Institucional nº5. Ele trabalhou como assessor na Editora Abril, que acolheu muitos intelectuais perseguidos, e trabalhou também em um Laboratório de Análises e na Escola Paulista de Medicina, como professor de Parasitologia.

Em 1985, Camargo resolveu prestar concurso para professor titular na USP, onde foi aprovado e ficou até se aposentar, em 2005. Atualmente, ele é professor Emérito do Instituto de Ciências Biomédicas e também da Faculdade de Medicina, de onde foi demitido em 1964. O médico se dedicou desde o início de sua carreira ao estudo do Trypanosoma cruzi e, até hoje, suas obras literárias são referência obrigatória sobre a doença de Chagas.

Para o doutor Erney Plessmann de Camargo, foi positivo ter participado desta mudança de comportamento. “Confesso que foi um momento histórico de muita curiosidade e questionamento cultural. Foi interessante observar a transformação cotidiana e súbita de um país tradicionalmente conservador”, opina.

A ciência foi vítima do regime militar, tanto quanto a cultura, a educação e a participação política, pois era um dos instrumentos de conquista da soberania brasileira. Ser culto, instruído, produtor de sua própria ciência e tecnologia é o mesmo que ser livre. A ditadura rompeu o projeto do Brasil livre e soberano sonhado nos anos 1950 e 1960 para impor pela violência o projeto de dominação imperialista.

Hoje, as pesquisas realizadas por cientistas brasileiros trazem uma esperança de um país que caminhe com as suas próprias pernas, se desenvolva em prol de toda a sociedade. A ciência a favor da humanidade.

Colaboradores
Ana Paula Oliveira Gomes
Michelle Amaral
Silvia Gonçalves

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A Igreja dos pobres

Assista o filme de Helvécio Ratton baseado no livro de Frei Betto.
Visite também o site http://www.batismodesangue.com.br/

A separação entre religião e política faz parte do ideário republicano. No Brasil, desde o final do século XIX, esta separação habita a república de nossos sonhos. Ao mesmo tempo, bem o sabemos, na história do Brasil real, com variações surpreendentes em termos de perfil ideológico de candidatos e partidos, instâncias da Igreja Católica, denominações evangélicas históricas, líderes das religiões espíritas Kardecistas e afro-brasileiras participaram de acordos eleitorais. Ao longo dos anos, estes “funcionários religiosos” influenciaram a política a partir de seus templos, Igrejas, centros e terreiros sem enfraquecer a “comunidade religiosa”, sem colocar em risco sua razão de ser. Uma condição histórica garantia a ordem das coisas: a hegemonia da Igreja Católica no Brasil. Religião dominante, sem concorrentes à altura para competir na influência política.


João Elias Nery, 45 anos, pós-doutor em Comunicação Social, nos contou um pouco sobre sua experiência pós-regime militar, época em que o fantasma da tortura e de todo o sofrimento passado por professores e amigos mais velhos se refletiu em sua geração. Nery começou na vida política na década de 1970, no período um pouco mais tranqüilo em relação a ditadura. Estudou em um colégio Católico o que lhe proporcionou participar de grandes debates entre a parte conservadora da igreja e a progressista, também participou de grupos de jovens de Igrejas Católicas da Zona Sul, e mais tarde como católico na campanha de fundação do Partido dos Trabalhadores, momento que mais participou da militância católica progressista, ajudando na elaboração de material de divulgação, campanhas para jornais da imprensa alternativa e participação da organização de atos contra o regime e pela democratização.

Sua relação com a Ditadura esta inicialmente ligada a Professores e Amigos que viveram a primeira fase?
Sim. Estudando em um colégio salesiano e trabalhando em uma agência de publicidade na adolescência convivi com professores e publicitários que se envolveram na luta contra a ditadura. Também a participação em grupos de jovens católicos teve essa característica, colocando-me diante dos problemas políticos e econômicos vividos pela população mais pobre da cidade de SP.

Como foi o período ditatorial em sua vida? O que mudou? Quais foram as dificuldades?
A ditadura era algo que pairava acima e além da vida dos brasileiros que levavam uma "vida normal": de casa para o trabalho, do trabalho para casa. Ela estava lá, mas a maioria não percebia. Como diz Chico Buarque "Dormia a nossa pátria mãe tão distraída, sem perceber que era subtraída...". Como membro de uma dessas famílias, acompanhei de longe, ainda na infância o movimento dos militares. Eles nos obrigaram a cantar os hinos, a ter aulas de disciplinas que visavam nos fazer aceitar a ordem estabelecida, a ver a tevê na qual o Brasil era uma ilha de paz em um mundo dividido pela guerra fria. Cresci, virei adolescente e aí vieram os problemas: este livro não pode; aquele filme não é bom para sua formação; o trabalho pastoral deve ajudar as pessoas a entender que o mundo é assim mesmo. A família começou a se preocupar: um comunista na família!!! A solução: chamar o padrinho de crisma, padre, para dar uns conselhos. Não adiantou, pois já tinha entrado no mundo da dúvida, do questionamento. O conservadorismo da família de classe média e dos padres salesianos não foi capaz de alterar isto e, até o final dos anos 1970, me envolvi com atividades lícitas ou não como "área de influência" de grupos políticos.
Quando e como a Teologia da Libertação surgiu em sua vida?
A teologia da libertação surge no âmbito da própria família, que designou um padre das relações familiares para ser padrinho de crisma. Ele não era ligado à teologia da libertação, mas tinha amigos que eram e a igreja que freqüentei no período ficou dividida entre ações assistencialistas e a ação política. No grupo de jovens também aconteceu. A juventude católica envolveu-se diretamente com o movimento e eu "embarquei".

