quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Memorial da Imigração revelando São Paulo: caras novas, novos vizinhos...

Andar pelo Museu da Imigração é percorrer dias sombrios e de esperança no passado de inúmeras famílias estrangeiras. Fugindo da segunda guerra mundial que assolava a Europa, milhares de refugiados procuravam o Brasil para um recomeço. São Paulo foi a cidade que mais abraçou essas pessoas batalhadoras, que buscavam somente uma oportunidade de um futuro melhor.
Uma história de perdas, sofrimento e lágrimas ficou no passado para milhares de pessoas que desembarcavam no porto de Santos (80km de São Paulo). Enfrentavam horas em uma locomotiva a vapor para chegar a capital paulista, mais precisamente na Hospedaria de Imigrante no bairro do Brás.
Em 6 de Abril de 1998, foi criado o Memorial do Imigrante, uma homenagem a todos os homens, mulheres, idosos e crianças que, dotados de muita esperança, determinação e trabalho transformaram e fizeram história em nosso país. O Memorial é composto pelo Museu da Imigração (que foi criado em 1993 e ocupa parte da antiga Hospedaria de Imigrantes), pelo Centro de Pesquisa e Documentação, pelo Núcleo Histórico dos Transportes e pelo Núcleo de Estudos e Tradições. Finalmente, em 1998, foi criada a Associação de Amigos do Memorial do Imigrante, uma entidade civil sem fins lucrativos, encarregada de organizar as atividades, eventos e exposições do local.
Pelo Museu do Imigrante passam visitantes da capital, de outras cidades e do mundo, que mal conseguem segurar a emoção de ver nomes de seus familiares no livro de desembarque. E olha que não é fácil encontrar um nome conhecido... é o momento mais emocionante, pois se encontra o começo da história de muitas famílias.
A Associação de Amigos do Memorial do Imigrante tem o objetivo de captar os recursos necessários para a montagem e desenvolvimento de exposições, além de ser responsável por conservar os objetos do Memorial. Uma associação voluntária, em que seus associados são os ajudantes e colaboradores. Segundo Elias Alves de Araújo, um dos responsáveis pela entidade, qualquer pessoa pode ser um associado e hoje conta com 250 colaboradores.
Para ser um associado, deve-se preencher uma ficha com dados pessoais, adquirida no próprio museu, e, depois, é preciso seguir as normas estabelecidas e contribuir anualmente com R$60,00 ou semestralmente com R$30,00.
Silmara Novo, assistente cultural do Museu, afirma que é possível ser um associado e voluntário ao mesmo tempo. Isto é, se quiser, também poderá, além de desfrutar das vantagens de ser um associado, ajudar na organização de palestras, eventos e exposições e prestar outros serviços para o museu, como monitoria, por exemplo.
A maioria dos visitantes ao Memorial do Imigrante,60%, é composta por estudantes levados pelas escolas. As locomotivas a vapor como a Baldwin de 1927 e a Baldwin de 1922 encantam a meninada que faz uma festa com os apitos das Maria Fumaças.
Além desse atrativo, o local conta com um acervo enorme de fotografias e gravações em vídeo de depoimentos de imigrantes, uma biblioteca composta de muitos livros sobre imigração, jardins, centenas de objetos usados pelos imigrantes, diversas salas de exposições permanentes e temporárias, organizadas com objetos emprestados por descendentes de europeus que procuram contribuir com a história do país. As pessoas que quiserem fazer uma doação, devem manter um contato para uma avaliação avaliarem do material. Muitos objetos são oferecidos, mas nem todos podem ser exibidos ao mesmo tempo. E é por isso que é feito um “rodízio dos objetos expostos”, fazendo assim com que o Memorial conte com variados tipos de materiais.
Dentre as atividades desenvolvidas pelo Museu, houve a exposição de automóveis antigos usados no combate ao fogo, juntamente com o Clube do Fordinho e o Corpo de Bombeiros da Polícia, sendo visitada por pessoas de diferentes faixas etárias.
Atualmente, a associação, em parceria com a Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, está desenvolvendo o projeto Trem Azul. Elias Alves, um dos mais antigos colaboradores do museu, afirma que esse é um projeto que visa restaurar uma composição de trens da antiga companhia paulista de trens. As duas associações pretendem arrecadar os recursos necessários para acelerar esse processo de composição, já que neste ano se comemora os 150 anos da ferrovia no Brasil.Visitar o museu é rever a história e conhecer novas caras de um Brasil tão enigmático. Como um dia cantou a banda Pholhas: “Caras novas, novos vizinhos /É tão bom saber que vai recomeçar / Vida nova, novos caminhos/Cantando eles vão plantando a terra”
O Memorial da Imigração fica na Rua Visconde de Parnaíba, 1316, Brás
Funciona de terça a domingo, das 10 h às 17 h.
Os ingressos para adultos são R$ 4,00, R$ 2,00 para estudantes dos ensinos fundamental, médio e superior, e gratuitos para crianças menores de sete anos e idosos com mais de 60 anos. O local possui acesso a deficientes,estacionamento e lanchonete inclusive aos domingos. Informações -Telefones: (011) 6692-9218

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