Em ano de crise, 1º de Maio unificado leva mais de 500 mil pessoas à Avenida São João
(Evento reúne as centrais sindicais UGT, CTB e NCST à favor dos trabalhadores)
Após a crise econômica mundial, o 1º de Maio deste ano, levou mais de 500 mil pessoas à Avenida São João, em São Paulo, segundo a organização do evento. Em decisão inédita, as centrais sindicais, UGT (União Geral dos Trabalhadores), CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil) e NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores) se uniram e organizaram shows e atos políticos, com direito a homenagens à Ayrton Senna e ao metalúrgico Santo Dias, morto em uma manifestação sindical pelo regime militar em 1979.
União dos Partidos contra a crise mundial
O país frente à crise, a redução da jornada de trabalho, e o desemprego, foram os principais temas tratados nos discurso proferidos entre um show e outro.
O Ministro do Trabalho Carlos Lupi, elogiou o Brasil (um país em desenvolvimento), em comparação com outros países, por manter milhões de dólares em reserva para utilização em emergências financeiras. “O Brasil hoje dá resposta ao mundo, em relação à crise econômica, por manter 200 milhões de dólares em reserva”.
Segundo o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), a Prefeitura precisa se unir aos governos estadual e federal para que sejam encontradas soluções contra o desemprego neste momento de crise. “Temos a necessidade de mostrar e nos integrarmos às políticas públicas para que a gente possa encontrar soluções para a falta de emprego do país”.
Com frases como: “Quem é o responsável por essa crise mundial? É a ambição pelo lucro fácil. É a elite do capitalismo”, o deputado federal Ciro Gomes (PSB) fez seu discurso inflamado contra a crise. De acordo com o parlamentar, todos os trabalhadores devem se unir para superar esse momento e também mostrar suas forças nas associações de moradores e nos grêmios estudantis.
De acordo com o Presidente da UGT, Ricardo Patah, a decisão do Banco Central de baixar 1 ponto percentual do juro bancário foi tímida. “Visto que algumas áreas já estão retomando o próprio ritmo de trabalho, e já no último mês houve um tímido crescimento nas contratações, neste momento, o Banco Central deveria ter diminuído no mínimo 2 pontos”.
O presidente da NCST, José Calixto Ramos, afirma que a luta unificada deste ano é em defesa das conquistas alcançadas para a riqueza do nosso país. A Nova Central tem como objetivo futuro unificar todos os sindicatos, uma vez que todos lutam pelos direitos dos trabalhadores.
Um dos momentos emocionantes da manifestação foi a homenagem prestada à Ayrton Senna, e ao metalúrgico morto num ato sindical em 1979, Santo Dias. Senna foi comparado ao trabalhador brasileiro, pela sua determinação e vontade de vencer. Sua irmã, Viviane Senna, compareceu ao evento e fez um discurso de agradecimento pelo reconhecimento. Dias foi lembrado por meio de uma carta escrita pela sua esposa, em forma de gratidão.
“A parte política não me interessa, quero é ver o show”.
O evento teve início por volta das 11 horas da manhã, porém, desde as 8h, já havia muitas pessoas no local. As amigas Marceli, 18 anos, Laís e Jaqueline, ambas 15, e Daiane, 13, foram ao evento por causa dos artistas e não pelo ato político. Da mesma forma pensa Natália Rocha, 15 anos: “A parte política não me interessa, quero é ver o show”, disse enquanto aguardava a principal atração anunciada, o show da dupla Vitor & Léo.
Já Antônio, 53 anos, atualmente desempregado, sempre participa dos eventos do 1º de Maio, pois acredita que é importante participar de manifestações públicas a favor do trabalhador. O comerciante, Juracy Ferreira, 55 anos, considera a data “um grito de socorro, uma forma de dizermos o que estamos passando e que vamos lutar”. Andreza, 24 anos, profissional do sexo, espera ter reconhecimento público de seus direitos.
Das sacadas dos prédios em torno do palco, várias pessoas assistiam aos discursos e shows. Pelo palco montado na Avenida São João passaram o deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB), o deputado estadual Ciro Gomes (PSB), o vereador de São Paulo Jamil Murad (PCdoB), o vereador Netinho de Paula (PCdoB), os cantores Daniel, Alexandre Pires, Leci Brandão, D’Black, os grupos de samba Revelação, Sorriso Maroto, Doce Encontro, entre outros.
Ato Político não faz a Cabeça do Povo
Apesar da história de luta por trás do 1º de maio, nos últimos anos as centrais sindicais estão mais interessadas em quantidade de público. Apenas uma pequena parcela tinha consciência da importância política da data e estavam lá para reivindicar seus direitos.
O ato político em si durou pouco tempo e não entusiasmou o grande público presente. Alguns representantes dos partidos foram vaiados em seus discursos, enquanto os artistas recebiam uma recepção calorosa.
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