Em sua opinião existia algo semelhante no mundo?
A teologia da libertação é uma leitura engajada, em uma perspectiva crítica, da bíblia. Ela teve grande importância em diversos países, principalmente na América Latina. É uma resposta da igreja católica ao mundo da guerra fria e, como ela, outras religiões buscaram respostas àquela situação. Na cultura ocidental ela é a mais expressiva, mas entre os evangélicos também há movimentos de resistência, como o representado por pastores negros nos EUA, por exemplo. No oriente, há diversas manifestações que emergem no pós segunda guerra, entre japoneses, chineses e no oriente médio. O islamismo que vemos hoje opor-se à política estadunidense é uma resposta à crise de valores do ocidente cristão.
O colégio católico pode ser considerado sua base em relação a sua militância com a teologia da libertação?
Não. os salesianos configuram-se como ordem conservadora na igreja católica. Seu conservadorismo acabou por me levar a buscar respostas diferentes aos problemas que via. As aulas de religião, Educação Moral e Cívica, a extrema disciplina à qual éramos submetidos geraram um inconformismo que a militância na juventude católica com orientação da teologia da libertação foi capaz de superar.
Qual sua visão histórica sobre a Teologia da Libertação?
A teologia da libertação surge em um contexto político no qual a igreja católica faz uma opção "pelos pobres". É uma elaboração teórica a partir da história do século XX, dos conflitos do período pós segunda guerra mundial e indica práticas de envolvimento político dos militantes católicos. Há um filme sobre a revolução sandinista nicaraguense, "Sob fogo cerrado", dos final dos anos 1970, no qual um padre, com o perfil da teologia da libertação, preso pelo governo do ditador Somoza, diz a um jornalista estadunidense também preso: de que lado você está. O jornalista diz que só cobre a guerra, que não tem lado. O padre responde: vá para casa. A teologia da libertação era isso: era preciso escolher um lado.
Atualmente desenvolve algum projeto relacionado á ditadura?
Minha carreira acadêmica tem os anos 1970/1980 com referência, ou seja, pesquiso mídia e sociedade durante a ditadura. No mestrado, analisei o humor gráfico da grande imprensa e da imprensa alternativa; no doutorado, charges no pós-ditadura; recentemente concluí um pós-doutorado no qual estudo a censura a livros na década de 1970.
Qual sua visão sobre a figura do Papa na igreja católica? Apóia ou não o estereótipo formado historicamente?
Vivemos num mundo simbólico. O Papa é um ícone da cultura católica. Mais que um estereótipo, é uma referência de uma cultura estabelecida. Como imagem, cumpre o papel de unificador. Se deixar de fazer isto, a igreja católica se desintegrará. Como não me considero mais católico, apesar da cultura religiosa permanecer como uma referência, não vejo importância na figura papal, com seu conservadorismo explícito.
Como o governo brasileiro reagiu diante da teologia da libertação no período da ditadura militar?
Com o que sabemos por livros como "Batismo de Sangue" ou relatos de padres que sobreviveram às perseguições: violência, intolerância, assassinatos.





    Frei Tito foi preso por participar de um congresso clandestino da União Nacional dos Estudantes em Ibiúna. Foi fichado pela polícia e tornou-se alvo de perseguição da repressão militar. No dia 04 de novembro de 1969, foi preso juntamente com outros dominicanos pelo delegado Sérgio Fleury, do DOPS. Durante cerca de trinta dias, sofreu torturas nas dependências deste órgão. No dia 10 de Agosto de 1974, seu corpo foi encontrado suspenso por uma corda. A causa da morte – suspeita de suicídio – tornou-se um enigma.



BREVE CRONOLOGIA DA IGREJA CATÓLICA

1955 - I Conferência Episcopal Latino-Americana, no Rio de Janeiro/CELAM. Fundação da mesma
1962-1965 - Concílio Vaticano II
1964 - Golpe civil-militar no Brasil
1967 – 26/03 - Encíclica Populorum Progressio, de Paulo VI.
1968 - 26/08 a 06/09 - II Conferência Episcopal Latino-Americana, em Medellín (Colômbia)
1979 - Conferência de Puebla
1980 - Morre assassinado em El Salvador o arcebispo Oscar Arnulfo Romero.
06/8/1984 - “Instrução” da Congregação para a Doutrina da Fé sobre a Teologia da Libertação
07/9/1984 - Imposição de silêncio a Leonardo Boff, um dos principais teólogos da libertação do Brasil.
1999 - Morre Dom Hélder Câmara, criticado pelas direitistas como o “bispo vermelho”, um dos representantes da Teologia da Libertação.


Esteve preso por duas vezes sob a ditadura militar: em 1964, por 15 dias; e entre 1969-1973. Após cumprir 4 anos de prisão, teve sua sentença reduzida pelo STF para 2 anos. Sua experiência na prisão está relatada no livro Batismo de Sangue. O livro descreve os bastidores do regime militar, a participação dos frades dominicanos na resistência à ditadura. Atualmente, Frei Beto é militante de movimentos pastorais e sociais.

Ditadura: Memórias dos Trabalhadores de São Miguel Paulista

Em São Miguel Paulista, Zona Leste de São Paulo, a memória ainda dói

No tempo do "Brasil, Ame-o ou Deixei", quem não tinha carteira de trabalho ia para o camburão, operário comunista acabava morto

Francisco Adenir dos Santos, 53 anos, natural do Paraná, chegou em São Miguel Paulista em 1967

“Para ir a um bar precisava ter a carteira profissional assinada e o holerite do mês. Se não tivesse os militares botavam num camburão, dava voltas com a pessoa e a deixava num lugar distante de onde a encontraram.Os militares batiam na cara de qualquer um, mesmo sem motivo aparente.”

“Havia muitas vagas de emprego. Eu trabalhava na Metal Arte, mesma empresa que o operário Manuel Fiel Filho trabalhou. Manuel foi preso, toturado e assassinado porque era comunista e recebia o jornal Voz Operária. Ele foi morto dia 17 de janeiro de 1976. Os responsáveis disseram que ele tinha se suicidado com suas próprias meias, mas colegas de trabalho afirmam que ele estava de chinelo."

"O DOI-CODI machucava e calava. Colavam adesivos nos carros com o seguinte dizer: Brasil, ame-o ou deixe-o. Ou: Quem não vive para servir ao Brasil, não serve para viver no Brasil.” Era a publicidade do regime militar."

Não lia jornal e assistia pouco a TV, porque trabalhava muito


Geralda Clementino dos Santos, 48 anos, natural da Paraíba, chegou em São Miguel Paulista em 1980


" Eu não sabia o que era a ditadura, não senti o impacto nem testemunhei nenhuma cena. Por conta do trabalho, não lia jornal e assistia pouco a TV, porque trabalhava muito para sustentar a família".

Algumas pessoas que eles pegavam nunca mais eram vistas


Socorro Almeida Santos, 46 anos, natural de Pernambuco, chegou em São Miguel Paulista em 1983

"Eu me recordo que a família comentava comigo. Diziam que os militares faziam motins e que algumas pessoas que eles pegavam nunca mais eram vistas".

Eu tinha que andar com holerite e carteira profissional


Cintra Paulo Maia, 74 anos, natural do Ceará, chegou em São Miguel em 1967.

"Lembro que tinha que andar com holerite e carteira profissional. Não sei quanto tempo isso durou."

Não sei o que foi a ditadura


Maria Rosa de Santana, 67 anos, natural da Bahia, chegou em São Miguel Paulista em 1963

" Não sei o que foi a ditadura".

