domingo, 7 de dezembro de 2008

Viola que chora...

A música caipira, com a “cara” do Brasil, encerra em si sentimentos tristes e alegres, buscando expressões do mais simples e ingênuo até a malicia e irreverência do homem do campo que, com respeito busca suas origens e explode trazendo o dia-a-dia. Em momentos suas histórias cantadas nos fazem lembrar do teatro trágico grego ou ainda shakesperiano, onde desencontros amorosos, por exemplo, terminam em tragédia.
A viola tocada com emoção, muitas vezes sem técnica ou tecnologia, é o canto emocionado do homem da terra que dela tira seu sustento e sua força, sua nostalgia, inquietude e expressões que revelam a imensidão de sua alma.
É no ponteado que se refletem as batidas de seu coração e registram sua espontaneidade de alma pura e simples de homem, que usa seus sentimentos como bússola para orientar seus hábitos, costumes e colheitas.
Os versos cadenciados em oito silabas, rimando linhas pares, fizeram clássicos da música caipira e chegaram aqui nas primeiras caravelas, passando pela mestiçagem dos indígenas e africanos, ajudando a criar formas peculiares de cantos e danças, como o catira, o qual juntou-se o pagode, ritmo mais recente criado pelo saudoso Tião Carreiro, e a moda de viola - fábula novelesca de uma literatura musicada que traz histórias de irmãos, amigos, amantes, crenças e descrenças e, especialmente, amores/desamores; venturas e desventuras de seres buscando serem felizes que, valorizam cada objeto, animal, cultura...
A moda caipira pode ser considerada “branca”, afinal mistura pensamentos, cultura e afetos de costumes e sentimentos do sertão.

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