quinta-feira, 4 de junho de 2009

"Emprego já!" foi o lema do 1º de maio na Sé




Fim das demissões e direito à moradia foram os principais alvos da manifestação, que reuniu entre 1,5 e 2 mil pessoas.

“Emprego já!”, gritava o público presente na Praça da Sé, composto principalmente por operários e sindicalistas. No palanque, representantes da esquerda analisavam a crise. “A onda de demissões gerou um efeito perverso da crise, com ex- assalariados juntando-se aos desempregados”, (conferir) discursou o deputado Federal Ivan Valente, do PSOL, Partido fundado por dissidentes do PT e hoje um partido de oposição ao governo.

Na manifestação da Sé, não haviam artistas ou famosos, como nos shows da CUT e da Força Sindical. Questionado sobre um possível racha ou disputa das Centrais Sindicais, Ivan Valente esquivou-se: “ Imagina, este é um momento histórico, com mobilizações em outros locais com as mesmas reivindicações- pode apurar, estamos unidos nessa luta contra a crise”, disse. Não foi, porém, o que discursou no palco o dirigente conhecido como Mancha, Luis Carlos Prates (verificar), da Central Conlutas; “Os outros 1ºs de Maio da cidade estão sendo bancados por quem está demitindo.”

Havia duas centrais sindicais, a Intersindical e a Conlutas, com mais de duas dezenas de sindicatos, associações e movimentos sociais reunidos na praça. A manifestação que teve início às 10 h, e se estendeu até as 15 h reuniu cerca 2 mil pessoas, mas foi estimada por alguns dirigentes com mais de 3 mil pessoas. Apesar da animação e engajamento, via-se vários espaços livres na praça e, em alguns locais, podia-se caminhar sem esbarrar nas pessoas. Sem registro oficial de incidentes. ]


O colorido das bandeiras estava por toda a praça, com a predominância do vermelho, cor normalmente usada pelos movimentos sociais e partidos de esquerda, como PSTU e PSOL, pelas centrais Conlutas e Intersindical, organizadoras da manifestação junto com as Pastorais Sociais, e Federação Operária. Mas também via-se bandeiras amarelas, como as da UNEAFRO e várias outras cores e causas, que iam de movimentos contrários à construção do Rodoanel em Ribeirão Pires, ao movimento LGBT e grupo de mulheres lésbicas do Brasil. Estavam nas bandeiras, também, o vermelho do PC do B, partido que integra o governo, e bandeiras pela reestatização de EMBRAER, pedido de CPI da dívida externa Brasileira e contra o preconceito Racial. A manifestação do LER, a Liga Estrategista Revolucionária, que pregava a redução da jornada para 30 horas semanais, era itinerante e ficou rondando a praça, como uma “mini- passeata”, que juntou de 80 a 100 pessoas.

Na Praça da Sé, os trabalhadores de Chicago foram homenageados pela origem da data, e outros “mártires”, como Frei Tito que enfrentou a ditadura. A animação ficou basicamente pelo público presente no evento, com palavras de ordem em ritmo de frevo e coreografias. Personagens solitários dançavam com animação. Outros faziam manifestações inusitadas, como a ex-auxiliar de escritório Lilia Almeida, de 28 anos, que reivindicava emprego com uma carteira de trabalho de 1 metro nas mãos. Lilia está desempregada há 8 meses e veio de Suzano, na grande São Paulo, para protestar por emprego; “Trabalhei 4 anos em uma indústria farmacêutica e fui “cortada” junto com mais duas secretárias, fui uma das primeiras vítimas da crise,e aqui na capital também tá difícil a situação”, declarou.

O direito à moradia também foi tema recorrente dos discursos e das reivindicações do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Conlutas e outros movimentos (?). “Criar, criar, poder popular”,, puxava em coro Helena Lopes, do MTST, lembrando o lema do governo popular de Allende, no Chile.


Não havia celebridades no local e os rostos conhecidos ficou para a classe política, com presenças do Senador Eduardo Suplicy e o veterano de esquerda Plínio Arruda Sampaio. Os políticos discursaram no palco em uma manifestação classista e alternativa do 1º de Maio, sem destaque na grande mídia. Duras críticas foram disparadas ao governo Lula, acusando de dar dinheiro aos banqueiros, e trair a classe sindical, ao apoiar o capitalismo e de não conter as demissões.


Neste dia do trabalhador, de “Luta e de Luto”, havia de fato muito a se reivindicar, faltou, entretanto, propostas por parte dos manifestantes, para que se tomem medidas contra a atual crise e não afunde nosso barco econômico, que já está no balanço de “marolinhas”.


Repórteres:

Carlos Alberto da Silva

Monica Naomi Oi

Thiago Paixão

Bianca Perez

Rafael Gouvêa

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