Qualquer um que falasse qualquer coisa ia preso

Antônio Joaquim de Santana, 72 anos, natural da Bahia, chegou em São Miguel Paulista em 1953

"A ditadura era o militarismo. Vi um rapaz sendo preso. Qualquer um que falasse qualquer coisa ia preso."

Militares usavam cavalos


Margarida Maria de Moraes Cabral, 60 anos, nasceu e ainda mora em São Miguel Paulista


"Lembro que a minha mãe foi até a Praça da Sé e lá havia uma manifestação, militares usavam cavalos... não lembra o ano".

Foi preso porque estava sem camisa


Vanda Borges de Moraes, 59 anos, nasceu e mora em São Miguel Paulista

"O meu irmão foi para um bar jogar e como estava sem camisa ele foi preso. Para soltarem ele, meus pais levaram os documentos. Por sorte o encontraram na delegacia antes de levá-lo para outro lugar".

Eu me casei no ano das Diretas Já

Maria do Socorro Clementino de Souza, 43 anos, natural da Paraíba, chegou em São Miguel em 1980
" A ditadura é o poder militar. Me lembro do movimento Diretas Já, porque foi no ano em que eu me casei, em 1984."

Não testemunhei nada

Manuel Enéias de Souza, 52 anos, natural da Paraíba, chegou em São Miguel Paulista em 1975
"Não sei o que foi a ditadura e não testemunhei nada".

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Saiba como ajudar as vitímas das chuvas em Santa Catarina




A Defesa Civil de Santa Catarina abriu oito contas para receber doações destinadas às vítimas das chuvas no Estado. Os depósitos podem ser feitos no Banco do Brasil, Banco do Estado de Santa Catarina (Besc), Bradesco, Itaú e na Caixa Econômica Federal.


Veja os números das contas:


Caixa Econômica Federal - agência 1877; operação 006; conta 80.000-8
Banco do Brasil - agência 3582-3; conta corrente 80.000-7
Besc - agência 068-0; conta corrente 80.000-0
Bradesco - agência 0348-4; conta corrente 160.000-1
Itaú - Agência 0289, conta corrente 69971-2




Centros de arrecadação




  • A Cruz Vermelha Brasileira e a Comdec (Coordenadoria Municipal da Defesa Civil-SP) anunciaram a criação de postos para arrecadar doações para as vítimas das chuvas que atingem Santa Catarina.A arrecadação vai funcionar 24 horas na sede da Comdec --na rua Afonso Pena, 130, no bairro Bom Retiro--, e na sede da Cruz Vermelha Brasileira --na avenida Moreira Guimarães, 699, no bairro Saúde.Os postos vão receber doações de roupas, calçados, cobertores, fraldas, água potável, material de higiene, alimentos não perecíveis, entre outros.



  • Supermercados da Rede Pão de Açúcar: as mais de 500 lojas do Grupo Pão de Açúcar, que abrangem as redes de supermercados Pão de Açúcar, CompreBem, Sendas, hipermercado Extra e também na rede Assai, presentes em 14 estados brasileiros e Distrito Federal, recebem doações até o dia 7 de dezembro. O material arrecadado será levado à Santa Catarina através do sistema logístico da empresa.


  • A água poderá ser entregue na Defesa Civil dos municípios, além dos órgãos de segurança do governo estadual, como polícias Civil e Militar e Corpo de Bombeiros.


OBS: Todas essas informações foram retiradas da Folha de S. Paulo

domingo, 30 de novembro de 2008

eventos na praia de peruíbe

Peruíbe: Ferverão 2008 Eventos culturais . Os eventos culturais são gratuitos e acontecerão na praia do centro, próximo ao prédio redondo, numa grande tenda montada especialmente para as ações. Entre os dias 4 e 6 de janeiro também acontecerá a Folia de Reis, resgatando a cultura caiçara de Peruíbe. A festa está programada para acontecer no Espaço Cultural Chico Latim, ao lado do prédio da Banda Municipal, no centro da cidade, a partir das 18 horas. Eventos Esportivos . Os eventos são gratuitos conforme programação: * Programação sujeita a alterações GINÁSTICA AERÓBICA Período: de 08 a 31 de janeiro de 2008 Dias: de 3ª feira a domingo Horário: à partir das 10h30min Local: Praia do Centro CAPOEIRA (APRESENTAÇÃO) Período: de 13 a 31 de janeiro de 2008 Dias: Todos os Domingos Horário: 16:00 horas Local: Praia do Centro RECREAÇÃO PARA FREQUENTADORES DA PRAIA Período: de 02 a 31 de janeiro de 2008 Dias: de 3ª feira a domingo Horário: das 09:00 às 18:00 horas Local: Praia do Centro BEACH SOCCER Data de Inscrições: de 20 de dezembro a 07 de janeiro de 2008 Locais de Inscrições: Depto de Esportes e Lazer - Rua José Veneza Monteiro nº 555 - Bairro São João TV Vale das Artes - Av. Padre Anchieta nº 4297 - Nova Peruíbe Congresso Técnico: 08 de janeiro de 2008 às 19:00 horas no Depto de Esportes e Lazer Abertura Oficial: 09 de janeiro de 2008 às 19:00 horas na Praia do Centro Período de Jogos: de 09 a 26 de janeiro de 2008 Horário de Jogos: das 19:00 às 23:00 horas Local de Realização dos Jogos: Praia do Centro FUTVOLEI Período de Inscrições: de 18 de dezembro a 12 de janeiro de 2008 Local de Inscrição: Depto de Esportes e Lazer Data de Jogos: 12 de janeiro de 2008 Horário: a partir das 08:00 horas Local: Praia do Centro BEACH WRESTLING - TORNEIO DE LUTA OLÍMPICA Data: 13 de janeiro de 2008 Horário: das 08:00 às 14:00 horas Local: Praia do Centro TORNEIO DE VÔLEI DE PRAIA Data: 19 e 20 de janeiro de 2008 Horário: partir das 08:00 horas Local: Quiosque do Marcão BEACH BASQUETE Data: 25, 26 e 27 de janeiro de 2008 Horário: das 08:00 às 15:00 horas Local: Praia do Centro

Soninha Francine: tão perto e tão longe

Estava eu, no tuca, passando por um momento super importante em minha vida, entrevistar alguém no Prêmio Vladimir Herzog, deste ano. Parecia algo difícil, mas, aos poucos, fomos eu e meus colegas nos descobrindo, entre tantas pessoas que ali estavam para prestigiar os ganhadores.

Assim que cheguei tratei logo de cumprir minha tarefa, avistei no salão de entrada rodeada de estudantes a ex-candidata à prefeitura de São Paulo, Soninha Francine. Nunca havia visto Soninha tão de perto! Logo me direcionei à ela e tratei logo de lhe fazer perguntas, fiquei nervosa e gaguejei umas dez vezes!!!!!!!! Mas, ela, educadamente, teve paciência, e me respondeu. Gravei no meu MP3, mas ficou horrível e nem eu mesma consegui entender.

Bom não me lembro ao certo das perguntas que fiz, mas gostaria de deixar claro a emoção que foi este evento pra mim, por poder entrevistar pessoas que não imaginava ver tão de perto, não por serem públicas, mas sim pela importância que elas tem.

Na maioria das vezes, nos sentimos inibidos ou com medo de fazer certas coisas, mas temos que entender que seremos jornalistas e que cada tombo que levamos será essencial para a nossa carreira.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

A imprensa alternativa contra a Ditadura


Anos 60, época de mudar o mundo. Liberdade sexual, guerrilha, viagens à lua, mini saia, feminismo, cabelos compridos. O mundo inteiro parecia querer mudar.
Neste cenário, surgiram diversos movimentos sociais com o objetivo de mudar o sistema, um deles foi a Contracultura, um conjunto de manifestações culturais nascidas nos Estados Unidos, que marcou a cultura americana pelas características presentes, como a rejeição aos tradicionais movimentos militantes. Foi uma tentativa de dar conta de uma nova realidade, onde o cenário mundial se afirmava entre ideologias antagônicas (esquerda x direita). Era uma nova leitura crítica sobre os valores da sociedade, fazia críticas à velha esquerda e seu campo de atuação e, assim, esse movimento se espalhou pelo mundo inteiro de diversas formas.

No Brasil, sob regime da Ditadura, implantada entre 1964 e 1985, a influência da Contracultura que contestava velhas idéias e antigos comportamentos foi manifestada por meio de livros, músicas, literatura, jornais, ganhando, assim, um caráter de mudança, a partir da cultura. É assim que nasce a “cultura alternativa”.Os jornais políticos, respondiam por parte deste emaranhado cultural e, pouco tempo depois, esses periódicos seriam conhecidos como “imprensa alternativa”.

A censura provocou um clima para a criação de jornais alternativos. Era a forma mais legítima e criativa da sociedade tomar conhecimento sobre o que estava acontecendo, os graves crimes praticados no Brasil, como as mortes de presos políticos, as formas de torturas, a ostensiva conivência do Estado com grupos nacionais e multinacionais que controlavam a economia, a violação dos direitos humanos, a dívida externa e outros temas de interesse geral da população. O objetivo principal era criticar o cenário econômico e principalmente político, combater a ditadura, o que a grande mídia não fazia por estar atrelada à ideologia dominante.Durante esse período (1964-1980), surgiram em torno de 160 periódicos nos mais variados gêneros e boa parte deles teve poucas edições, logo fecharam as portas pelas condições em que se encontravam.

O apogeu da imprensa alternativa ocorreu entre 1975 e 1977. Os jornais que mais se destacaram nessa fase foram: O PASQUIM, OPINIÃO, MOVIMENTO, VERSUS, SOL, DE FATO, REPÓRTER E EX.
Vamos conhecer um pouco mais sobre alguns deles:

PIF-PAF: Dois meses depois do golpe chega às bancas, dirigido por Millôr Fernandes. Irreverente e humorista, PIF-PAF critica o regime com textos e desenhos que relatavam os presidentes e as principais lideranças do governo.
Quatro meses depois, na 8ª edição, o jornal é fechado. Motivo: publicou uma fotomontagem do presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, como uma das candidatas ao suposto titulo “MISS ALVORADA 65”.

VERSUS: criado pelo jornalista Marcos Faerman, era um jornal voltado para a cultura, arte, história, com reportagens em estilo literário.

REPÓRTER: caracterizado como uma imprensa que perguntava e apontava questionamentos. Sem pertencer a qualquer facção de esquerda.
Os jornais foram apreendidos várias vezes, sob a alegação de reportagens que atentavam a moral e bons costumes.
A edição 35 de 7 de novembro de 1980 tinha como manchete:“SEXO COM A BOCA”, sobre desvio de recursos públicos para o candidato Paulo Maluf, essa edição foi apontada como a razão do fim do jornal. REPÓRTER foi um dos jornais que mais vendeu em bancas.

O PASQUIM: surge em julho de 1969, em meio a um niilismo na imprensa, pois os jornais ainda não haviam se recuperado do AI-5.
Era comandado pela antiga turma do PIF-PAF.
Usava de linguagem debochada, de constatação bastante atrevida para os padrões da época.
Recorde de vendas, 100 MIL exemplares 4 meses depois do seu lançamento. Em 30 de novembro 1970, boa parte da turma foi presa e o jornal censurado. Motivo: uma brincadeira de um dos humoristas, que colocou D. PEDRO gritando “EU QUERO MOCOTÓ” no quadro "O grito do Ipiranga", fazendo menção à uma música da época considerada de duplo sentido. O Pasquim foi considerado a Lei Áurea da Imprensa. Termina nos anos 90, sendo Homenageado por uma escola de samba. Acabou como começou, fazendo HUMOR.
O EX na história do jornalismo brasileiro
Surgiu em novembro de 1973, no bairro boêmio do Bexiga, em São Paulo, numa
época em que a imprensa estava mais distante do povo. Ex representava uma "imprensa viva", que questiona, que duvida, que enfrenta, vasculha, alerta, depõe, derruba.
Depois de 24 meses de vida, era fechado a mando do Ministro da Justiça, Armando Falcão. A publicação da morte do jornalista e diretor da TV Cultura, Vladimir Herzog, era o motivo. Novamente a censura fechava mais um jornal.

É fato histórico, em regime ditatorial, uma das primeiras providências do governo é tomar o controle total dos meios de comunicação. Por quê? Porque a imprensa pode alcançar um número incalculável de pessoas e mostrar os fatos que deveriam ser ignorados pela população. Ao contrário do que se pode pensar sobre a mídia alternativa, eles não queriam a extinção dos grandes jornais e emissoras, pois suas matérias eram pautadas nas matérias da mídia burguesa. A grande diferença eram os pontos de vista mostrados, a objeção e o questionamento eram a matéria prima dos jornais alternativos.
As grandes polêmicas, as tendências culturais e as artísticas, além das críticas e denúncias não eram encontrados nos jornais da imprensa burguesa, mas nas páginas da imprensa alternativa. Em uma interpretação plausível: foi o caminho, ou melhor, o meio mais consistente de voltar à democracia.

A imprensa alternativa, além de não ter se calado diante da censura, encontrava soluções inteligentes para cada dificuldade imposta. Torna-se importante conhecer nossa história porque só assim podemos entender a trajetória do jornalismo brasileiro e suas alternativas para fazer valer as mudanças no país.

Ricardo Kotsho: o repórter deve mostrar o Brasil real

Ricardo Kotscho, um dos maiores repórteres do Brasil, ex-assessor de imprensa do presidente Lula, completou 60 anos, 40 deles vividos para o jornalismo. Escreveu sobre as tensões de Serra Pelada e sobre os conflitos de terra no Araguaia. Repórter de vários veículos: Estado de S.Paulo, Época, Folha de S.Paulo, IstoÉ, TV Globo, Jornal do Brasil. Vencedor de prêmios Esso de Reportagem e Vladimir Herzog.
Foi acompanhado da netinha que encontrei Kostcho na entrada do TUCA para mais uma homenagem ao amigo morto covardemente há 30 anos. É, sem dúvida, a mais clara demonstração de que a ideologia e a amizade falam mais alto para Ricardo Kotscho.

No governo, como assessor do presidente, ganhava três vezes menos do que recebia na Folha, onde trabalhava antes de ir para o planalto. Amigo do ex-sindicalista desde a campanha eleitoral para a presidência em 1989, quando foi seu assessor pela primeira vez, em 2005, Kostcho deixa o governo chateado. Não imaginava que a corrupção e escândalos seguidos voltaria com tamanha dimensão.

A esperança e o lado bom de um Brasil triste pela impunidade são exaltados em seu livro Cartas do Brasil, com crônicas sobre o país que derrubou o presidente Collor. Mas não perde a esperança.

Ricardo, não tem como começar esse bate papo sem tocar no momento que você ficou em Brasilia. Como foi a experiência na Secretaria de Imprensa e Divulgação da Presidência da República?
Para mim foi uma experiência muito dolorosa e sofrida, pois nunca pensei em fazer isso na vida e, ao mesmo tempo, foi muito gratificante, porque aprendi muito, convivi com muita gente e conheci o poder por dentro. Mas não é uma coisa que eu recomende a nenhum amigo fazer, porque você trabalha muito, apanha muito, ganha mal e nunca consegue atender aos interesses do governo e da imprensa ao mesmo tempo. Eu costumava brincar e dizer que eu só tinha dois problemas em Brasília: o governo e a imprensa.

Por que você saiu do cargo?
Eu ia ficar só um ano em Brasília. Eu tinha combinado isso, porque fui sozinho, minha família não estava lá. Então, tive que ficar mais um ano, o ano de 2004 e, desde o começo, estava acertado que ia embora no fim do ano.
No período que estava lá, você soube de algum esquema de corrupção?
Eu fiquei sabendo de muitas coisas, não na dimensão das que estão acontecendo hoje. A minha função era não só divulgar informações do governo para a imprensa, mas também trazer informações que eu tinha como jornalista, que, muitas vezes, eram transmitidas pelos próprios colegas jornalistas. Mas coisas menores, de funcionários, que eu passava para o governo investigar.

No livro Cartas do Brasil, você faz duras críticas ao formato de jornalismo atual. O jornalista virou um "mero preenchedor de formulários, um lavrador de boletins de ocorrência"?
Essa é a regra, mas há exceções, como em tudo. Em cada redação, você encontra gente disposta a brigar para fazer uma matéria, uma reportagem, viajar, sonhar, insistir... De uma forma geral, acho que as pessoas estão muito acomodadas, estão muito burocráticas, falta tesão. E o grande lance da imprensa de hoje é a denúncia. Qualquer coisa é papel, qualquer dossiê, qualquer fita. Eu nunca fui disso. Sempre gostei de sair com um fotógrafo, um motorista e ir atrás...

Vamos falar da sua indicação para mais um Prêmio Vladimir Herzog. De todos os prêmios Vladimir Herzog, qual você considera o mais marcante?
Eu ganhei duas vezes, mas não lembro das matérias, por incrível que pareça! (risos)

Durante sua carreira já chegou a sofrer ameaças de morte? Como você reage nesses casos?
Ameça de morte, tortura, graças a Deus escapei! Apesar de eu ter sido de uma geração onde muitos sofreram com isso.Eu era amigo do Herzog, mas sempre fui muito medroso, o que foi bom, porque sempre procurava ficar longe quando havia conflito com a tropa de choque, com aqueles helicópteros do exército... Então sempre que acontecia isso, eu ia para um bar tomar cerveja e depois procurava saber o que tinha acontecido.Cheguei a receber recados de ameaça quando fiz duas reportagens, uma sobre as mordomias na época do regime militar referente aos privilégios do militares e outra onde denunciei a morte de Manoel Fiel Filho, um operário assassinado na prisão, do mesmo jeito que o Vladimir Herzog, só que eles abafaram, esconderam o corpo e eu consegui levar essa história à mídia. Então, os militares ficaram nervosos comigo.

Então você chegou a ser exilado?
Não, não fui exilado. Recebi alguns avisos e por isso resolvi passar um tempo na Alemanha, fiquei dois anos por lá.

O que você tem a dizer para centenas de milhares de jovens que estão sonhando em trilhar uma carreira jornalística, hoje. O que você aconselha?
Eu procuro contar histórias boas, que também existem. Tempos atrás, fui para Mossoró, no interior do Rio Grande do Norte, que já conhecia, mas não sabia de uma história de lá, os xeiques do sertão. A Petrobras faz exploração de petróleo em terra entre Natal e Mossoró e gente pobre está ganhando dinheiro, porque lá foi encontrado petróleo. Os filhos dessas pessoas estão podendo estudar em faculdades, coisa em que nunca pensaram. E eu imagino: se fiquei sabendo disso numa tarde que passei por lá, quantas outras histórias como essa existem? O pessoal mais novo deveria ir atrás disso. Sair das capitais, sair dos grandes centros, da política de Brasília e mostrar o Brasil real, que foi o que eu procurei fazer a vida inteira.
Suellen Pinheiro

Revelando São Paulo ou Revelando o Brás

Percorrendo as ruas do bairro do Brás, não precisamos ir muito longe para ver os acontecimentos que envolvem a comunidade. Em um mundo repleto de vaidades, egos e ilusões, encontrar a prática do bem é quase que incomum, mas ainda sim pessoas de boa índole e com o espírito mais instruído se dispõem a praticá-lo.

É dessa forma que a Festa em homenagem ao dia das crianças acontece na Rua Caetano Pinto em frente à igreja de Nossa Senhora de Casaluce, organizada pela cabeleireira do bairro, Valdeni Francisca do Nascimento, mais conhecida como Deni. É ela quem arrecada o dinheiro e as doações que as empresas disponibilizam para realizar a festa. Entre as empresas e instituições que participam podemos citar a Rochester, Martins Peres, Pastifício Méro, Mac Pizza, CUT, entre outras.

Michel Sedan, antigo professor da academia Gigantes do Ringue, foi quem desenvolveu a idéia de comemorar o dia das crianças com uma festa beneficente. A partir de então, mesmo mudando-se do bairro, a festa continuou sob a coordenação de Deni.

O dia 12 de outubro conta com cerca de 800 crianças, de 0 a 14 anos, das 10 às 15h, mas as inscrições são feitas duas semanas antes no salão Arte e Beleza. Durante a festa são distribuídos cachorro quente, refrigerante, sorvete, algodão doce, brinquedos e as crianças participam de gincanas, esculturas em balões, entre outras atividades. Deni emocionada, mal consegue expressar a sensação que sente ao ajudar no evento: “Durante as inscrições, já têm mãe com criança no colo às 7 h da manhã me esperando na porta do salão para fazer a inscrição e poder participar da festa, só vendo para entender. Um sorriso de uma criança carente nos recompensa, e assim compartilhamos esse presente junto com elas no dia 12”.

Quem estiver interessado em colaborar e participar do evento, entre em contato com Valdeni Francisca do Nascimento no Salão Arte e Beleza na Rua Caetano Pinto, 489. É só seguir o mandamento de Deni: "Deixai que venham a mim as criancinhas e não as impeçais, porquanto o reino dos céus é para os que se lhes assemelham. - Digo-vos, em verdade, que aquele que não receber o reino de Deus como uma criança, nele não entrará (S. MARCOS, cap. X, vv. 13 a 16.)

Entregue-se ao Museu Paulista

Havia anos que precisava voltar ao Museu do Ipiranga - pelo menos era assim que todos o chamavam - para relembrar algumas e aprender outras coisas da nossa história. Atualmente o belo espaço leva um nome menos pomposo - Museu Paulista. Tenho certeza que milhões de brasileiros discordam. Particularmente acho que o museu pertence a todos nós, e não somente aos paulistas. Mas isso é assunto para outra matéria.

Em 1884 é contratado, como arquiteto, o engenheiro italiano Tommaso Gaudenzio Bezzi, que, no ano anterior, havia apresentado o projeto de um monumento-edifício para celebrar a Independência. O estilo arquitetônico adotado, o eclético, havia muito estava em curso na Europa e viria marcar, a partir do final do século XIX, a transformação arquitetônica de São Paulo. Valendo-se de uma das principais características do ecletismo Bezzi utilizou, de forma simplificada, o modelo de palácio renascentista para projetar o monumento.

O lindo jardim com palmeiras centenárias recepciona o visitante e convida para boas fotos. Os primeiros jardins em torno do edifício, formados entre 1908 e 1909, foram projetados pelo paisagista belga Arsenius Puttemans e reproduzem concepções paisagísticas inspiradas nos jardins barrocos franceses, como os de Versailles. Em 1922, esses jardins foram ampliados em 1500 m2, passando a atingir o início da Av. D.Pedro I e na década de 30, sofreram novas intervenções, com o rebaixamento da área em frente à fachada principal.

O rio que cortava a cidade hoje não passa de um corrego poluído e fétido. Uma pena, porque o lugar foi levantado bem onde, acredita-se, que foi dado o Grito do Ipiranga. Na verdade, naquela época, o Ipiranga era uma região pouco habitada, bem longe da cidade, onde se fazia um último pernoite antes de chegar a São Paulo, vindo de Santos. Não passava de um descampado, e nem de longe se parecia com o que vemos no famoso quadro de Pedro Américo, muito famoso, que está lá no museu inclusive. Quem vê a obra pela primeira vez fica impressionado pelo tamanho - 10 metros de largura e ocupa a maior parte da parede que foi feita exclusivamente para ele. Outras imagens podem ser observadas. Fotos originais do Militão e de Santos Dumond dão ideia da sociedade no final do século XIX.

Logo na entrada e fazendo a festa da criançada, carros de bombeiros da década de 1880, ferros de passar de todas as épocas, banheiras e, claro, o momento sombrio de nossa história. Carruagem que eram movidas à força de escravos também fazem parte do acervo. Para você que ficou com vontade de conhecer um pouco mais da nossa história, vale a pena convidar os amigos, namorada ou namorado e equipado de máquina fotográfica, fazer essa visita pra lá de educativa.
A entrada é de R$ 2,00 e alunos da USP não pagam. E nos terceiros finais de semana do mês é GRÁTIS. Isso para o museu, pois o parque é aberto. Então não tem desculpas!
Suellen

Presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo fala sobre a necessidade de participação da categoria



Nascido em 1961 em Nossa Senhora do Socorro, no interior de São Paulo, em uma família multicultural, portuguesa, italiana e espanhola, José Augusto de Camargo, o Guto, acompanha o Sindicato há mais de 25 anos, sendo seu diretor por várias vezes, participando de assembléias, dos movimentos e atualmente ocupa a sua presidência e a tribuna no Prêmio Vladmir Herzog.

Qual a iniciativa do prêmio Vladmir Herzog e porque ele foi criado?
O Prêmio foi criado com o objetivo de incentivar o jornalista. Algumas décadas atrás o mídia ainda sofria com a censura. Queríamos impulsionar e dar visibilidade a questões como a dos direitos humanos.

E porque a decisão do Prêmio se chamar Vladmir Herzog?
Dar o nome do Vlado ao Prêmio foi uma homenagem, pois ele se tornou um símbolo da luta democrática da época.

Como é a atuação do Sindicato, atualmente?
Nós tivemos as eleições no ano passado e teve um grande significado, uma participação numérica elevada, mas do ponto de vista da participação política, o que não é um problema exclusivamente do sindicato dos jornalistas, ela diminuiu bastante.


Luciano Oliveira

São Paulo: um coração pulsando tradições

A Paróquia Nossa Senhora di Casaluce abre o calendário das Festas Italianas em São Paulo, e em clima de Tarantela conferimos de perto a 108º Festa di Casaluce.

Ao passarmos pela Rua Caetano Pinto, no bairro do Brás, se torna quase impossível imaginarmos que aquela rua repleta de fábricas e empresas, à noite vira uma festa. Ali impera a alegria com direito a barracas, comidas típicas, e shows ao som de Tarantela.

Ás 20h do dia 25 de maio, no meio da Caetano Pinto, na Festa di Casaluce, entre molhos, pizzas, sardellas, envolvidos na alegria contagiante em que as mamas e os colaboradores da festa nos recebiam, iniciamos a reportagem.

Logo começamos a fazer algumas fotos. Eram poses de todos os lados, dava vontade de beijar aquelas italianas, aquelas pessoas que trabalham de graça e com um ar de dever cumprido para a comunidade de Casaluce. Talvez esse seja um segredo entre amador e profissional, nem todos os profissionais exercem sua função por amor, alguns visam somente o dinheiro, enquanto o amador realiza seu gesto acima de tudo por amor, não têm nexo se fazer o que não gosta de graça!

Em uma festa típica italiana, encontramos um público do mais diversificado, em São Paulo um coração pulsando tradições. São italianos, nordestinos, brasileiros, brancos, negros, asiáticos que fazem parte desse momento, um patrimônio cultural vivo no coração da cidade.

Em meio a uma conversa descontraída com o Padre Antonio Fusari, que veio da Itália aos 27 anos, ele nos contou que na década de 1970, em apenas sete meses, restaurou a pequena igreja de Nossa Senhora di Casaluce e permaneceu na Paróquia durante 22 anos. Todo esse tempo dedicou sua vida a Comunidade do Brás.

Atualmente é responsável por outra Paróquia, na Vila Mariana, mas no seu olhar e espírito de menino deixa implícito o amor que têm pela Comunidade de Casaluce.“O sucesso de minha permanência em Casaluce foi começar com gestos humanitários, eu atendia às famílias e ajudava fornecendo alimentos, enfrentava aquelas grandes enchentes da época para levar um pouco de consolo, fazia o percurso de ônibus, nunca fiz questão de ter um carro para não escandalizar o povo. Todo dinheiro arrecadado nas festas de Casaluce eram revertidos em benefício à Comunidade”.

Hoje, a festa italiana mais antiga de São Paulo, com mais de um centenário de vida, vêm enfrentado sérios problemas, devido a inúmeros fatores. Não sobra dinheiro nem para terminar as obras da Paróquia, já faz três anos que as obras estão paradas.

Luciana Andreozzi de 29 anos, fisioterapeuta, ex-moradora do Brás e freqüentadora assídua das festas de Casaluce também fez questão de manifestar sua opinião e questiona: “Como pode a festa italiana mais antiga, que abre o calendário de São Paulo, estar dessa forma tão precária? Antes, nosso palco era na rua e a alegria era outra. Não sei, mas me parece que falta uma boa administração”.

Muitos que freqüentam a festa não sabem que, além dessa comemoração, existe muito trabalho. Um deles, realizado mensalmente pela pequena igreja de Casaluce, é a Pastoral da Criança. Aproximadamente 90 crianças subnutridas recebem tratamento gratuito.

Não poderíamos ir embora sem provar aquelas delícias. Depois do trabalho, o vinho quente abriu nosso cardápio, em seguida uma boa pizza, antepasto, fogazza... tudo muito bom, ao som da música italiana. E, por falar em som... que show! Quem disse que Padre não canta? Imaginem vocês que o padre que entrevistamos estava lá, no meio do palco, cantando, dançando, fazendo a festa literalmente. Não tínhamos como ficar de fora. Termino aqui, porque o resto foi pura curtição! Até mais e um grande abraço.

Inauguração do museu do futebol no Pacaembu

A exposição "As marcas do Rei", em homenagem a Pelé, marcará a inauguração do Museu do Futebol, no dia 29 de setembro, no estádio do Pacaembu, em São Paulo.
A exposição é composta por peças do acervo pessoal do atleta do século e faz referência aos 50 anos do primeiro título mundial do Brasil, em que Pelé participou quando tinha apenas 17 anos.
Há também uma caixa de engraxate que Edson Arantes do Nascimento ganhou seu primeiro salário, além do rádio que seu pai, o falecido ex-jogador Dondinho, escutou a transmissão da derrota do Brasil para o Uruguai na final da Copa de 1950.
O Museu do Futebol se localiza no estádio do Pacaembu e contou com o investimento de R$ 32 milhões, feito pela iniciativa privada e pelos governos estadual e municipal.




Fernanda Rosa

Entrevista no 30º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos.

No dia 27 de outubro de 2008, segunda- feira aconteceu no TUCA ( Teatro da PUC em São Paulo) a entrega do 30º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos.
O evento contou com muitas personalidades do jornalismo e da política brasileira em defesa dos direitos humanos.

Neste ano, o prêmio contou com um tempero a mais. Ele ocorreu no marco do 60º Aniversário de instituição da Declaração dos Direitos Humanos. Jornalistas importantes foram premiados nesta noite, dentre eles Renan de Carvalho Gouvêa, estudante de jornalismo da UNAERP de Ribeirão Preto, que ganhou o 4º Prêmio Vladimir Herzog de Novos Taletos com a sua matéria “Bairro Lixão – Esquecido pela justiça” no Jornal do Ônibus.

Eu estava meio preocupada com a entrevista meio que com medo, mais depois que comecei a entrevista, ai tudo passou e mudou. Eu adorei fazer a entrevista, aconteceu super bem e se dependesse de mim eu ficaria horas falando sobre o trabalho dele que é a comunicação comunitária na qual eu também sempre foi muito interessada.
Segue a entrevista com o Renan de Carvalho Gouvêa

Agência Cidadão- Renan qual a importância que esse prêmio tem na sua vida?
Renan de Carvalho Gouvêa- Eu não esperava que a minha matéria tivesse esse reconhecimento,conquistar esse prêmio é mais do que gratificante e importante para minha carreira, pois meus pais não puderam estudar e se esforçam muito para que eu possa. Então, é uma questão de agradecimento a eles por tudo que fazem por mim.

AC-Conte-nos um pouco sobre o seu trabalho.

R.C.G.- Eu trabalho como repórter de um projeto A Cidade No Bairro, fico quatro horas por dia percorrendo um bairro de Ribeirão Preto por semana,descobrindo a vida da comunidade para depois reportar no A Cidade No Bairro, simplificando, A comunidade fala, A Cidade publica e o bairro melhora. Também trabalho na radio USP de ribeirão com o Programa FEA Comunidade aonde discutimos com representantes de comunidades da região sobre problemas e assuntos que envolvem o dia a dia das pessoas. E também faço o levantamento da agenda cultura e esportiva do campus USP-Ribeirão Preto para publicar no Jornal USP Ribeirão.”


AC-Você pretende continuar trabalhando com o jornalismo comunitário durante toda a sua carreira?

RCG-Não, eu gosto de ajudar pessoas nas quais se encontram em dificuldade, gosto de denunciar fico muito gratificado ao saber que as pessoas tiveram mudanças para melhor em suas vidas graças a minha ajuda, mas o que eu pretendo mesmo é trabalhar com jornalismo cientifico, eu sempre sonhei em ser jornalista cientifico.
Colaboração:
Talita Carvalho Dario

Estudante de jornalismo premiado por Novos Talentos ensina ética

Na segunda-feira dia 27 de outubro de 2008 foi realizado o 30º Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos. Este ano o prêmio teve um significado especial porque aconteceu no marco do 60º aniversário de instituição da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Muitas personalidades da comunicação nacional receberam o premio e menções honrosas dentre elas o meu entrevistado Renan de Carvalho Gouvêa, UNAERP, de Ribeirão Preto que foi o ganhador do 4º Premio Vladimir Herzog de Novos Talentos com o trabalho “Bairro Lixão – esquecido pela justiça”, do Jornal do Ônibus.

No início da entrevista, eu estava meio apreensivo, com um frio na barriga mais depois que começamos a entrevista eu não queria acabar, aquela curiosidade, aquela vontade saber, uma sensação inexplicável e o entrevistado foi muito atencioso até porque ele era um estudante como eu,e foi muito legal a entrevista caminhou muito bem.


Segue a entrevista na integra com o Renan de Carvalho Gouvêa



Repórter

- Renan qual a importância que esse prêmio tem na sua vida?

Renan de Carvalho

“eu não esperava que a minha matéria tivesse esse reconhecimento,conquistar esse prêmio é mais do que gratificante e importante para minha carreira, pois meus pais não puderam estudar e se esforçam muito para que eu possa. Então, é uma questão de agradecimento a eles por tudo que fazem por mim.”


Repórter

-Conte-nos um pouco sobre o seu trabalho.


Renan de Carvalho

“Eu trabalho como repórter de um projeto A Cidade No Bairro, fico quatro horas por dia percorrendo um bairro de Ribeirão Preto por semana,descobrindo a vida da comunidade para depois reportar no A Cidade No Bairro, simplificando, A comunidade fala, A Cidade publica e o bairro melhora. Também trabalho na radio USP de ribeirão com o Programa FEA Comunidade aonde discutimos com representantes de comunidades da região sobre problemas e assuntos que envolvem o dia a dia das pessoas. E também faço o levantamento da agenda cultura e esportiva do campus USP-Ribeirão Preto para publicar no Jornal USP Ribeirão.”


Repórter
-Você pretende continuar trabalhando com o jornalismo comunitário durante toda a sua carreira?


Renan de Carvalho
“Não, eu gosto de ajudar pessoas nas quais se encontram em dificuldade, gosto de denunciar fico muito gratificado ao saber que as pessoas tiveram mudanças para melhor em suas vidas graças a minha ajuda, mas o que eu pretendo mesmo é trabalhar com jornalismo cientifico, eu sempre sonhei em ser jornalista Cientifico.”


Repórter
-Renan muito obrigado pela atenção e parabéns pelo prêmio.


Renan de Carvalho
“Muito obrigado a vocês e boa noite.”



Postado Por:
Nome: André Valerio
RGM:13399-0

Ao ritmo da ditadura

Os músicos brasileiros, na época da ditadura, tentavam expressar o que sentiam através da letra de suas músicas. Não havia liberdade de expressão e, por isso, as canções populares brasileiras eram censuradas e os cantores mais ousados sofriam perseguição, eram exilados, torturados e até mortos.

A ditadura militar está ligada ao período da política brasileira em que os militares, através de um golpe de Estado, governaram o Brasil. Esta época vai de 1964 a 1985 e caracterizou-se pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura, perseguição política e repressão aos que eram contra o regime imposto. Os compositores da música popular brasileira, insatisfeitos com a repressão dos militares, disseminaram suas críticas por meio de letras que tiveram um papel marcante nesta fase.

Em 1968, os estudantes de esquerda ainda eram os piores inimigos da ditadura militar, e passaram a se comunicar com a população por meio da MPB, que atingia grandes massas e ousava a falar o que a maioria não se atrevia. Mas, para censurar essa comunicação musical com o povo, foi implantado o AI-5 pelo Presidente Costa e Silva, um ato institucional que causou a perda de muitas canções e chegou a alterar versos considerados, ironicamente, “subversivos”. Para censurar as músicas foi criado pelo governo a “Divisão de Censura de Diversões Públicas”. As canções, antes de serem lançadas ao público, deveriam passar por esse setor, e cabia a ele aprovar ou não sua divulgação. Não havia um roteiro a ser seguido e a DCDP não aprovava as músicas, muitas vezes, por motivos políticos, ou simplesmente porque não entendia o que o compositor dizia, ou queria dizer.


O principal inimigo do regime militar foi Geraldo Vandré, compositor que ficou polêmico com seu segundo lugar no FIC (Festival Internacional da Canção) com a música que se tornou um verdadeiro hino contra a ditadura militar, a canção “Para não dizer que não falei das flores”, que versava: "Caminhando e cantando e seguindo a canção...". Mas foi no Maracanãzinho que Geraldo Vandré impressionou o povo e consolidou seu hino por liberdade de expressão, pois foi nesta oportunidade que Vandré executou a música, acompanhado somente por seu violão, sem nenhum outro instrumento, mas com as vozes do público presente. Em 1969, ele foi exilado e depois disso nunca mais conseguiu recuperar sua carreira.

Chico Buarque de Hollanda foi o cantor e compositor mais censurado em suas canções de protesto e nas que feriram os costumes morais da época. Na música “Apesar de você”, por exemplo, foi aprovada e fez muito sucesso, porém após o comentário de um jornal de que esta se referia ao então presidente Médici, Chico sofreu todas as repressões possíveis. Para não ser mais banido em seu repertório, ele passou então a utilizar-se de pseudônimos.

Hoje você é quem manda


Falou, tá falado


Não tem discussão


A minha gente hoje anda


Falando de lado


E olhando pro chão, viu


Você que inventou esse estado


E inventou de inventar


Toda a escuridãoVocê que inventou o pecado


Esqueceu-se de inventarO perdão”

Muitos outros artistas foram censurados: Caetano Veloso, Milton Nascimento, Maria Betânia, Ney Matogrosso, Gal Costa, Gonzaguinha, Raul Seixas. Para se ter idéia, até mesmo Mário de Andrade foi vetado por pura ignorância cega da censura.

A ditadura militar foi um forte golpe sobre a música brasileira. Os artistas perderam sua liberdade de expressão diante de inúmeras violências executadas pelo governo militar, mas conseguiram driblar a censura e protestar contra este período. Foi uma época marcante, pois a repressão e o poder dos militares não caia somente sobre os músicos e artistas, de forma geral, mas também sobre toda a comunicação no Brasil: jornais, revistas, emissoras de televisão, etc. Pode-se dizer que não existia o direito de manifestar opiniões, idéias e pensamentos livremente, mas este período também serviu para que conhecêssemos a força do movimento jovem, da arte, da música.

Rede Globo - "Muito além do Cidadão Kane"

Programa Flávio Cavalcanti na Mofo Tv